O óleo de palma tem estado no centro do debate, com marcas e organismos a defender o seu uso e a enaltecer as suas vantagens, enquanto outros tantos grupos e personalidades manifestam-se a favor da sua eliminação, de uma série de produtos e bens.
O que aqui pretendemos fazer, é mostrar-lhe os “dois lados da moeda”, ou seja, as vantagens e desvantagens do óleo de palma para que, assim, possa em consciência decidir sobre a maior ou menor presença que quer que este ingrediente tenha na sua vida quotidiana. Saiba mais!
Óleo de palma: o que é e em que é utilizado
O que é?
O óleo de palma, também conhecido em alguns países como azeite de dendê, é um óleo extraído da palma.
A extração do óleo de palma passa por vários processos operacionais. Primeiro, os frutos são colhidos e aquecidos a vapor, a fim de amolecer a polpa e encolher parcialmente as amêndoas. Os frutos passam por um digestor, formando uma massa prensada, de onde se extrai o óleo. Esse óleo “bruto” é encaminhado para o desaerador, onde ocorre a sua filtragem para remoção de resíduos. O óleo é, depois, colocado em tanques com a temperatura de 50°C.
Este óleo contém muitos ácidos gordos, como ácido palmítico, ácido esteárico, oleico (ómega 9) e linoleico (ómega 6), além de ser uma importante fonte de tocoferol e tocotrienol (vitamina E), que atuam como antioxidantes e, também, de betacaroteno (vitamina A).
Em que é utilizado?
O óleo de palma é usado numa variedade de produtos, nomeadamente alimentos e cosméticos, devido a conter antioxidantes, a combater os radicais livres e de alta absorção e, ainda, ao ser um conservante natural.
Especialmente no que respeita aos cuidados de pele e cabelo, este óleo e muito usado como matéria-prima em sabões e produtos que ajudam na reconstrução da pele. É, ainda, capaz de proteger e reparar danos causados pelo sol na pele; impede a destruição e oxidação das células da pele, ajudando a mantê-la com uma aparência jovem e saudável; evita o envelhecimento precoce; combate as rugas e linhas de expressão; ajuda na regeneração de tecidos com cortes ou ferimentos. O óleo é, também, um ótimo aditivo para cabelos secos e/ou encaracolados.
Na indústria alimentar, este óleo é usado desde chocolates a gelados, até margarinas e outros alimentos, onde se procure um efeito texturado e crocante.
Óleo de palma: vantagens e desvantagens
Vantagens
- É rico em vitaminas A e E e, por isso, bastante antioxidante;
- Tem alto teor em ómegas 6 e 9, responsáveis por regular o sistema imunitário e anti-inflamatório, respetivamente;
- Versátil e de baixo custo.
Desvantagens
- É constituído por gorduras saturadas, que podem provocaro aumento do LDL, conhecido como o “mau colesterol”;
- Desflorestação, aumento da emissão de gases de efeito estufa e destruição do habitat de várias espécies;
- A sua oxidação pode causar diversos tipos de intoxicação no organismo;
- O biodiesel, produzido a partir deste óleo, é três vezes mais nocivo para o clima do que o combustível tirado do petróleo.
Por que há oposição ao seu uso e consumo?
Conhecida a origem e uso do óleo de palma, há números alarmantes e que devem fazer todos pensar. Só na União Europeia, 61% do óleo de palma importado é usado para produzir energia: 51% (4,3 milhões de toneladas) para a produção do biodiesel, bem como 10% (0,8 milhões de toneladas) em fábricas, para a produção de energia e calor.
Todavia, apesar dos números e da constante reivindicação para o fim do uso de óleo de palma nos combustíveis e na indústria, a 14 de junho de 2018, os membros da UE decidiram continuar a permitir o uso do óleo como “bioenergia”, até ao ano de 2030.
Manifestação de 21.01.2019
A 21 de janeiro deste ano, ocorreu em Lisboa e em 5 outras capitais europeias um protesto que visou pedir o impedimento da presença do óleo de palma no gasóleo dos postos de abastecimento.
Para além das desvantagens já expostas, no que respeita aos efeitos nocivos para o clima, o uso do óleo de palma é, ainda, responsável pela destruição da floresta tropical na Malásia, na Indonésia, além de pressionar a Amazónia, na América do Sul, pondo ainda em risco algumas espécies, como os orangotangos.
Há, aliás, uma petição a decorrer contra o uso de óleo de palma nos biodiesel que conta já com centenas de milhares de assinaturas!
É ou não cancerígeno?
Desde há alguns anos, foi avançado de que o óleo de palma refinado seria potencialmente cancerígeno. Estudos levados a cabo pelas Comunidades Científicas Médica e de Nutrição de Itália – e publicados, em 2017, num relatório – concluíram que não há evidências de efeitos negativos, quando comparando o óleo de palma com outros óleos ricos em gorduras saturadas.
Aliás, outras pesquisas feitas, neste caso por um grupo de cientistas do centro de investigação Davos Life Science de Singapura, descobriu mesmo que há um composto natural presente no óleo de palma, que possui a capacidade de matar células cancerígenas.
Este composto – gama-tocotrienol – possui propriedades anticancerígenas, superiores às de um fármaco utilizado na quimioterapia do cancro da mama. As experiências in vitro mostraram que este elemento é capaz de inibir a dispersão das células cancerígenas para outros órgãos, com a vantagem de não afetar o normal funcionamento das células saudáveis.
O caso da Nutella
A Nutella, possuindo óleo de palma, foi um dos produtos mais afetados por esta polémica, chegando mesmo a sentir, em algumas fases, fortes quebras nas vendas. Por essa razão, no site da marca, é possível ler uma explicação, acerca do óleo de palma utilizado nos seus produtos alimentares. De acordo com a Nutella:
“O óleo de palma de Nutella é um óleo vegetal de excelente qualidade, proveniente exclusivamente de frutos recém-espremidos. É processado a temperaturas controladas, sendo a parte fundamental e final do processo feitas em nossas próprias instalações. É por essa razão que o óleo de palma de Nutella é seguro, como qualquer outro óleo vegetal de qualidade.”
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