André Freitas
André Freitas
16 Jul, 2019 - 16:37

Equipa de F1 da Williams chamada a hospital para salvar vidas

André Freitas

A equipa de F1 da Williams e o Hospital Universitário do País de Gales desenvolveram estratégias que podem salvar vidas. Conheça-as neste artigo.

Equipa de F1 da Williams chamada a hospital para salvar vidas

A equipa de F1 da Williams e o Hospital Universitário de Gales juntaram-se para desenvolver estratégias que podem salvar vidas.

A precisão, velocidade, multi-tasking e espírito de entre-ajuda pelos quais as equipas de Fórmula 1 estão habituadas a trabalhar em espaços pequenos e devidamente mapeados e organizados pode ser um exemplo para qualquer empresa. Conheça como um hospital aproveitou estas características para salvar vidas humanas.

Como é que a Williams ajudou a salvar vidas?

pit-stops williams

Ao reconhecer as semelhanças entre o trabalho de reanimação neonatal e o trabalho desenvolvido nas boxes de Fórmula 1, a médica Rachel Hayward, da unidade neonatal de cuidados intensivos do Hospital Universitário do País de Gales, decidiu entrar em contacto com a Williams, uma das equipas mais antigas da Fórmula 1.

O tempo que demora a reanimação de um recém-nascido é muito crítico.

Atrasos na ressurreição podem implicar consequências muito graves, nomeadamente, o desenvolvimento de complicações a longo prazo, ou até mesmo a morte.

Assim, para diminuir ao máximo todos os fatores de risco externos e para que seja possível a concentração no suporte ao recém-nascido é necessário que as salas de cuidados intensivos se encontrem devidamente organizadas.

Para além disso, também é necessário que a equipa médica trabalhe de forma sincronizada e comunique de forma clara.

Ao explicar de que forma as técnicas usadas nas boxes poderiam ajudar os recém-nascidos em risco de vida, a resposta da Williams não foi muito positiva: “Nós mudamos pneus de carros e vocês salvam vidas. Não estamos a ver a analogia”.

No entanto, Rachel Hayward não se retraiu e contrapôs: “Se o vosso mecânico não colocar o parafuso na roda corretamente, o vosso piloto pode perder a vida na primeira curva. Se nós cometemos algum erro no processo de reanimação, perdemos o bebé”.

Embora relutantes de início, após perceberem como poderiam realmente ajudar, alguns membros da Williams deslocaram-se ao hospital para uma reunião exploratória.

Nesta reunião discutiram como as técnicas e procedimentos que utilizavam nas paragens nas boxes poderiam ser incorporados ou adaptados ao trabalho desenvolvido na unidade neonatal de cuidados intensivos, mais precisamente em situações de reanimação neonatal.

Após esta primeira reunião, foi a vez de alguns membros da unidade neonatal visitarem a fábrica da Williams em Oxfordshire, para observarem de perto o trabalho desta equipa.

Tendo por base a forma como a Williams se organiza nas boxes, também a unidade neonatal de cuidados intensivos do Hospital Universitário do País de Gales mapeou e organizou as suas salas, assim como as suas técnicas e procedimentos.

Resultado da análise das boas práticas da equipa da Williams, o hospital implementou 4 estratégias no seu quotidiano para se tornar mais eficiente nos seus procedimentos.

Estratégias da Williams implementadas no hospital

  1.  O chão passou a estar marcado para que cada elemento saiba que terrenos pisar para melhor cumprir a sua tarefa
  2. O carrinho de instrumentos clínicos foi reorganizado de forma a otimizar a posição de cada um destes
  3. A linguagem gestual passou a ser adotada em detrimento da linguagem verbal
  4. Todo o procedimento de ressurreição neonatal é filmado para posterior análise e discussão

Conclusão

O objetivo não é bater qualquer recorde de tempo, mas sim ser mais eficiente, trabalhar num ambiente mais organizado e controlado e, principalmente, salvar vidas.

Esta parceria inusitada abre agora caminhos para a adaptação das técnicas e procedimentos utilizados na Fórmula 1 não só em contexto hospitalar mas, quem sabe, com as devidas alterações, a outras indústrias.

Da parte dos hospitais, procurar alternativas ou soluções noutras indústrias é também uma oportunidade para melhorar.

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