Share the post "Renault 5: um clássico absoluto que regressará como elétrico"
O ano de 1972 marca o arranque da comercialização do Renault 5, modelo da marca francesa que, durante quase um quarto de século, marcou o panorama citadino por essa Europa fora.
O modelo surge em Portugal numa altura em que o nosso país celebra um acordo de cooperação com a então CEE (atual UE), Américo Tomás é reeleito Presidente da República e nasce o que viria a ser o Complexo de Sines.
As mudanças que se operavam globalmente na esfera política, económica e social, traziam também novidades no sector automóvel.
As marcas despontavam e, nesse ano, foi apresentado um conjunto de automóveis que marcaram o panorama social e desportivo. A par do Renault 5 surgiram, em 1972, o Peugeot 104, Fiat 126 ou Fiat 132/Argenta. No segmento dos roadster/cabrio, chegavam o belo Fiat X1/9 e o Jensen-Healey.
No segmento dos familiares, o Mercedes-Benz W116 dominava a par de modelos como o BMW Série 5, o Triumph Dolomite, o Ford Granada Mark I ou o Alfa Romeo Alfetta. Nos desportivos o destaque ia para o Maserati Merak ou o Lancia Stratos HF (que no campo desportivo viria a ter posição preponderante). Isto para citar só alguns.
Renault 5 líder de vendas em Portugal
O Renault 5, em 24 anos, só conheceu duas gerações – 1972-1984 (5.580.000 exemplares vendidos) e 1984-1996 (esta dividida em duas fases 1984-1987 e 1987-1996, com 3.436.650 de unidades comercializadas).
O modelo compacto, vocacionado para as cidades, foi adotado pelas pequenas famílias dos anos 70 e 80, que almejavam ter um automóvel não só para as suas deslocações de trabalho, mas também para os passeios de lazer. Por isso, conheceu um enorme êxito de vendas na Europa e não só.
Em Portugal este compacto foi líder incontestado de vendas. Os rivais diretos eram o Citröen AX, o Ford Fiesta, o Opel Corsa, o Peugeot 205 e o Rover Metro.
O “pocket rocket” R5 Turbo
A dinamização das vendas do citadino francês passou também pelo desenvolvimento e comercialização do musculado Renault 5 Turbo, em 1980.
Com motor central 1.4 litros, que debitava 160 cv, o modelo foi projetado para a competição, onde conquistou milhares de fãs por esse mundo fora. Obteve ainda lugar entre os denominados “pocket rocket”, muito devido à sua performance. A marca francesa apresentou-o no Salão Automóvel de Bruxelas, em janeiro de 1980.
No seu “B.I.” constava 0-100 km/h em 8 segundos e a velocidade máxima a superar os 200 km/h. O Renault 5 Turbo conquistou várias vitórias no início dos anos 80 em provas do WRC em França, Suíça, Hungria e Espanha.

Joaquim Moutinho e Edgar Fortes brilharam com R5 Turbo
No contexto desportivo, e em Portugal, o Renault 5 Turbo conheceu inegável sucesso com os resultados obtidos pela equipa Renault Gest Galp com Joaquim Moutinho ao volante, navegado por Edgar Fortes.
O lançamento do Troféu Monomarca, em ralis e corridas de velocidade, elevou o sucesso do modelo Super 5, com a criação da versão 5 GT Turbo. Ainda no capítulo desportivo, não pode ser esquecida a versão Renault 5 Alpine, cujo primeiro exemplar foi mostrado ao mundo no Salão Automóvel de Genebra, em março de 1976. A este seguiram-se uma série de outros modelos desportivos, que acompanharam os lançamentos dos modelos de série da marca francesa.
Recorde-se que no desporto a versão Alpine do R5 destacou-se em várias provas do Campeonato Mundial de Ralis, nomeadamente com pilotos como Jean Ragnotti, Guy Fréquelin ou Alain Coppier.
R5 elétrico chega em 2024
Atualmente, o Renault 5 praticamente desapareceu das nossas estradas. Porventura é possível ver a elegância das suas linhas nos encontros de clubes dedicados ao modelo.
No entanto, o ressurgir da sigla R5 no “mundo” dos automóveis elétricos vai mesmo ser uma realidade. Uma primeira proposta, ou seja “o empurrão que faltava” – o Renault Le 5 Concept –, surgiu há algum tempo por parte do designer italiano Marco Maltese, apaixonado pelo mítico Renault 5. Entretanto, a marca francesa anunciou que o R5 chegará em 2024, em formato elétrico.
As dúvidas dissiparam-se, recentemente, durante a apresentação da estratégia eWays que mais não é que o plano da marca francesa para a eletrificação do grupo, ação que contou com a presença de Luca de Meo.
Na sessão o CEO do Grupo Renault afirmou:
Dez novos modelos elétricos serão concebidos e até um milhão de veículos elétricos serão fabricados até 2030, desde veículos urbanos de baixo custo até carros esportivos de ponta. Além da eficiência, apostamos em designs icónicos como o amado R5 para trazer o toque da Renault à eletrificação: popularizar os carros elétricos
Baterias são “calcanhar de aquiles”
No encontro foi ainda revelado que até 2025 a Renault lançará 10 novos modelos elétricos, entre todas as marcas do grupo, quais os motores a utilizar, baterias e plataformas exclusivas para elétricos que serão utilizadas.
Ficou-se ainda a saber que o Renault 5 a lançar em 2024 será uma proposta mais rentável para a marca do que o Clio a combustão, uma vez que o custo de produção de baterias baixará, até àquela data, cerca de 33% por cento, valor que se refletirá no preço final do produto.
Para que essa percentagem seja uma realidade as baterias terão de ter um preço mais vantajoso. No entanto, não poderão ter mais densidade para acumulação de energia e, por consequência, não podem ser mais pesadas, nem ocupar mais espaço.
Para encontrar um ponto de equilíbrio a Renault aposta nas baterias com células de química NMC (Níquel, Manganês e Cobalto), que têm como vantagem permitir variar as quantidades de cada um dos metais presentes. Aspeto importante para permitir que o preço por kWh seja mais vantajoso.
O cobalto é o metal com custo mais elevado, além de ser o mais procurado. Atualmente é utilizado nas baterias da marca numa percentagem de 20% que, até 2024, terá de baixar para 10%. Isto para que o preço do Renault 5, a ser lançado nesse ano, seja 33% inferior ao do Zoe, outro elétrico da marca francesa que conhece forte sucesso.
Entretanto, até 2028 a marca pretende deixar de estar dependente do cobalto na conceção das baterias.

Novos motores e plataformas de alta eficiência para EV
Do conjunto de novidades anunciadas por Luca de Meo consta a introdução de dois novos motores elétricos que o grupo usará como solução eficiente para diversos modelos da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi.
Neste sentido, colocará o foco na utilização de motores do tipo Externally Excited Synchronous Motors (EESM), deixando de lado os motores elétricos com imãs permanentes.
A eletrificação automóvel contemplará, até 2025, a chegada de 10 novos veículos. O primeiro será no final deste ano, o novo Mégane E-Tech Eletric, que usará a nova plataforma CMF-EV específica para veículos elétricos.
O motor que equipará este Mégane terá uma potência de 160 kW, o que representa cerca de 217 cv, e estará igualmente disponível no Nissan Ariya e no futuro Alpine.
O segundo motor só será dado a conhecer mais perto da apresentação do Renault 5 elétrico. Mais pequeno, terá uma potência de cerca de 100 kW (136 cv) e equipará os modelos que surgirão com a segunda plataforma específica da marca, a CMF-B EV, que deverá ser utilizada no também desejado Renault 4ever.