Viviane Soares
Viviane Soares
14 Fev, 2018 - 12:07

História das Aldeias do Xisto: da desertificação à repovoação

Viviane Soares

A história das Aldeias do Xisto tece-se da garra das suas gentes. A luta contra a desertificação deu frutos e, hoje, esta é uma história de sucesso.

História das Aldeias do Xisto: da desertificação à repovoação

A história das Aldeias do Xisto conta-se através do esforço e do instinto de sobrevivência dos seus habitantes. Quer isto dizer que foi graças ao engenho e à mestria das suas populações que se conseguiu edificar um património histórico e cultural único, de valor incalculável para as gerações vindouras.

Aqui, a necessidade de subsistência permitiu tirar o melhor partido da terra e das linhas de água que, ao ritmo do calendário agrícola, contribuiu para sustentar inúmeras famílias. Contudo, é também de salientar as formas religiosas e sociais, que sempre mantiveram as populações coesas, partilhando as alegrias e tristezas, as colheitas e o sustento, num espírito comunitário.

Dadas as condições agrestes do território e a escassez de oportunidades de trabalho, o maior desafio destas populações sempre foi o da desertificação. Porém, no início do século XXI, um plano financiado pela União Europeia ajudou a requalificar o território e a premiar a luta travada por dezenas de gerações em séculos de história.

Hoje, esta é um história de sucesso. Recuperaram-se casas, preservando-se o traçado original das típicas casinhas de xisto, valorizaram-se artes e ofícios tradicionais – tal como a tecelagem -, recuperaram-se os sabores da gastronomia tradicional, com os maravilhosos produtos da região e, com o turismo crescente, as aldeias renasceram. Venha conhecer as mais belas aldeias do país, vale a pena!

História das Aldeias do Xisto: a ocupação do território

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As Aldeias do Xisto distribuem-se pelo interior da região centro do país, nomeadamente pela Serra da Lousã, Serra do Açor, Zézere e Tejo-Ocreza. São 27 os tesouros escondidos entre vales e montanhas, rodeados de uma beleza paisagística arrebatadora e de uma tranquilidade indescritível.

No que diz respeito à história das Aldeias do Xisto, existem vestígios da ocupação do território desde os tempos pré-históricos, seja nas gravuras rupestres encontradas à beira do rio Zêzere, na Barroca, ou nos vestígios e achados arqueológicos do período neolítico ou bronze, encontrados em Góis, só para dar alguns exemplos.

Sabe-se que romanos, bárbaros e árabes também por aqui deixaram os seus vestígios, em algumas pontes, calçadas e nomes de locais. Porém, é na época medieval que se dá o povoamento ou a expansão generalizada das Aldeias do Xisto, algumas por se encontrarem em pontos estratégicos de rotas comerciais, como Sobral de São Miguel, Fajão e Aigra Velha – esta última considerada uma autêntica estação de serviço dos tempos antigos; por necessidade de fixação para atividades pastoris e agrícolas; outras por aquartelamentos de ordens religiosas, como Álvaro; e uma única por decreto régio, como é o caso da Aldeia do Xisto de Sarzedas, a única destas aldeias com título nobiliárquico.

Já no século XX, sobretudo a partir da década de 70, as  aldeias atravessaram um período de desertificação e abandono. Os seus habitantes, que chegaram a ser às centenas, começaram a procurar outras oportunidades e foram partindo. Uns foram para o estrangeiro, outros migraram para terras do litoral, onde havia trabalho remunerado e onde tinham acesso a escolas e hospitais.

Aldeias do Xisto renascidas e a olhar para o futuro

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Depois de as populações terem partido e de restarem apenas ruínas de muitas das casas que povoam esta região serrana, a Rede das Aldeias do Xisto acabou por se transformar num projeto de desenvolvimento sustentável, de âmbito regional. Liderado pela ADXTUR – Agência para o Desenvolvimento Turístico das Aldeias do Xisto, em parceria com Municípios da Região Centro e com mais de 200 operadores privados que atuam no território, as aldeias renasceram das cinzas.

Os fundos comunitários e a vontade de recuperar a beleza das aldeias por parte das pessoas que por aqui se foram estabelecendo – sobretudo à procura de qualidade de vida – transformaram esta região num lugar onde tradição e modernidade andam de mãos dadas. A história das Aldeias do Xisto acaba, assim, por ter um final feliz.

Tem de ver para crer. Venha visitar as aldeias e depois diga-nos se esta não é uma das mais belas regiões do país! Agora, com uma nova plataforma de booking, a viagem torna-se muito mais prática e atrativa. A oferta de alojamento é variada e os preços são bastante acessíveis. Está à espera de quê?

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