Mónica Carvalho
Mónica Carvalho
16 Ago, 2017 - 06:25

Douro: embarque no cruzeiro das 6 pontes

Mónica Carvalho

Há quem diga que é o rio mais bonito do mundo pelas suas paisagens verdejantes e pitorescas. Vai, por isso, adorar o cruzeiro das 6 pontes no Douro.

Douro: embarque no cruzeiro das 6 pontes

Uma das melhores formas de descobrir a região do Douro é a bordo do cruzeiro das 6 pontes. Uma entusiasmante viagem em barco rabelo, com uma duração aproximada de 50 minutos que lhe permitirá observar e guardar para sempre algumas das imagens mais bonitas das cidades do Porto e de Gaia também.

A viagem pode começar no cais da Ribeira, no lado do Porto, ou então no renovado cais de Vila Nova de Gaia, mesmo em frente às caves de Vinho do Porto, mas o percurso é sempre de igual beleza, permitindo o deslize suave, descontraído pelo Rio Douro, passando pelas incomparáveis pontes da Arrábida, Luís I, do Infante, Maria Pia, São João e do Freixo.

Por agora, a navegação é apenas virtual, mas consulte os pacotes especiais para uma pequena escapadela na cidade do Porto, com direito ao cruzeiro das 6 pontes.

O que pode ver no cruzeiro das 6 pontes

Uma viagem pela história as pontes que ligam Porto e Vila Nova de Gaia e embelezam o rio Douro.

1. Ponte da Arrábida

placeholder-1x1

A Ponte da Arrábida é uma das infra-estruturas mais importantes das cidades de Porto e Gaia  

Decorria o mês de março de 1957, quando se iniciaram os polémicos trabalhos para construir a Ponte da Arrábida, entre Porto e Vila Nova de Gaia, da autoria do Eng. Edgar Cardoso, e que prometia desde o primeiro momento um recorde invejável: ser a ponte com o maior arco em betão armado do mundo.

A polémica que pautou o início desta construção referenciada em inúmeros manuais de arquitetura e engenharia do mundo prende-se com a posse dos terrenos nos quais assenta a ponte. Entre privados e Câmara Municipal do Porto, a contenda lá se resolveu, permitindo a criação de uma obra-prima de 615 metros de comprimento e 27 metros de largura.

Inicialmente, o tabuleiro possuía dois viadutos de acesso e duas faixas de rodagem independentes, duas pistas para ciclistas, dois passeios e um separador central. Porém, atualmente, as características funcionais alteraram-se, dado que o número de vias de trânsito foi alargado para três em cada sentido.

Os dois arcos que formam a abóbada são ocos para reduzir o peso e estão unidos por ligamentos em diagonal, criando, desta forma, mais estabilidade transversal. Por sua vez, o tabuleiro é sustentado por pilares assentes sobre os arcos. No total, a obra custou 240 mil contos, o que corresponde a cerca de um milhão e duzentos mil euros.

O arco da Ponte da Arrábida pode, desde junho de 2016, ser visitado por qualquer pessoa. Numa iniciativa levada a cabo pela Porto Bridge Climb, prepare-se para o esforço de subir 273 degraus, que irão compensar pela vista privilegiada sobre o rio e sobre as cidades do Porto e Gaia.

visita guiada tem uma duração aproximada de 30 minutos e é realizada por etapas, com grupos de até 13 pessoas por visita. O programa inclui ainda a visita a uma exposição sobre as pontes do Porto e a oportunidade de tirar fotografias a 65 metros de altura.

2. Ponte Luís I

placeholder-1x1

Vista da Ribeira sobre a Serra do Pilar / Fonte: cruzeiros-douro.pt

Projetada pelo Eng. Teófilo Seyrig, discípulo de Eiffel – sim, a mente por trás da Torre Eiffel, em Paris -, e inaugurada em 1886, a histórica ponte Luís I é constituída por dois tabuleiros em ferro sobrepostos. Tem 395 metros de comprimento e 8 metros de largura e o seu arco em ferro forjado foi considerado durante muito anos o maior do mundo.

Atualmente, o tabuleiro superior é ocupado pela linha amarela do metro do Porto e uma viagem pelo mesmo é a garantia de uma paisagem de cortar a respiração.

A obra foi construída como oferenda ao Rei Luis I e, como tal, foi batizada como Ponte Dom Luís I, em sua honra. Contudo, o monarca não marcou presença na cerimónia de inauguração, sendo esse o motivo pelo qual a ponte se denomina Luís I.

Cinco reis por pessoa era quanto custava a passagem pela ponte Luís I, um valor apenas abolido cerca de 58 anos depois, a 1 de janeiro de 1944.
Esta ponte constitui uma das atrações históricas mais bonitas e visitadas da Invicta, não só pelo seu design, mas também por estar inserida numa zona classificada como Património Mundial pela UNESCO, desde 1996; bem como pela sua ligação rápida e segura entre Porto e Vila Nova de Gaia e pelos saltos dos meninos do rio em plena época de verão.

3. Ponte do Infante

placeholder-1x1

A Ponte do Infante foi a alternativa criada para o trânsito automóvel 

Baptizada em honra do Infante D. Henrique, esta ponte foi inaugurada em Março de 2003, para substituir o tabuleiro superior da ponte Luís I, que passou a ser utilizado apenas para o metro do Porto.

É da autoria do engenheiro Adão da Fonseca e trata-se de uma ponte à cota alta que apresenta uma solução de arco tipo “Maillart”, com um vão de arco com 280 metros, o que constitui um recorde mundial. É considerada pelos especialistas mundiais como uma das mais bonitas na sua tipologia e liga a zona das Fontainhas, no Porto, à freguesia de Oliveira do Douro, em Vila Nova de Gaia, pelas duas faixas de rodagem, divididas por um separador central.

4. Ponte Maria Pia

placeholder-1x1

A última ponte de Gustave Eiffel no Porto / Fonte: Auto Hoje

Por volta de 1877, antes de iniciar a principal obra pela qual ficaria na História, mais uma vez referimo-nos à Torre Eiffel em Paris, Gustave Eiffel projetou a última ponte no Porto que teria a sua assinatura: a Ponte Maria Pia.

Redefinindo-se como engenheiro e arquiteto, Eiffel apostou na inovação da época, desenvolvendo algo distinto das construções em ferro, resultando num trabalho audacioso e criativo, revelando-se uma verdadeira obra-prima da engenharia, que deslumbrou portugueses e estrangeiros.

Esta ponte foi criada exclusivamente para a ligação ferroviária entre Porto e Lisboa, o que criou uma maior proximidade entre as duas principais cidades do país. Contudo, os tempos evoluíram e, em 1991, com o aparecimento da nova Ponte de São João, a de Maria Pia foi desativada.

Porém, perspetiva-se uma nova vida para esta ponte, com a futura passagem do comboio turístico e histórico que pretende ligar as caves de Vinho do Porto às escarpas do Douro.

5. Ponte de São João

placeholder-1x1

O seu nome é uma homenagem ao santo mais popular do Porto / Fonte: Wikipedia

Esta ponte foi projetada, à semelhança da Ponte da Arrábida, por Edgar Cardoso, nos anos 90 e o seu nome é uma homenagem ao santo popular mais aclamado da cidade: São João. Aliás, a sua inauguração decorreu precisamente a 24 de junho de 1991, dia de festa na Invicta.

Atualmente, o seu tabuleiro superior serve a rede de comboios em direção ao sul do país – motivo pelo qual esta ponte foi precisamente criada. Dado o rápido desenvolvimento de toda a região Norte, e do Porto em particular, a Ponte Maria Pia não permitia às modernas máquinas ultrapassar os 20 km/h e sempre com cargas muito limitadas limitadas.

Hoje, pela Ponte de São João atravessam diferentes tipos de comboios com destino ou provenientes do sul, que percorrem a linha férrea assente em dois majestosos pilares fundados no leito do rio, junto de cada uma das margens.

6. Ponte do Freixo

placeholder-1x1


Esta é a ponte mais afastada do centro das duas cidades / Fonte: feriasportugal.com

No final da década de 80, os engarrafamentos nas pontes da Arrábida e Luís I eram frequentes, devido ao crescimento substancial do parque automóvel em Portugal. Era imperativo criar uma travessia alternativa.

Surgiu, assim, a Ponte do Freixo – a ponte situada mais a montante de todas as outras pontes sobre o Douro nesta região, no extremo da cidade, é da autoria do Prof. António Reis e do Eng. Daniel de Sousa e foi inaugurada em setembro de 1995.

É uma ponte considerada dupla, pois é constituída por duas vigas gémeas afastadas 10 m ao longo de toda a extensão, em pórtico, betão armado pré-esforçado e para a qual foram adotadas novas tecnologias de construção.

Fazer o cruzeiro das seis pontes é a garantia de uma verdadeira lição de história, acompanhada de paisagens tão bonitas quanto inspiradoras. Um final de dia perfeito para as férias de verão.

Veja também: