Luana Freire
Luana Freire
23 Jun, 2017 - 09:00

Portugal é dos países onde os exames nacionais têm mais impacto

Luana Freire

No final do secundário, os exames são regra em toda a Europa, mas é em Portugal que a prova tem mais peso no acesso ao ensino superior.

Portugal é dos países onde os exames nacionais têm mais impacto

Os alunos portugueses já começaram a enfrentar o nervosismo que antecede os exames nacionais, mas não são os únicos. Em toda a Europa existe o mesmo cenário, mas no nosso país a pressão é maior.

O stress exagerado que nas próximas semanas vai correr as casas e escolas de Portugal tem uma explicação: cá, as provas finais do ensino secundário têm um papel diferente e assumem um forte impacto no acesso ao ensino superior, ao contrário do que acontece no resto da Europa, onde a sua função é certificar a conclusão dos estudos – e não limitar a entrada na universidade.

Portugal aplica os exames nacionais e limita o acesso à universidade

Em síntese, conclui-se que há exames nacionais em todos os países europeus, mas, para nós, a forma de lidar com esta prova é completamente diferente: Portugal é dos poucos países onde essas notas são utilizadas como instrumento essencial ao ingresso na faculdade.

Os dados foram revelados em 2014 no relatório das Condições de Acesso ao Ensino Superior e Exames na Europa, elaborado pelo Parlamento Europeu. De acordo com o documento, em países como Espanha, Alemanha, França e, até, na região nórdica e no Leste europeu, há exames nacionais para concluir os anos de escola – e a organização é semelhante à vista em Portugal, ou seja, os testes são divididos por disciplinas adaptadas às áreas de estudos dos estudantes.

Exames nacionais na Europa: Portugal está sozinho no rigor

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Regra geral, os exames que finalizam este ciclo de estudos servem para garantir a conclusão e certificar as competências. Para nós, no que diz respeito à utilização dos seus resultados, estamos um pouco sozinhos.

Em grande parte dos países – como Itália, França, Suécia e Alemanha – a nota dos exames é usada como referência, mas cada instituição em particular pode adotar os próprios critérios de admissão. Para salientar ainda mais as diferenças, o relatório do Parlamento Europeu conta que as universidades, lá fora, podem mesmo realizar novas provas.

O que dizem os especialistas

Domingos Fernandes, professor no Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, acredita que os exames nacionais em Portugal assumem um papel duplo – de certificar a conclusão dos estudos e de limitar o acesso ao ensino superior – e promove o desequilíbrio no seu sistema  educativo. Isto porque, para o docente, os alunos que cursam 11.º e o 12.º anos descuram das aprendizagens relevantes às diversas disciplinas, concentrando-se em excesso nas provas específicas que contam para o acesso aos cursos superiores escolhidos.

O especialista afirma que “temos que evoluir para um sistema de exames que esteja mais intrinsecamente ligado ao ensino secundário e que não tenham tanta preocupação de acesso ao ensino superior”. A opinião é apoiada por Jorge Ascensão, Presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais – Confap -, que também defende que os exames nacionais “não sejam tão determinantes” para o acesso ao ensino superior. Os estudantes portugueses estão “demasiado preocupados com a classificação para o prosseguimento de estudos”, diz Assunção.

O peso dos exames nacionais

Em Portugal, a nota final obtida nos exames nacionais tem um peso relevante de 30% sobre a nota final de cada disciplina. Quando o assunto é a entrada no ensino superior, o cenário muda e o impacto das provas específicas sobe para 50% na média de acesso – os restantes 50% da nota consideram a nota obtida na conclusão do ensino secundário.

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