Márcio Matos
Márcio Matos
15 Set, 2020 - 17:02

Costa Oeste ou Estremadura: um Portugal mágico a não perder

Márcio Matos

Na Costa Oeste portuguesa há muito para ver e descobrir. Não acredita? Então, parta à descoberta e deixe-se maravilhar e surpreender.

Mosteiro daBatalha na Costa Oeste

A Costa Oeste, também conhecida por Estremadura, corresponde à faixa Atlântica oeste a norte de Lisboa. Trata-se de uma região fértil de paisagens coloridas, vilas típicas e um clima moderado que a tornam particularmente atrativa.

Além dos petiscos saborosos, o património e a Natureza da Costa Oeste merecem ser devidamente conhecidos e explorados, não fosse a sua diversidade e riqueza. Portanto, siga o roteiro e tome nota de tudo o que há para ver e fazer nesta belíssima região portuguesa.

De Óbidos às Caldas da Rainha. Encantos da Costa Oeste

Gastronomia

Os pratos e doces típicos da Costa Oeste contam muito sobre a história do nosso país, nomeadamente no que toca à sua ligação com o Oriente. É frequente encontrar doces conventuais que, além de muito açúcar (como é habitual!), contêm ainda especiarias. O tal toque exótico que advém do nosso passado. A paisagem marítima proporciona, igualmente, deliciosos pratos de peixe e marisco que podem ser apreciados nas mais variadas cidades e vilas existentes ao longo da costa.

Viticultura

Esta região tem, também, um importante passado ligado à viticultura, com uvas nativas e castas internacionais responsáveis por deliciosos blends. No que toca às castas nativas, há pelo menos 3 regiões a considerar: Colares, Bucelas e Alenquer.

Colares: A origem do vinho de Colares quase que se confunde com o nascimento de Portugal e o seu sabor não passou despercebido a escritores como Lord Byron ou Eça de Queiroz. As suas vinhas são plantadas em solos arenosos e trabalhadas manualmente.

O vinho de Colares provem de castas nativas únicas no mundo, como o Ramisco (casta tinta) e Malvasia de Colares (casta branca). Tal faz com que uma garrafa deste vinho seja um investimento num produto de qualidade e às vezes de colecionador.

Bucelas: Desde o tempo dos romanos que Bucelas produz o seu vinho, sempre branco. Crê-se que na era de Elisabeth I de Inglaterra, este mesmo vinho tenha sido referido numa peça de Henrique VI de Shakespeare. Conta-se também que Arthur Wellesley, 1º Duque de Wellington, quando descobriu este vinho, terá começado logo a importá-lo de Inglaterra para a sua propriedade.

Alenquer: Com origem num vale, neste caso as uvas amadurecem com suavidade, o que resulta em vinhos encorpados com aromas a pimenta e a outras especiarias. Já a sua variante de brancos tende a ser seca e cremosa na boca.

Visa geral de Óbidos

costa oeste: Património diverso

Pela costa oeste, é fácil traçar roteiros de vários tipos, desde igrejas e capelas a praias de beleza selvagem, como as da Ericeira ou de Santa Cruz, não esquecendo as vilas típicas e os vestígios de dinossauros na Serra d´Aire (Monumento Natural). Porém, a presença de ordens como as dos templários marca, inevitavelmente, o património desta região

Convento de Cristo, em Tomar

O interior da Costa Oeste está muito ligado às ordens dos Templários e de Cister, grandes aliadas dos reis de Portugal durante a reconquista cristã. Exemplo desta ligação e aliança é o Convento de Cristo em Tomar (Património Mundial da Humanidade), que serviu de sede dos cavaleiros Templários, em Portugal.

Foi aí que o infante D. Henrique desenvolveu a estratégia para as expedições marítimas portuguesas; que o rei D. Manuel I deixou a marca do “seu estilo arquitetónico (Manuelino); e que Filipe II de Espanha assinalou a sua chegada ao poder. Além disso, o convento ainda “presenciou” outros acontecimentos históricos importantes, no decorrer dos séculos XVIII e XIX, como as invasões Napoleónicas e a Revolução Liberal.

Óbidos

Esta vila medieval encontra-se cercada por muralhas, as quais datam da ocupação muçulmana. No passado, esta vila costumava servir de oferta de casamento para as rainhas, daí ser também chamada de Vila das Rainhas.

Por aqui, poderá ficar a conhecer muitas igrejas ricas em arte, azulejos, pinturas, talha dourada e vestes religiosas. Passeie também pelas ruas e admire as casas típicas, pintadas de branco. Faça uma pausa no roteiro e mate a sede com uma Ginginha de Óbidos, receita com origem nos conventos da região.

Vista de azenhas do mar
Não perca Azenhas do Mar: uma jóia incrustada num penhasco

Mosteiro da Batalha

Um belo exemplar de arquitetura religiosa não fica muito distante e é o Mosteiro da Batalha. A construção deste edifício deve-se a uma promessa feita pelo rei D. João I que havia jurado a edificação de um mosteiro, caso vencesse a batalha de Aljubarrota, algo que acabou por acontecer. Este complexo monastério é espelho de cerca de 1 século e meio de construção, o que resultou em diversas alterações ao projeto inicial.

Sintra

E como não falar em Sintra, localidade que conheceu o seu apogeu durante o reinado de D. Fernando II, da dinastia de Saxe-Goburg-Gotha (1836-1885). O também conhecido como rei-artista “transformou” Sintra num berço do Romantismo, adquirindo um convento local e modificando-o num palácio romântico, o Palácio da Pena. Para além da arquitetura, as suas serras e vegetação fazem deste um lugar de passagem e visita obrigatórias.

Percorra as suas ruas estreitas, compre souvenirs autênticos e, claro, não se esqueça de comer os seus famosos travesseiros (doce regional), enquanto repousa por entre as sombras das árvores.

Convento de Tomar na Costa Oeste

Encantos naturais da costa oeste

A Natureza é, também, um dos atrativos da costa oeste. Entre os seus parques, vale a pena destacar o de Sintra (Património Mundial) e a Reserva Natural do Paúl do Boquilobo (reserva da biosfera da Unesco). Existem, ainda, diversas quintas e vinhas que importa conhecer, provando os seus saborosos frutos, legumes e vinho.

“Regressando” a Sintra, há que mencionar as suas floras Mediterrânicas e Nórdicas que se fundem com milhares de árvores exóticas e flores, resultando em jardins e florestas densas e de encantar.

Outro local a explorar é a Barragem do Castelo de Bode, um enorme lago artificial, principal fornecedor de água a Lisboa, Esta é uma zona ótima para praticar desportos náuticos e desfrutar da belíssima paisagem.

Outros pontos de interesse da Costa Oeste

  • Spas e instituições termais;
  • Produção de olaria e cerâmica artística ou utilitária (Caldas da Rainha);
  • Locais arqueológicos dos Jurássicos dinossauros da Lourinhã;
  • Linhas de Torres Vedras (linhas temporárias de fortificação).
Veja também

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