Share the post "Um em cada cinco portugueses tem problemas de saúde mental"
Na maior parte das vezes não se sabe como chegou, o que nos faz, para onde nos leva. A incerteza instala-se, a incógnita adensa-se e da instabilidade cognitiva rapidamente se chega a sequelas físicas. A saúde mental é um inimigo silencioso, um estratego do caos, um problema que urge enfrentar de frente. Um em cada cinco portugueses sofre de algum tipo de perturbação mental. E a tendência é crescente.
Os números são sempre avassaladores. Cerca de 12% das doenças em todo o mundo são do foro mental. Nos países desenvolvidos, a cifra atinge os 23%. Esta cavalgada, dizem os especialistas, levará a que em 2030 sejam a primeira causa global de doença, o que provavelmente levará ao agravamento de outros números, como o suicídio.
É um cenário deveras preocupante, ainda mais quando se sabe que apenas um quarto dos doentes com perturbações mentais no mundo recebe tratamento, sendo que destes, só 10% recebem os cuidados considerados adequados.
Saúde mental: Portugal no topo da lista
Se olharmos para a realidade portuguesa, o panorama não fica mais risonho. Nem por sombras. Portugal é o segundo país com maior prevalência de doenças psiquiátricas, só ultrapassado pela Irlanda do Norte. Somos o quinto país da OCDE que mais ansiolíticos e antidepressivos consome, um número sem tendência a baixar. Há uma longa espera para as consultas de saúde mental.
O quadro é pouco convidativo e obriga a encontrar alternativas a montante, algo que contribua para que os primeiros, e quase despercebidos, sinais de eventuais perturbações possam ser atacados com firmeza. E a própria sociedade civil já começa a mobilizar-se em força para o combate a um problema grave de saúde pública.
Aplicação 29K FJN
A Fundação José Neves, por exemplo, lançou uma app, denominada 29k FJN, especialmente dedicada a esta temática, permitindo o acesso a um conjunto de ferramentas de suporte para a saúde mental e o desenvolvimento pessoal de cada um.
Sob o lema “Vivemos em média 29.000 dias. A decisão de os viveres de forma plena é tua!”, a app oferece uma experiência personalizada e o acesso a uma comunidade de apoio, de forma gratuita.
A aplicação permite escolher exercícios, meditações ou cursos de pequena duração, no sentido de amenizar sintomas de stress ou ansiedade, ataques de pânico, problemas nas relações, falta de concentração e sentimentos opressivos ou conversas interiores negativas.
A ideia é permitir que o utilizador se conheça melhor, aumente a auto-estima, consiga gerir os seus níveis de stress e ansiedade, se sinta menos sozinho e tenha plena consciência das suas emoções.

Lidar com a crise na Ucrânia
E como os tempos que vivemos são especialmente propícios ao incremento dos problemas de saúde mental, fruto da delicada situação internacional que se vive na Ucrânia, a aplicação 29k FJN da Fundação José Neves lançou o curso “Lidar com as crises” para ajudar quem se encontra a lutar contra a ansiedade e a preocupação provocadas pela guerra.
A ferramenta digital, que inclui exercícios e meditações validadas cientificamente, está disponível em inglês, ucraniano e russo e pode ser descarregada para iOS e Android aqui.
“A invasão da Ucrânia está a impactar negativamente todas as pessoas que, direta ou indiretamente, são afetadas pelo triste desenrolar de acontecimentos naquela região, com repercussões em toda a Europa e no mundo. Consciente disso mesmo, a Fundação José Neves, disponibiliza em Portugal uma ferramenta que pretende ajudar todos aqueles que se encontram no nosso país e que, nestes tempos de incerteza, necessitam de apoio para lidar com situações de ansiedade, preocupação e medo provocadas pela guerra”, afirma Carlos Oliveira, presidente executivo da Fundação José Neves.
A saúde mental não é algo que se deva enfrentar de ânimo leve. A única coisa que podemos controlar, num ambiente de incerteza, é, muitas vezes, a nossa atitude individual. Daí que estar atento a sinais próprios, ou de quem nos rodeia, seja cada vez mais um passo em frente para que os tais 29.000 dias sejam vividos em plenitude.