A sífilis é uma doença sexualmente transmissível (DST) causada por uma bactéria chamada Treponema pallidum, também conhecida por cancro duro.
Este problema de saúde não costuma manifestar sintomas na maioria dos casos e, mesmo quando estes ocorrem, podem demorar a surgir pelo menos três ou mais semanas após a infeção, o que acaba por dificultar o diagnóstico e o tratamento adequado.
Quando não tratada adequadamente, a sífilis pode causar lesões graves em órgãos como o cérebro e o coração, e até mesmo provocar a morte.
Transmissão da sífilis
Na maior parte dos casos, a doença é transmitida através de relações sexuais feitas sem contracetivos, entre elas o sexo vaginal, anal ou oral.
O risco de contaminação nas relações sexuais aumenta quando há feridas ou lesões no pénis ou na vagina, pois facilita a passagem da bactéria para o sangue. O uso do preservativo é assim o modo mais eficaz para evitar a sífilis.
Esta DST pode também ser transmitida durante a gravidez, ao passar de mãe para filho, e causa por vezes uma má-formação no feto. O bebé pode nascer cego, ser afetado nos ossos, ouvidos ou dentes, além de sofrer feridas na pele e na boca, aumento do fígado e do baço, anemia e dificuldade em ganhar peso, entre outros sintomas.
Em 40% dos casos de gestação ocorre um aborto espontâneo, morte à nascença ou neonatal devido à sífilis congénita. A criança pode ainda morrer na infância se surgirem problemas pulmonares.
Em casos mais raros, a doença pode ser transmitida através de objetos contaminados como agulhas de tatuagem e transfusões de sangue.
Sintomas da sífilis
Esta doença não manifesta quaisquer sintomas na maioria dos casos, como já foi referido neste artigo. No entanto, se os mesmos ocorrerem podem ser divididos em três fases, às quais também se dá o nome de Sífilis Primária, Secundária e Terciária.
Sífilis Primária
Cerca de três semanas após o contágio pode surgir o primeiro sintoma, visível através de uma ferida indolor. O seu aspeto é um pequeno caroço rosado que evolui, depois, para uma úlcera de cor avermelhada, coberta por uma secreção transparente.
Esta úlcera costuma surgir no local da infeção ou perto do mesmo, sendo habitual encontrar-se na uretra, no pénis, na vagina, no colo do útero, nos seios, no ânus, nos lábios ou na boca.
As mulheres podem ainda sofrer de infeção urinária, ter um corrimento vaginal amarelado, caroços nas virilhas e ver a sua menstruação atrasada ou com um ciclo desregulado.
No caso dos homens, as lesões cutâneas podem ser vistas na cabeça do pénis e ser facilmente confundidas com uma lesão temporária.
Se o problema não for tratado na primeira fase, os sintomas desaparecem espontaneamente após cerca de quatro a cinco semanas, mas podem regressar depois de semanas, meses ou anos, já nas formas Secundária ou Terciária, o que torna a situação mais grave.
Sífilis Secundária
Cerca de três a seis semanas após o aparecimento da úlcera, podem surgir sintomas como:
- Dores de cabeça;
- Dores de garganta;
- Dificuldade para engolir;
- Dores musculares;
- Dores nas articulações;
- Febre;
- Insónias;
- Cansaço extremo;
- Manchas rosadas;
- Caroços espalhados pelo corpo;
- Perda de apetite;
- Perda de peso;
- Descamação intensa da pele.
Quando esta doença afeta a pele e os órgãos internos significa que a bactéria já se espalhou pelo corpo. A fase da Sífilis Secundária costuma durar cerca de um ou dois anos, podendo os sintomas regredir espontaneamente.
No entanto, o doente não deve acreditar que está melhor após o desaparecimento dos sintomas, e sim procurar ajuda médica antes que a bactéria volte a estar ativa e evolua para a Sífilis Terciária.
Sífilis Terciária
Esta doença tem cura, mas pode levar à morte na terceira fase se não tiver sido tratada anteriormente. A Sífilis Terciária tende a demorar a ocorrer entre 1 a 20 anos após a infeção.
Esta fase é caracterizada por lesões maiores na pele, na boca e no nariz, além de poder ainda evoluir para situações clínicas muito graves ao causar sérios danos nos sistemas nervoso e cardiovascular, nos ossos, nos músculos e no fígado. Conheça outros sintomas graves:
- Cegueira;
- Alterações neurológicas (reflexos nervosos exagerados);
- Doenças psiquiátricas (paralisia geral progressiva, alterações de personalidade ou demência);
- Insuficiência do coração ou aneurisma e regurgitação da aorta, principal vaso sanguíneo do corpo;
- Enfraquecimento do sistema imunológico.
Estes sintomas podem manifestar-se entre 10 a 30 anos após a infeção inicial e caso não seja feito o tratamento da doença.
Diagnóstico da sífilis
Há várias formas de diagnosticar esta DST. Algumas delas são muito simples, pois passam pela observação e raspagem das feridas para ser avaliada a presença da bactéria.
Esta maneira de diagnosticar é importante quando o doente se encontra na fase da Sífilis Primária ou Secundária, altura em que as bactérias existem em grande quantidade.
Os exames de sangue também conseguem avaliar a presença de anticorpos contra a referida bactéria, e podem ser feitos entre duas a três semanas após a infeção. Este método é útil para investigar as suspeitas de infeção em pacientes que não têm lesões ativas.
No caso das grávidas, o diagnóstico da sífilis congénita pode ser confirmado através da observação da matéria nas lesões, de líquidos corporais ou tecidos do bebé, da dosagem de anticorpos em amostras de sangue do bebé ou do cordão umbilical.
A recolha de líquido cefalorraquidiano, que se encontra na medula espinal, pode ser precisa para se conseguir identificar a infeção no sistema nervoso, caso o doente se encontre na fase de Sífilis Terciária.
Tratamento da sífilis
A sífilis é fácil de curar quando se encontra ainda nas fases iniciais, sendo habitualmente tratada com injeções de penicilina. Este tratamento é também feito em mulheres grávidas para evitar que o bebé seja contagiado pela doença.
Caso o doente seja alérgico a penicilina, existem outros antibióticos que podem ser usados para combater esta DST. A dose e a duração da toma dos medicamentos depende da gravidade e do tempo de contaminação desta patologia. É recomendado que o doente não tenha relações sexuais durante o tratamento.
O paciente terá de realizar exames de sangue de três em três meses durante o primeiro ano de tratamento, para saber se este está a ser eficaz no combate à sífilis. Já no segundo ano, os exames são feitos apenas de seis em seis meses.
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