No coração da costa oeste da Escócia, uma ilha privada, chamada de Shuna, com um castelo abandonado ergue-se como um convite irresistível à imaginação.
A propriedade, agora colocada à venda por cerca de 6,5 milhões de euros, é um pedaço de terra selvagem e romântico, onde a história se confunde com a paisagem e o silêncio tem uma profundidade rara.
A chegada faz-se sempre com um certo assombro. Do mar, avista-se a silhueta do castelo de telhado plano, construído em 1911 pelo explorador George Buckley, que regressara da Antártida decidido a erguer ali um refúgio robusto.
Hoje, as paredes nuas e expostas ao vento são um símbolo perfeito deste lugar suspenso no tempo, esperando quem se atreva a lhe devolver a vida.
Shuna: uma experiência de isolamento
Shuna cobre aproximadamente 450 hectares e oferece uma experiência de isolamento quase total.
Não há estradas, não há trânsito, apenas trilhos de erva e cascalho que serpenteiam entre colinas, praias secretas e pradarias povoadas de cervos e ovelhas.
As enseadas de areia clara revelam-se nas marés baixas e, se o tempo ajudar, pode ver-se o reflexo dourado do sol a recortar os contornos das ruínas do castelo, que domina a paisagem como um guardião melancólico.
Passear pela ilha é percorrer nove milénios de ocupação humana. Há vestígios pré-históricos escondidos nas elevações, túmulos antigos e restos de construções que testemunham a passagem de clãs, monges e aventureiros.
Conta-se que São Columba ali esteve retido durante as suas viagens no século VII, e que Robert the Bruce concedeu formalmente estas terras em 1321.
Entre os campos, um rebanho de mais de 200 ovelhas da raça Beulah dá um toque vivo ao ambiente rústico, enquanto águias e corvos-marinhos vigiam a costa em busca de alimento.

Casas de férias
Os visitantes podem ficar numa das sete casas de férias distribuídas ao longo da ilha, todas abastecidas por energia solar e eólica, com o mínimo impacto no ambiente.
O luxo não se mede em ostentação, mas na sensação de ter o mundo inteiro à distância de um horizonte. Muitos vêm à procura de detox digital e acabam por regressar todos os anos, conquistados pela quietude e pelo modo de vida simples.
Durante a estadia, há muito por descobrir na região envolvente. O continente fica apenas a uma curta viagem de barco ou de helicóptero, com partida habitual de Oban, ponto de acesso às Hébridas e conhecido pela sua destilaria de whisky e pelo ambiente marítimo animado.
Um pouco mais a norte, os amantes de história podem explorar o Castelo de Duart, em Mull, ou aventurar-se até Fort William, de onde partem os trilhos para o Ben Nevis, a montanha mais alta do Reino Unido.
Para quem prefere experiências costeiras, Loch Linnhe oferece passeios de barco e observação de golfinhos, com paisagens que parecem pintadas à mão.
Quando o dia chega ao fim, há poucos lugares no mundo onde o crepúsculo tem um efeito tão profundo. O céu tinge-se de lilás e dourado por detrás das muralhas do castelo abandonado, lembrando que, por mais moderna que seja a vida, ainda existem refúgios onde o passado permanece intacto.
A Ilha de Shuna, agora à espera de um novo guardião, é muito mais do que uma propriedade à venda. É a promessa de um regresso essencial à beleza pura e à memória antiga da Escócia.