Share the post "Alto custo de vida: inflação tem impacto na sua saúde mental"
São já várias as pessoas que sentem ou já sentiram algum impacto da inflação na sua saúde mental. Porque, afinal, o aumento do custo de vida e da inflação não está só relacionado com as nossas finanças, como também com o nosso humor, estado de espírito, medos e ansiedade.
De facto, quando pensávamos que a nossa economia estava realmente a melhorar ou, no mínimo, a recuperar dos tempos de pandemia, surgiu a crise na Ucrânia e todos temos observado o agravamento da situação, com as subidas contantes nos custos de vida.
Segundo os dados do Eurostat, em agosto de 2022 a inflação na zona Euro subiu para 9,1%. E apesar de ter descido desde então, ainda se continua a fazer sentir, sendo que se registou 5,5% em junho de 2023.
A verdade é que por muito organizadas e planeadas que sejam as nossas contas, torna-se difícil para as famílias portuguesas estarem constantemente preparadas para lidarem com tantas despesas sem excederem o orçamento familiar.
Ora, no final do dia, todas estas preocupações podem mesmo constituir um fator de alto risco para o desenvolvimento da doença mental, acabando por causar algum tipo de sofrimento psicológico aos que lidam com as despesas e preocupações diárias.
Saúde mental e inflação: alguns dados em Portugal
Quando falamos em saúde mental e inflação, pensamos de imediato nos problemas que se vivem atualmente no país e nas dificuldades que encontramos nas nossas próprias vidas, sobretudo nas questões financeiras.
No entanto, há que compreender primeiro a realidade da saúde mental no nosso país. Sabia que três em cada dez portugueses já foram diagnosticados com depressão? E que Portugal é o segundo país da OCDE com maior consumo de antidepressivos?
Estas foram as conclusões de um inquérito “A visão dos portugueses sobre a depressão”, realizado pela Lundbeck Portugal – uma investigação que contou com 1215 inquiridos.
De acordo com o estudo, um terço dos portugueses já teve o diagnóstico de depressão e 60% já sentiu sinais da doença em algum momento da sua vida.
De facto, estes números fazem soar o alarme, sobretudo numa fase em que são vários os fatores que podem ajudar a desencadear uma doença mental.
A tristeza e a perda de autoestima são dois sintomas que o maior número de inquiridos associa à depressão, seguindo-se a falta de prazer e de interesse, a ansiedade e o cansaço físico ou diminuição de energia.
Como o aumento do custo de vida e a subida da inflação impactam a vida das pessoas
Se pararmos para refletir sobre de que forma é que as pessoas estão a lidar mentalmente com o aumento do custo de vida e com a subida da inflação, de facto parecem surgir várias preocupações. Tal acontece porque a verdade é que os efeitos das poucas economias e recursos financeiros não se reparam apenas nas nossas carteiras.
Não há dúvidas de que nos habituamos ou adaptamos facilmente às mudanças inevitáveis que podem aparecer ao longo da vida. Ou seja, o que queremos dizer é que somos capazes de nos ajustarmos a um carro mais modesto, à utilização dos transportes públicos ou até mesmo à criação de receitas em casa em detrimento de outros planos que signifiquem custos elevados.
No entanto, isto não significa que se trate de uma adaptação fácil. Aliás, pode ser bastante complicado para as pessoas sentirem que estudaram imensos anos e que investiram na sua formação, para continuarem a receber um salário e a gastar tudo com as despesas do dia-a-dia.
Por isso, o verdadeiro desafio entre a saúde mental e a inflação surge precisamente neste sentido. Sobretudo quando o salário em Portugal não corresponde, na maioria dos casos, ao custo de vida atual.
Manter a calma e preservar a saúde mental em tempos difíceis
4 dicas essenciais para manter a mente sã
Ter uma rede de suporte com quem possa contar
É crucial juntar-se a comunidades ou até grupos de apoio que tenham uma experiência parecida com a sua. E ao contrário do que possa pensar, são várias as famílias que olham para a sua estabilidade financeira totalmente destruída, até mesmo na classe média.
Por isso, é fundamental estabelecer uma rede de suporte com quem possa contar e pedir ajuda em diversos sentidos, sempre que precise. Podem ser familiares, amigos e outras pessoas em situações semelhantes. O objetivo é partilhar emoções, preocupações e estratégias para que não se deixe ir abaixo.
Ajustar o orçamento e definir prioridades financeiras
Por vezes pode ser necessário reajustar o seu orçamento, desta vez focando-se apenas nas despesas que são essenciais. Ou seja, foque-se nos alimentos fulcrais e nos gastos prioritários e evite tudo aquilo que possa ser em excesso.
Analise o seu budget atual e verifique onde poderá fazer alguns cortes.
Recorra a ajuda profissional caso seja necessário
Quando a ansiedade e o stress começam a afetar bastante a sua qualidade de vida, é importante pensar em visitar um profissional de saúde na área da psicologia ou psiquiatria. O ideal é marcar uma consulta com o seu médico de família para perceber que tipo de acompanhamento pode ser mais eficaz na fase em que se encontra.
Sabemos que nem sempre é fácil recorrer à ajuda profissional, mas a verdade é que a saúde mental é tão importante quanto a física. Cuide de si e mantenha o equilíbrio.
Evite consumir informação em excesso
Mantermo-nos informados é extremamente importante, principalmente nos dias de hoje. Contudo, quando estamos constantemente a receber informação distinta, o nosso cérebro não descansa e os efeitos podem ser negativos para a nossa saúde mental.
Por isso já sabe, mantenha-se a par da atualidade, mas tente esquecer um pouco a inflação e a situação financeira que o país e o mundo atravessam nesta fase em que também a sua é uma dor de cabeça.
Manter a calma é crucial e deve ser uma prioridade, sobretudo quando pretendemos manter em dia a nossa saúde mental. Evite conflitos diários com a sua mente e tente sempre ver o lado positivo de cada situação. Acredite que tudo na vida é passageiro e que o ser humano é capaz de ultrapassar fases e cenários nunca antes imaginados.