Luís Neves
Luís Neves
18 Dez, 2019 - 13:11

Como funcionam as caixas automáticas de dupla embraiagem?

Luís Neves

Não há nada que se compare à rapidez de uma caixa de velocidades de dupla embraiagem na hora de trocar de mudanças. Mas como será isto possível?

seletor de velocidades da bmw

As caixas automáticas de dupla embraiagem oferecem o melhor de dois mundos: o “descanso do pé esquerdo” e uma performance superior às caixas manuais.

PDK na Porsche, DCT na BMW, S Tronic na Audi, DSG na Volkswagen, G-DCT na Mercedes-Benz, EDC na Renault, entre outras. Estas são apenas algumas designações para as caixas de velocidades de dupla embraiagem, uma solução cada vez mais comum nos automóveis, quer como equipamento de série quer como opcional.

Aliás, em alguns casos – veja-se a Porsche ou a BMW -, é equipamento de série em praticamente todos os modelos. A razão do seu sucesso? Simples: a rapidez de funcionamento e a comodidade da sua operação.

O que é e como funcionam as caixas automáticas de dupla embraiagem?

peças de uma caixa de velocidades automática
Componentes da caixa automática de dupla embraiagem DSG do Grupo Volkswagen

Na realidade, uma caixa de dupla embraiagem é uma automatização em termos de controlo e acionamento de uma caixa manual, que equipada de um sistema de duas embraiagens permite um funcionamento mais eficaz em termos de rapidez de troca de relação e em termos de rendimento face às caixas automáticas ‘clássicas’ e até mesmo a algumas caixas manuais.

O princípio de funcionamento é simples e, como o próprio nome indica, conta com duas embraiagens. A 1ª embraiagem está encarregue das mudanças impares e a 2ª embraiagem está encarregue das mudanças pares.

A sua rapidez advém do facto de estarem sempre duas mudanças engrenadas.

Quando é necessário trocar de relação, entre em cena uma das embraiagens e a outra é desacoplada. Simples e eficiente, reduzindo a milissegundos o tempo de mudança entre as relações.

Exemplo prático de como funciona uma caixa de dupla embraiagem

esquema de funcionamento de dupla embraiagem
Exemplo de como funciona a caixa de dupla embraiagem da Audi

Quando circulamos, por exemplo, em segunda velocidade, as caixas de dupla embraiagem já têm engrenada a terceira velocidade. Porém, apenas uma destas mudanças está a transmitir efetivamente movimento às rodas, fazendo uso de uma das embraiagens.

Assim, quando é dada a indicação de mudança de relação, em vez de entrar em cena um complexo sistema de engrenagens, acontece algo muito simples: uma embraiagem entra em ação e outra “desliga-se”. Ou seja, mudamos de… embraiagem.

Uma das embraiagens fica encarregue das relações pares (2,4,6…) enquanto a outra fica encarregue das mudanças ímpares (1,3,5 e 7…).

Depois é uma questão das embraiagens se irem revezando por forma a auxiliarem a caixa no cumprimento da sua função: desmultiplicar o movimento da cambota e transmiti-lo às rodas. Tudo muito simples, rápido e suave.

De referir que existem 2 tipos de embraiagens: com cárter seco (não estão banhadas em óleo – para menores binários) e húmidas (estão banhadas em óleo – para maiores binários).

Por exemplo, a DSG de 7 velocidades do grupo Volkswagen tem versões de cartér seco (até 250 Nm) e húmido (mais de 350 Nm), dependendo do motor associado.

Vantagens e desvantagens das caixas automáticas de dupla embraiagem

Vantagens:

  • Melhor rendimento energético face a uma caixa automática convencional e até sobre algumas caixas manuais, logo menor consumo de combustível e emissões poluentes;
  • Passagens de velocidades muito mais rápidas (0,6 segundos em média) e maior suavidade de engrenagem, logo maior agradabilidade de condução;
  • Entrega de binário às rodas sem hiatos entre passagens de velocidades, logo acelerações mais céleres.
  • Mesmo custo que uma caixa automática clássica.

Desvantagens:

  • Custo mais elevado face ao de uma caixa manual;
  • Manutenção mais elevada (óleo específico e respetivo filtro a substituir);
  • Fiabilidade dado estar também sujeita a disfuncionamento de origem eletrónica e de software;

E no futuro?

A popularidade dos carros elétricos (sem caixa de velocidades) fez arrefecer o desenvolvimento de caixas automáticas (convencionais ou de dupla embraiagem), mas alguns fabricantes, como a General Motors ou a Honda, estão a desenvolver transmissões com caixa de velocidades automática com três embraiagens e até 11 relações.

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