Entre Lamego e Tarouca, no coração do Douro vinhateiro, existe uma rota que é muito mais do que uma simples caminhada. É o Caminho dos Monges.
O percurso revive os passos dos monges cistercienses que, no século XII, se estabeleceram nesta região, deixando um legado que se mantém vivo em igrejas, mosteiros e aldeias que se encontram ao longo do percurso.
Esta rota é uma combinação perfeita de história, natureza, cultura e gastronomia, ideal para quem procura uma experiência profunda e autêntica.
E passa por uma série de marcos históricos, que contam lendas e batalhas, amores e desamores, enfim, um desfiar de “estórias” que não vai querer perder.
Caminho dos Monges: arranque em Lamego
A aventura começa em Lamego, cidade histórica que se ergue entre colinas e vinhedos.
Antes de iniciar a caminhada, vale a pena explorar o Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, obra-prima barroca do século XVIII, cuja escadaria monumental oferece vistas panorâmicas sobre a cidade e o vale do Douro.
A própria cidade convida a passeios tranquilos pelas ruas de pedra, descobrindo praças, capelas e palácios que refletem a riqueza histórica e cultural da região.
Seguindo em direção a Tarouca, o Caminho dos Monges passa por aldeias de charme singular, onde cada pedra parece contar uma história.
A primeira paragem de interesse é em Ucanha, pequena aldeia com a sua famosa ponte e a primeira portagem de que há registo em Portugal.
A aldeia preserva ainda a Capela de São Pedro, um testemunho da religiosidade local e da ligação das comunidades ao caminho monástico. A simplicidade do templo contrasta com a grandiosidade espiritual que nele se respira, criando um ponto de reflexão para os peregrinos modernos.
Mais à frente, a aldeia de Cambres oferece um cenário rural típico do Douro, com casas de granito, pequenas quintas e paisagens dominadas por vinhedos em socalcos.
É neste contacto com a vida quotidiana das aldeias durienses que se sente a autenticidade do caminho: o aroma do pão a sair do forno, o som das águas dos ribeiros e a hospitalidade discreta dos habitantes locais.

Fim de viagem em Tarouca
O percurso culmina em Tarouca, onde se encontram dois dos mais emblemáticos monumentos do Caminho dos Monges.
O Mosteiro de São João de Tarouca, fundado em 1169, é um exemplar notável do românico cisterciense em Portugal. Com o seu claustro sereno e a igreja austera, transporta o visitante para uma época em que a vida monástica ditava o ritmo das comunidades e moldava a paisagem.
Nas proximidades, a Igreja Matriz de Tarouca e outras pequenas capelas complementam a experiência, oferecendo momentos de contemplação e introspeção ao longo do percurso.
Riqueza natural
Além do património histórico, a rota destaca-se pela riqueza natural. Os trilhos serpenteiam entre vinhedos, ribeiros, vales e pequenas manchas de floresta, proporcionando momentos de contemplação e contacto direto com o ambiente.
Para os amantes da fotografia, cada curva revela paisagens dignas de postal, com os socalcos do Douro a desenharem linhas ondulantes sobre o terreno e a refletirem a luz de forma mágica ao amanhecer ou no pôr do sol.
A experiência sensorial prolonga-se pela gastronomia local. Ao longo do percurso, pequenas adegas e restaurantes permitem degustar vinhos do Douro, azeites, queijos e enchidos tradicionais, oferecendo pausas revitalizantes e autênticas.
Para quem deseja prolongar a experiência, há alojamentos em casas rurais e hotéis com charme, ideais para descansar e absorver a serenidade da região.

Caminho dos Monges: ligação ao vinho
O Caminho dos Monges é também uma oportunidade para explorar a cultura local de forma mais interativa.
Visitas a quintas vinícolas, workshops de artesanato tradicional e eventos culturais nas aldeias permitem conhecer a alma do Douro de forma envolvente e participativa.
Cada momento vivido ao longo do caminho transforma a simples caminhada numa experiência completa, que combina movimento, história, sabores e sensações.
Percorrer o Caminho dos Monges é mergulhar numa viagem onde cada passo é um encontro com o passado e com a natureza.
Desde a monumentalidade de Lamego às serenidades de Tarouca, cada aldeia, cada capela e cada vinhedo contribuem para uma narrativa rica e memorável.
É um convite a desacelerar, a contemplar e a sentir o Douro na sua essência mais genuína, numa experiência que se prolonga muito depois de terminado o percurso. Não perca.