Há vários tipos de cólicas que nos podem afetar. As suas origens e causas não são sempre iguais, mesmo quando os sintomas são semelhantes. Apesar das cólicas nem sempre serem uma manifestação de um problema grave de saúde, elas podem tornar-se bastante incapacitantes. Portanto, fique a saber mais sobre as cólicas que o podem atingir.
Cólicas renais
As cólicas renais podem manifestar-se através de uma dor intermitente, cuja intensidade pode variar, desde um leve desconforto a uma dor forte do lado da obstrução. Porém, esta dor pode irradiar para o abdómen, virilha ou genitais. Em alguns casos, é mesmo necessário recorrer aos serviços hospitalares para alívio e controlo da dor.
Sintomas
Além da dor já descrita, a cólica renal pode ainda ser acompanhada de outros sintomas, como: náuseas e vómitos; aumento da frequência das micções ou imperiosidade de urinar; e/ou sangue na urina.
Causas
Na origem desta cólica e dor, está uma obstrução (total ou não) no aparelho urinário. Geralmente, esta obstrução pode estar associada à presença de cálculos, coágulos, necrose papilar, estenoses (apertos) de causa inflamatória ou parasitária, eg. tuberculose ou bilharziose, ou doença da junção pielo-ureteral ou, mais raramente, tumores uroteliais obstrutivos. Apesar de ser incomum, as causas também podem ser extrínsecas, como compressões por tumores de órgãos vizinhos, lesões traumáticas ou fibrose idiopática retroperitoneal.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico tem por base a historia clínica, a observação do doente e os exames de imagem, como um raio-x simples, uma ecografia do aparelho urinário e uma TAC.
Para alívio da sintomatologia associada à cólica renal, normalmente é administrada ao doente terapêutica de analgesía e profilaxia das complicações.
Se na origem da cólica estiverem cálculos, eles poderão ser eliminados naturalmente, se forem de pequena dimensão e estiverem numa localização que facilite a sua expulsão. Em caso de febre ou sofrimento recorrente, pode ser necessária uma intervenção cirúrgica para remoção do cálculo. Essa intervenção pode ser não invasiva (Litotricia Extracorporea por Onda de Choque; mini-invasiva (endoscópica); ou cruenta (cirurgia aberta).
Os cálculos eliminados devem ser sempre sujeitos a análise.
Cólica biliar
A cólica biliar ocorre quando existem cálculos na vesícula que entopem o canal cístico ou a via biliar. Este é um problema que afeta aproximadamente 10% dos europeus, sendo mais prevalente no género feminino. Esta condição pode aumentar o risco de cancro na vesícula.
Sintomas
O principal sintoma relacionado com este tipo de cólica é a dor na região do estômago ou abaixo das costelas, na zona direita. Porém, o desconforto pode irradiar para o lado esquerdo, para as costas, para o peito ou para o restante abdómen.
Geralmente, esta dor surge de forma súbita, normalmente à noite, e pode durar minutos ou horas. Além da dor, pode haver lugar a enjoos, vómitos, suores e palidez. Consequentemente, podem aparecer outras complicações, como: inflamação da vesícula (colecistite), das vias biliares (colangite) ou do pâncreas (pancreatite) e/ou febre e icterícia.
Causas
Na origem do surgimento destes cálculos, pode estar a cristalização de substâncias presentes na vesícula, como a bilirrubina e o colesterol. A junção de vários destes cristais pode resultar em cálculos. Esta situação é mais provável quando a bílis está muito concentrada com colesterol, por exemplo, ou quando a vesícula não esvazia apropriadamente.
Outra causas e fatores de risco para este problema são:
- mau funcionamento da vesícula biliar;
- obesidade;
- dieta rica em gorduras animais e poucos vegetais e fruta;
- falta de exercício físico;
- perda rápida de peso;
- longos períodos de jejum;
- toma de hormonas;
- uso de contracetivos;
- mais de 60 anos de idade;
- género feminino;
- história familiar;
- gravidez;
- diabetes;
- anemias hemolíticas;
- cirrose do fígado.
Diagnóstico e tratamento
Para detetar este problema, é importante que o doente faça uma ecografia ou TAC abdominais.
A terapêutica é recomendada quando há lugar a sintomas de cólica biliar, sendo que o tratamento mais eficaz para este problema é a cirurgia para retirar a vesícula (colecistectomia). Esta intervenção pode ser feita através de um corte na parede abdominal ou por via “laparoscópica”.
Em casos raros, podem ser usadas outras terapêuticas, como a dissolução dos cálculos por medicamentos ou por “ondas de choque”. Em alguns casos, o tratamento pode ainda ser realizado através de exame endoscópico.
Cólica menstrual
A cólica menstrual ou dismenorreia é um sintoma que pode surgir antes da chegada da menstruação e intensificar-se com o aparecimento do fluxo menstrual. Pode considerar-se que existem dois tipos de cólica: a primária, que se manifesta desde a primeira menstruação; e a secundária, que aparece depois de um período sem dor.
Enquanto a cólica primária tem origem no funcionamento do próprio organismo feminino; a cólica secundária pode estar associada a outras doenças, tais como:
- inflamações pélvicas;
- endometriose;
- fibromiomas;
- alterações nos ovários e/ou útero;
- uso de DIU;
- miomas;
- má formações uterinas;
- hímen não perfurado (que não permite a saída do fluxo menstrual).
Sintomas
Além da dor na região pélvica, associada à cólica, podem manifestar-se outros sintomas, nomeadamente:
- enjoos;
- diarreia;
- vómitos;
- cansaço;
- dor de cabeça;
- nervosismo;
- vertigem e desmaios.
Diagnóstico e tratamento
Quando a cólica menstrual se revela incapacitante, é importante fazer exames clínicos e laboratoriais, de modo a detetar a causa exata da dor. Em alguns casos, é recomendada a realização de ecografia pélvica ou transvaginal, tomografia computadorizada ou bacterioscopia da secreção vaginal, de modo a despistar possíveis inflamações do colo do útero, miomas, endometriose, entre outros problemas.
Quanto à terapêutica, em casos ligeiros, ela pode passar pela prática de exercício físico; pela ingestão de alimentos ricos em fibra; e pela aplicação de bolsas de água quente na zona com dor. Contudo, há quadros que exigem a toma de medicação, devidamente prescrita pelo médico.
Cólica intestinal
Os problemas digestivos e intestinais afetam milhares de pessoas em todo o mundo e podem ter várias causas, como má alimentação, baixo consumo de vitaminas, fibras e nutrientes ou flatulência. A cólica intestinal carateriza-se por uma dor leve a moderada, na região do abdómen.
Causas
As cólicas intestinais podem ter origem em:
- obstipação;
- flatulência;
- diarreia;
- não beber suficiente água;
- comer em excesso;
- fermentação dos alimentos, como grão de bico, repolho e refrigerantes;
- infeção intestinal;
- doença de Crohn;
- síndrome do intestino irritável;
- diverticulose;
- diverticulite.
Tratamento
Quando a cólica intestinal é intensa e recorrente, é importante procurar ajuda médica. Por vezes, a solução do problema pode estar, simplesmente, na mudança de alguns hábitos de vida, como beber mais água e fazer uma dieta mais equilibrada.