Teresa Campos
Teresa Campos
09 Out, 2020 - 12:26

Já ouviu falar em pé boto? Conheça esta deformidade congénita

Teresa Campos

Já ouviu falar em pé boto? Esta é uma deformidade congénita, diagnosticável logo à nascença. Conheça as suas caraterísticas e os tratamentos mais comuns.

criança com pé boto

O pé boto ou pé equinovaro é uma das deformidades congénitas dos pés mais comuns. Ela atinge 1 a 8 em cada 1000 recém-nascidos. É mais comum nos rapazes e metade das situações é bilateral.

Apesar de haver solução para o problema do pé boto, a eficácia do tratamento depende de quando ele é iniciado, assim como do cumprimento das suas várias fases. É, por isso, importante respeitar todas as etapas estipuladas pelo médico, de modo a corrigir a deformação e a prevenir quaisquer recidivas.

Pé boto: o que é e como se carateriza

O pé boto é uma deformidade congénita de causa ainda não totalmente conhecida. Em alguns casos, este problema pode ter a ver com uma mutação genética que provoca uma paragem no crescimento do pé, durante o seu desenvolvimento embrionário. Noutras situações, esta deformidade pode estar associada a uma má posição fetal, durante o período de gestação.

Os casos mais comuns são: o pé boto equino, que se carateriza por ter o pé voltado para baixo, prolongando a própria estrutura da perna; e o pé varo em que a zona da frente do pé está desviada para o interior, resultando numa curvatura plantar pronunciada.

Este é um problema que carece de acompanhamento e de tratamento, caso contrário pode ter implicações na mobilidade da criança, impedindo ou dificultando o andar. A deformação pode ser unilateral ou bilateral, isto é, pode afetar um ou dois pés, respetivamente.

Sintomas e diagnóstico

O diagnóstico do pé boto é simples. Logo à nascença, é possível detetar este problema, pois o mau posicionamento do pé é visível e notório. Em alguns casos, até pode ser possível diagnosticar esta situação através do exame ecográfico, ainda durante a gravidez, entre as 14 e as 20 semanas de gestação, altura em que a má formação, a existir, já é visível.

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Pé boto: tudo o que precisa saber sobre os tratamentos

Se o diagnóstico da doença é rápido, não podemos dizer o mesmo do seu tratamento que pode ser longo e complexo. A sua eficácia depende muito do seu início. Portanto, é recomendável começar a tratar o pé boto logo nos primeiros meses de vida do bebé, seguindo todas as etapas estipuladas pelo especialista.

Nestas situações, o tratamento pode passar por manipulações ligeiras e progressivas, que ajudem a colocar o pé na posição devida. Para isso, pode recorrer-se a talas próprias que devem ser usadas por um dado período de tempo. Outros tratamentos possíveis, como o método Ponseti, fazem uso de gessos. Em algumas situações, pode ainda ser necessária a cirurgia.  

Quando os resutados não são suficientemente satisfatórios, pode ser preciso usar calçado ortopédico e fazer tratamento de reabilitação. A duração das terapias também vai depender da situação, podendo estender-se por um ou mais anos.

pessoa a manipular pé de bebé

Método Ponseti

O método de Ponseti propõe a manipulação do pé boto todas as semanas, colocando gesso em todo o membro inferior, mantendo o pé em abdução. Esta técnica leva a que os ossos sejam, progressivamente, alinhados e colocadas na sua posição correta, modelando também as articulações.

A aplicação de dez gessos costuma ser suficiente, até porque a manipulação e a imobilização em excesso também pode ser prejudiciais para os ossos.

Método Francês

Por outro lado, aquele que é conhecido como o método Francês  recorre a manipulações do pé todos os dias, as quais visam a estimulação dos músculos e a sua posterior imobilização com adesivos.

Ortótese

A colocação da ortótese segue-se, normalmente, à remoção do último gesso, 3 semanas após a tenotomia. A ortótese pode ser descrita como umas botas de cano alto, abertas à frente e ligadas por uma espécie de barra que deve garantir que a distância entre os calcanhares é idêntica à que existe entre os ombros. Os graus de rotação da ortótese vão depender se o pé boto é uni ou bilateral.

A ortótese deve ser usada diariamente, nos 3 meses que se seguem à remoção do último gesso. A partir desse momento, ela deve passar a ser utilizada por 12 horas durante a noite e por mais 2 a 4 horas durante o dia. Esta rotina deve manter-se até aos 3/4 anos da criança.

A colocação da ortótese é de grande importância, pois é muitas vezs ela que evita a recidiva da deformidade, algo que acontece em mais de 80% das situações.

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