Mónica Carvalho
Mónica Carvalho
25 Mar, 2020 - 12:23

Coronavírus: quanto tempo permanece nos objetos e superfícies?

Mónica Carvalho

Além do contacto com pessoas infetadas, o SARS-CoV-2 pode ser transmitido através de superfícies e objetos. Saiba os cuidados a ter para evitar o contágio.

Coronavírus quanto tempo permanece nos objetos

A transmissão do novo coronavírus (SARS-CoV-2) acontece, sobretudo, através do contacto com pessoas infetadas, mais concretamente através de gotículas libertadas pela boca ou nariz quando falam, tossem ou espirram. Contudo, a transmissão pode também ocorrer através do contacto com superfícies e objetos contaminados com essas gotículas.

Não é certo quanto tempo o novo coronavírus permanece em todas as superfícies e objetos, mas de acordo com um estudo recente do National Institutes of Health(1), um organismo público norte-americano, essa janela pode ir de apenas algumas horas a vários dias, dependendo do material em questão.

A mesma indicação é dada pela Direção-Geral da Saúde (DGS) que, numa orientação emitida a 21 de março sobre a limpeza de superfícies em estabelecimentos de atendimento ao público(2), refere que “o vírus permanece em superfícies durante um período temporal que pode ir de algumas horas a 6 dias.”

limpar smartphone

Quanto tempo permanece o novo coronavírus em diferentes objetos

Nos testes laboratoriais levados a cabo pelos investigadores do National Institutes of Health foi possível descobrir que o vírus da síndrome respiratória aguda grave – coronavírus 2 – se mantém estável durante mais tempo em determinadas superfícies.

No caso do plástico e aço inoxidável, o vírus permanece detetável até 72 horas (3 dias), enquanto que em objetos de papel ou cartão, sobrevive no máximo, um dia. Já em superfícies de cobre, dura até quatro horas, pode ler-se no estudo publicado no The New England Journal of Medicine(3).

Além disso, foi possível de verificar uma durabilidade de três horas do novo coronavírus em aerossóis. Em relação a materiais porosos, como é o caso da roupa, esta investigação não conseguiu obter resultados esclarecedores.

Os testes foram conduzidos em ambiente controlado (temperatura entre 21 e 23ºC, com 40% de humidade, durante sete dias) tendo sido analisados o SARS-CoV-2 (o vírus causador da doença COVID-19) e o SARS-CoV-1, o vírus que entre 2002 e 2003 infetou mais de cinco mil pessoas na China.

Os investigadores alertam, por isso, que este estudo em laboratório não reflete as condições comportamentais do novo coronavírus na vida real, que podem variar consoante a temperatura, humidade, ventilação e concentração de vírus depositados. Ainda assim os resultados obtidos corroboram a importância das medidas de higiene e segurança no combate à propagação da COVID-19.

A esse propósito, a DGS emitiu uma circular(2) dirigida aos estabelecimentos de atendimento ao público, com orientações específicas sobre a limpeza e desinfeção de superfícies durante o período de pandemia.

Além da utilização de detergentes “de base desinfetante”, a Direção-Geral da Saúde recomenda que a limpeza das superfícies de toque frequente deva ser feita “no mínimo 6 vezes ao dia“, embora admita que possa ser necessário “aumentar essa frequência”.

Para ajudar, atente ao vídeo da DGS sobre a forma correta de limpar superfícies.

Objetos do dia a dia que deve evitar tocar

Tendo em conta a informação conhecida até ao momento, o novo coronavírus pode permanecer ativo em objetos como dinheiro, máquinas multibanco, botões de elevador ou até mesmo o telemóvel, que podem funcionar como um veículo de contágio.

Como tal, em tempo de pandemia, o contacto com objetos que possam estar contaminados deve ser evitado ao máximo, ou, caso não seja possível, deve ser efetuada a devida higienização das mãos em seguida.

Veja de seguida alguns exemplos de objetos comuns do dia a dia que exigem cuidados acrescidos.

Maçanetas

Tocar em maçanetas é algo praticamente inevitável e se isto, à partida, não tem grande problema dentro de casa, fora de portas pode ser um fator de perigo. 

Por isso, use antes a manga do casaco ou da camisola, ou até mesmo o cotovelo, para abrir as portas. Pode também fazê-lo com um lenço descartável, que deve colocar no lixo logo de seguida. 

Corrimãos de escadas

São um meio de apoio importante para subir e descer escadas, principalmente para pessoas com mobilidade reduzida, mas que podem levar a uma potencial contaminação. 

Se tem dificuldades de locomoção, suba e desça as escadas mais devagar, com cuidado, evitando tocar nos corrimões. Ou, então, use um lenço descartável para se apoiar, deitando-o ao lixo assim que não precisar. 

Botões de elevador

É algo em que já tocamos praticamente de forma instintiva, mas que, em alturas como esta, é um comportamento a evitar. Use sempre um lenço descartável para carregar nos botões e proceda à limpeza com lixívia ou desinfetante destas superfícies com a maior regularidade possível. 

Terminais ATM

Este equipamento é utilizado constantemente por dezenas – senão centenas – de pessoas diariamente, pelo que todos os cuidados são recomendados: não tocar diretamente com as mãos na máquina e desinfetá-las em seguida, assim como ao cartão e dinheiro obtido. 

Superfícies comuns da casa de banho

Tocar na torneira para lavar as mãos e para tomar banho ou partilhar toalhas são alguns dos comportamentos a evitar. Além disso, as superfícies da casa de banho devem ser limpas com lixívia regularmente.

Poderá ver a forma mais adequada de lavar as mãos neste vídeos tutorial da Direção-Geral da Saúde(4).

Telemóveis e chaves

São objetos comuns do dia a dia que podem, de facto, contribuir para uma rápida disseminação da COVID-19. Nesse sentido, sempre que chega a casa, limpe bem as chaves. E faça-o ainda com mais frequência com o telemóvel, visto que tocamos neste aparelho dezenas de vezes por dia.

Cuidados a ter com a Covid-19

Nunca é demais relembrar os cuidados a ter para evitar um cenário mais catastrófico e para atrasar ao máximo a disseminação da doença:

  • Cobrir a boca e nariz ao tossir ou espirrar;
  • Utilizar um lenço descartável para assoar e limpar o nariz, deitando-o ao lixo, em seguida;
  • Evitar tocar no rosto;
  • Não compartilhar objetos de uso pessoal;
  • Limpar regularmente o ambiente em que está – seja em casa, seja no trabalho – e mantê-lo devidamente ventilado;
  • Lavar as mãos durante, no mínimo, 20 segundos com água e sabão ou usar antisséptico de mãos à base de álcool;
  • Evitar sair de casa, a não ser para ir à farmácia, supermercado ou trabalhar se for preciso;
  • Evitar os contactos sociais e manter distância de segurança de, pelo menos, um metro.

Se viajou para locais onde a COVID-19 está presente, esteve em contacto com pessoas infetadas e apresenta sintomas, principalmente febre, tosse seca e dificuldade respiratória ligue para 808 24 24 24. 

Fontes:

(1) National Institutes of Health, “New coronavirus stable for hours on surface”, notícia disponível em: https://www.nih.gov/news-events/news-releases/new-coronavirus-stable-hours-surfaces

(2) Direção-Geral da Saúde, Infeção por SARS-CoV-2 (COVID-19) – Limpeza e desinfeção de superfícies em estabelecimentos de atendimento ao público ou similares, circular disponível em: https://www.dgs.pt/directrizes-da-dgs/orientacoes-e-circulares-informativas/orientacao-n-0142020-de-21032020-pdf.aspx

(3) The New England Journal of Medicine, “Aerosol and Surface Stability of SARS-CoV-2 as Compared with SARS-CoV-1”, estudo disponível em: https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMc2004973?query=featured_home

(4) Direção-Geral da Saúde, “Lavagem das mãos”, vídeo dísponível em: https://youtu.be/_TzLRKoCHxQ

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