Catarina Milheiro
Catarina Milheiro
24 Jan, 2024 - 17:02

Cortisol: a hormona do stress, que vicia

Catarina Milheiro

É verdade que o stress vicia? Conheça o impacto da hormona cortisol no organismo e os efeitos secundários da sua produção.

Já parou para pensar que o stress é um mecanismo natural do organismo? Ele acontece como uma medida de autodefesa quando estamos diante de situações que consideramos desconfortáveis. É um tipo de alerta que o nosso corpo dá e a sua origem está numa hormona: o cortisol.

Se sente os sinais de stress, de uma depressão ou quaisquer sintomas de ansiedade, este artigo é para si. Entenda por quais motivos esta hormona deve estar presente no nosso organismo de forma bastante regulada.

Tudo sobre o cortisol

O cortisol é conhecido como sendo a hormona do stress, que é produzida pelas glândulas suprarrenais, localizadas acima dos rins. É responsável por atuar em vários processos fisiológicos do nosso organismo, desde o controlo dos níveis de açúcar no sangue até ao combate de inflamações.

Por isso mesmo, o cortisol é reconhecido como a hormona do stress. Por ter associadas diversas ações na resposta a situações de stress. Mas, ainda assim, tem também outras funções importantes como por exemplo, contribuir para o melhor funcionamento do sistema imunológico.

A hormona está também diretamente relacionada com o ritmo circadiano do organismo. O que significa que, quando amanhece, a luz e os estímulos internos ajudam na produção da substância que é responsável por libertar energia e despertar o corpo.

Por outro lado, a falta de iluminação incentiva a uma descarga de melatonina (hormona que prepara o nosso organismo para dormir). Fique connosco e saiba tudo sobre a hormona do stress.

Tudo sobre o cortisol: a hormona do stress

Como é produzido o cortisol e qual é o seu impacto no organismo?

O cortisol é uma hormona que pertence à classe dos glucocorticoides, produzida pelas glândulas adrenais que se localizam acima de cada rim. No fundo, estamos perante uma hormona que desempenha um papel fulcral no nosso corpo, afetando uma variedade de funções fisiológicas.

Assim, o cortisol envolve-se em diversas funções no nosso organismo tais como:

  • Regulação do metabolismo: a hormona ajuda a regular o metabolismo de carboidratos, gorduras e proteínas e auxilia na manutenção dos níveis de glicose no sangue;
  • Supressão do sistema imunológico: em algumas situações de stress prolongado, o cortisol pode surtir efeitos imunossupressores, reduzindo a atividade do sistema imunológico;
  • Resposta ao stress: a hormona em questão é chamada de “hormona do stress” com bastante frequência, uma vez que é libertada como resposta a situações de tensão e stress. Assim, acaba por desempenhar um papel fulcral naquela que é a refutação de “ficar ou fugir” e mobiliza energia e recursos para lidar com o stress;
  • Funções anti-inflamatórias: o cortisol tem propriedades anti-inflamatórias e é bastante utilizado como medicamento para reduzir a inflamação em doenças como a artrite, por exemplo;
  • Regulação do sono: a hormona do stress também segue um ritmo circadiano (tal como explicamos anteriormente). Por isso, atinge níveis mais altos pela manhã para nos ajudar a despertar e diminui à noite para que seja possível promover o sono.

Os 7 efeitos secundários da produção de cortisol

Como tivemos oportunidade de entender, o cortisol é crucial para que o nosso organismo consiga exercer determinadas funções. No entanto, podem surgir problemas quando os seus níveis ficam desequilibrados, sobretudo se houver uma produção em excesso ou prolongada da hormona. Para que não restem dúvidas listamos os efeitos secundários mais comuns.

1.

Hipertensão

O cortisol pode ajudar a aumentar a tensão arterial e, caso persista, pode mesmo levar a problemas mais graves para a sua saúde, como por exemplo: cardiovasculares.

2.

Enfraquecimento do sistema imunológico

Quando produzida em excesso, a hormona do stress pode suprimir a função do sistema imunológico, tornando o corpo mais suscetível a infeções e doenças.

3.

Aumento de peso

O cortisol pode influenciar o aumento do apetite e promover o armazenamento de gordura, sobretudo na região abdominal levando a um aumento de peso considerável.

4.

Alterações no comportamento e no humor

Se a produção de cortisol for elevada, a probabilidade de haver impacto no humor e no comportamento é elevada. Por isso mesmo, situações de ansiedade, irritabilidade e depressão podem surgir.

5.

Problemas no sistema reprodutor

Nas mulheres, um dos efeitos secundários mais comuns dos níveis desequilibrados de cortisol no sangue são os problemas reprodutores, que afetam o ciclo menstrual e a fertilidade.

6.

Alterações no sono e no metabolismo

Ter níveis elevados de cortisol no sangue pode fazer com que os seus padrões de sono se alterem, causando insónias e dificuldade em adormecer. Por outro lado, a hormona do stress desempenha um papel fulcral na regulação do metabolismo.

Como tal, alguns desequilíbrios podem afetar de forma negativa o processamento de carboidratos, gorduras e proteínas.

7.

Problemas no sistema digestivo

Quando os níveis de cortisol se encontram elevados, saiba que os mesmos podem contribuir para o aparecimento de problemas gastrointestinais – desde a indigestão até à síndrome do intestino irritável, por exemplo.

O cortisol é uma substância que vicia?

Ao contrário da cafeína, a nicotina ou outras drogas psicoativas, o cortisol não é uma substância que causa vício. Aliás, estamos perante uma hormona que é produzida de forma natural pelo nosso organismo como resposta ao stress.

Contudo, o stress crónico pode levar a níveis constantemente elevados da hormona no sangue. Por sua vez, pode ter efeitos adversos e contribuir ainda para a dependência de alguns comportamentos.

Além disso, saiba que o ciclo do stress crónico pode criar uma sensação de dependência em relação a padrões de comportamento que aliviam de forma temporária o stress. Ainda assim, tal não constitui um vício diretamente causado pelo cortisol em si.

É importante perceber que a resposta ao stress é sempre complexa e envolve o cortisol, bem como outros neurotransmissores e hormonas. Por isso, se pensa que pode estar a enfrentar um problema como este, o ideal é aconselhar-se com um médico a fim de perceber o que poderá estar na origem da questão.

Níveis de cortisol

É crucial manter os níveis de cortisol dentro dos padrões que são considerados normais, a fim de evitar o aparecimento de possíveis doenças.

E se se questiona sobre os quais devem ser os níveis de cortisol no sangue, saiba que os mesmos podem variar ao longo do dia e a tendência é para aumentarem por volta das 3 ou 4 horas da madrugada, acabando por atingir os níveis mais altos perto das 9 horas da manhã.

Daí em diante, o nível de cortisol vai diminuindo até retomar os seus níveis mais baixos – cerca das 23 horas.

Quando o cortisol apresenta níveis elevados, quer seja pela produção do próprio corpo devido a doenças ou tumores, quer seja por estar relacionado com o uso prolongado de corticoides, o mesmo pode originar uma doença conhecida por síndrome de Cushing.

Por outro lado, quando a hormona está baixa demais, pode significar uma insuficiência adrenal e, por norma, é causado por doenças na hipófise, no hipotálamo ou na adrenal.

No entanto, saiba que a quantidade de cortisol no sangue pode ser medida e monitorizada através de exames clínicos.

É possível reduzir a sua produção?

Se o seu objetivo é reduzir os níveis de cortisol no sangue saiba que é possível. No fundo, tudo se resume a uma combinação de mudanças no estilo de vida e, nos casos mais severos, possíveis intervenções médicas.

Adotar técnicas de relaxamento, melhorar a qualidade do sono, praticar exercícios físicos, reduzir o consumo de cafeína e de álcool e até fazer uma alimentação saudável pode ajudar bastante a reduzir a produção de cortisol.

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