Ao começar este artigo, tal como outros, a falar em empregados insatisfeitos e em más condições de trabalho, reconheço que possa transmitir de certa forma a imagem de quem tem uma visão idealista do mundo laboral. Muito pelo contrário, acredito firmemente que trabalho é trabalho, que há que dar sempre mais do que o 100%, e que por vezes há que fazer sacrifícios para obter os resultados que queremos.
Os recibos verdes…mais vantajosos para as empresas
Correndo o risco de estar a ser novamente repetitiva, pergunto-me aonde está o limite para este esforço? Se em outros artigos o foco principal eram os estagiários, neste vou partilhar a história de alguém que trabalha por recibos verdes. Apesar de este ser um regime que já existe há anos, está a ser cada vez mais utilizado por apresentar vantagens, sobretudo para as empresas. Já do lado dos trabalhadores, os recibos verdes parecem não trazer mais do que desvantagens…
Se não acreditam perguntem à Sara, que começou a trabalhar no início do ano para uma empresa neste tipo de regime, com a condição de assinar um contrato fixo passados seis meses. Claro que, ao aproximar-se o final deste período, “chegaram à conclusão” de que a Sara com certeza teria percebido mal, pois a proposta sempre foi para continuar a recibos verdes e, como se isto não fosse suficiente, com uma remuneração inferior, completamente insustentável.
Bullying laboral
Infelizmente, este tipo de situações não são assim tão pouco frequentes e a Sara já tem alguma experiência (e paciência) no que se refere a negociar propostas de emprego. Contudo, após muitas negociações e muito tempo perdido, começou uma nova fase na vida profissional da Sara: a da humilhação. Na tentativa de “vencer pelo cansaço”, a empresa agora optou por estratégias que podem ser consideradas bullying laboral e que passam pela crítica constante ao trabalho feito, pela manipulação do email profissional para prejudicar os resultados ou pela invenção de desculpas para não cumprir com os pagamentos.
Ao falar com a Sara, há pouco que lhe possa dizer para além de não se deixar vencer e de procurar outra oportunidade o mais rapidamente possível. Afinal de contas, tirando os desabafos com amigos, não há muitas alternativas para procurar ajuda neste tipo de situações.
Quanto à empresa? Consideram que a Sara devia de estar agradecida pois, se não fossem eles, estaria desempregada.
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Por Diana Pereira.
Licenciada em tradução pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Após uma primeira experiência laboral na área de terminologia, atualmente trabalha como estagiária numa empresa de marketing digital.
Licenciada em tradução pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Após uma primeira experiência laboral na área de terminologia, atualmente trabalha como estagiária numa empresa de marketing digital.