João Parreira
João Parreira
18 Out, 2017 - 11:11

Como investir na Bolsa: guia de apoio ao investidor

João Parreira

Se não se souber como investir na bolsa de valores, os prejuízos podem ser grandes, ao invés dos ganhos que se ambicionam.

Como investir na Bolsa: guia de apoio ao investidor

Antes de se perceber como investir na bolsa, importa esclarecer alguns conceitos. A bolsa de valores é um mercado onde os investidores negoceiam ações de empresas ou outros títulos financeiros. Este mercado existe como forma de as empresas captarem recursos para se financiarem, por vezes com custos mais reduzidos do que se contraíssem empréstimos bancários.

Na bolsa são também transacionados títulos entre os investidores, permitindo gerar liquidez de forma mais rápida. Isto é de vital importância para títulos em que a sua recuperabilidade ocorra num horizonte temporal longínquo. A existência de um mercado secundário, onde um investidor pode vender um título que adquiriu anteriormente, aumenta a procura no mercado primário – onde se dá a compra, por parte do investidor, à empresa que emite o título.

Dentro dos vários títulos existentes, os mais comuns são as ações e as obrigações. As ações são títulos que dão ao seu comprador o direito de participar nos lucros da empresa, bem como de participar em decisões da mesma, de acordo com a percentagem do capital e o tipo de ações detidas. As obrigações são títulos representativos da dívida de uma empresa ou entidade pública.

Como investir na Bolsa: métodos possíveis

Sozinho

Com recurso a websites especializados, revistas ou jornais financeiros, livros e prospectos, bem como relatórios anuais, o investidor pode, por si próprio, decidir quais os valores mobiliários ou fundos de investimento que pretende adquirir. Depois disso, o investidor recorre a um corretor financeiro que introduz as suas ordens em Bolsa.

Com esta opção, o investidor, para além de controlar melhor os títulos que detém na sua carteira de ativos, evita também custos de aconselhamento. No entanto, só é recomendável para aqueles que saibam analisar de forma correta e precisa a informação recolhida. O domínio de conceitos como rentabilidade e risco – definidos mais abaixo – são essenciais para a tomada de boas decisões, mediante o perfil do investidor.

Com o apoio do Banco ou Intermediário Financeiro

Neste caso, o investidor pode procurar junto da instituição bancária ou da sociedade de corretagem, aconselhamento sobre os investimentos a fazer sem que isso se traduza necessariamente em mais custos. Assim, os funcionários que fazem a intermediação das ordens de investimento junto da Bolsa podem, adicionalmente, fornecer indicações importantes para os investimentos.

Não é líquido que daqui resultem mais custos para o investidor, dependendo da sua relação com a instituição de corretagem. Com esta opção, o investidor não deixa de ser o principal decisor acerca dos seus investimentos, mas pode beneficiar de sugestões importantes. Favorecerá um investidor que saiba interpretar as várias informações recolhidas, mas que não se sinta confortável a decidir sozinho.

Com recurso a um consultor financeiro

Com esta opção, o investidor recebe um grau de apoio à decisão muito maior. O consultor fornecerá informação de como e onde investir, podendo ainda sugerir qual o melhor orçamento pessoal/familiar, quais os melhores seguros a escolher, bem como apoiar a elaboração de um plano financeiro.

Se esta for a opção escolhida, haverá lugar ao pagamento de uma remuneração ao consultor financeiro pelos seus serviços prestados. Esta pode consistir numa comissão sobre cada investimento, numa percentagem do total dos ganhos gerados para o investidor ou numa combinação das duas.

Para os investidores menos informados, esta será a melhor opção. No entanto, para qualquer pessoa que investe na bolsa, é importante deter um mínimo de conhecimentos que permita ter uma perceção da qualidade do aconselhamento do consultor.

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Como investir na Bolsa: detalhes a ter em conta

Elaboração de plano financeiro

Quando se investe, é fundamental definir com clareza os objetivos que se pretende alcançar. Esses objetivos são influenciados por muitas variáveis, como a própria personalidade, os rendimentos, o grau de conhecimento sobre assuntos financeiros ou a idade.

É muito importante que, antes de investir, haja um orçamento familiar bem definido que contemple as diversas rubricas de despesas mensais, bem como eventuais poupanças para fazer face a acontecimentos futuros. Dentro deste orçamento, poderá depois ser definida uma parcela dedicada aos investimentos.

A manutenção de um orçamento equilibrado permitirá garantir mais tranquilidade para tomar decisões de investimento e, no caso de perdas, não comprometer a capacidade para fazer face às despesas necessárias.

Atenção às promessas de elevada rentabilidade

As noções de risco e rentabilidade estão intimamente interligadas. Isso acontece porque, quanto maior é o risco, maior é o prémio exigido para o remunerar. Por outras palavras, um investidor exige uma maior rentabilidade se as probabilidades de perda forem maiores.

É um processo muito semelhante ao que se verifica na concessão de crédito pelas instituições bancárias. Quanto maior for a perceção do risco acerca de um cliente, maior o spread que se lhe irá exigir.

Desta forma, quando for apresentado um investimento que promete gerar uma rentabilidade muito elevada, é necessário ter cuidado. Este investimento representará quase sempre grande risco para quem decidir investir, podendo traduzir-se em perdas.

A decisão entre investir ou não depende do perfil do investidor, sendo importante que cada um defina o seu grau de disponibilidade para aceitar o risco. Caso seja avesso ao risco, irá optar por investimentos mais seguros e de rentabilidades mais baixas. Se for propenso ao risco, procurará maiores rentabilidades em investimentos que não oferecem tantas garantias.

As maturidades dos investimentos também são um importante fator a ter em conta. Se a recuperabilidade ocorrer num horizonte temporal mais longínquo, o risco tenderá a ser maior, levando a rentabilidades maiores, verificando-se o inverso para títulos de maturidade mais reduzida.

Também é importante ter em conta as necessidades de liquidez no futuro, uma vez que as maturidades mais elevadas traduzem-se em maiores dificuldades de gerar liquidez caso ela seja necessária antes do término do prazo.

A maioria dos investidores procura ter um portefólio de investimentos equilibrado que combine títulos com vários graus de risco, bem como várias maturidades. Depósitos a prazo ou títulos de dívida de Estados e empresas com rating elevado são exemplos de ativos com menos risco. Do outro lado estão títulos de empresas de menor dimensão ou obrigações de rating inferior e com juros mais elevados.

Acompanhar diariamente as informações financeiras

As notícias relacionadas com investimentos realizados são importantes indicadores acerca do comportamento dos títulos no futuro. Por exemplo, se uma empresa se vê envolvida num escândalo ou a enfrentar um processo judicial mediático, o risco dos seus títulos aumenta.

Se detiver títulos num caso destes e os quiser vender de seguida poderá incorrer em perdas significativas, uma vez que poucos investidores estarão dispostos a comprar. Isto deve-se, por exemplo, no caso de uma ação, à diminuição das expectativas de lucro por parte da empresa. Por outro lado, se a perspetiva de lucros de uma empresa subir, os seus títulos irão valorizar e poderão ser vendidos a preços maiores.

Para quem souber ler estas notícias e interpretá-las da melhor forma, poderá conseguir antecipar o comportamento dos vários títulos e, por conseguinte, perceber quais os melhores momentos para os comprar e vender.

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Como investir na Bolsa: venda de títulos

Num último tópico, importa ainda referir que é possível vender títulos que se detém ou títulos que não se detém – designado como short selling ou venda a descoberto.

No primeiro caso, o investidor já adquiriu o título e sabe, no momento em que o está a vender, se irá ganhar ou perder com essa venda. O preço de aquisição do título é conhecido, bem como o preço a que esse título está a ser transacionado no dia em que é vendido.

No segundo, o título ainda não foi adquirido, sendo apenas conhecido o preço de venda. O investidor vende os títulos “emprestados” por uma instituição, por exemplo um banco, comprometendo-se depois a recomprar os títulos para os devolver a essa mesma instituição. Neste caso, espera que o preço dos títulos desvalorize para os poder recomprar a preços mais baixos do que os de venda e assim gerar rentabilidade.

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