Share the post "Há mais de 1,5 milhões de portugueses sem médico de família"
Portugal continua a enfrentar um défice significativo na especialidade de médico de família no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
De acordo com os dados mais recentes do Registo Nacional de Utentes, 1,54 milhões de pessoas não têm médico de família atribuído, um número que voltou a aumentar em outubro deste ano.
A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo é a mais afetada, concentrando mais de metade dos utentes sem médico atribuído.
Em muitas unidades, a aposentação de profissionais e a falta de substituições imediatas têm deixado milhares de pessoas sem acompanhamento regular.
Situações semelhantes verificam-se no Algarve e no Alentejo, regiões onde a fixação de médicos continua a ser um desafio.
Médico de família: escassez de recursos
Atualmente, a especialidade de Medicina Geral e Familiar enfrenta uma escassez estrutural de profissionais.
Segundo a Ordem dos Médicos, quase metade dos médicos desta área tem mais de 60 anos, e o ritmo de aposentação supera a entrada de novos clínicos.
O problema agrava-se pela dificuldade em fixar jovens médicos nas zonas mais periféricas, onde as condições de trabalho e de progressão de carreira são menos atrativas.
A ausência de um médico de família tem impactos diretos no funcionamento do SNS. Os utentes sem acompanhamento recorrem mais frequentemente às urgências hospitalares, aumentando a pressão sobre esses serviços.
Além disso, há uma quebra no acompanhamento de doenças crónicas e na vigilância preventiva, duas funções centrais da medicina familiar.
O Governo tem anunciado medidas para atenuar o problema, como a abertura de novos concursos para médicos de família e a criação de incentivos financeiros e logísticos para atrair profissionais para as zonas mais carenciadas.
No Orçamento do Estado para 2026, está prevista a meta de reduzir em cerca de 450 mil o número de pessoas sem médico atribuído, o que implicará reforçar equipas e agilizar a colocação de recém-especialistas.