Valdemar Jorge
Valdemar Jorge
12 Jul, 2022 - 10:59

Abarth: o escorpião que se tornou no selo desportivo da Fiat

Valdemar Jorge

O nome Abarth está intimamente ligado ao desporto automóvel através da Fiat. Conheça a história da marca do símbolo do escorpião.

Símbolo da Arbath

A Abarth faz parte do imaginário do desporto automóvel desde os anos 1960, embora tenha sido fundada pelo italo-austríaco Carlo Abarth (ou Karl Abarth) em 1949. Atualmente a Abarth & C. S.p.A. pertence ao universo do grupo Stellantis através da Stellantis Italy e tem sede em Turim.

É identificada por um escudo estilizado com um escorpião em relevo num fundo amarelo e vermelho, símbolo que nos habituamos a ver associado aos modelos desportivos da Fiat.

Carlo Abarth um menino genial

Carlo Albert Abarth (Viena, 15 de novembro de 1908 – Viena, 24 de outubro de 1979) foi um bem sucedido piloto de motociclismo e empresário austríaco que também tinha a nacionalidade italiana.

Desde muito novo mostrou a sua genialidade e empreendedorismo. Conta-se que ainda não tinha 11 anos quando cobriu a roda de madeira da sua trotineta com uma correia de cabedal, para vencer os seus adversários mais velhos nas corridas de bairro.

Sempre ligado às corridas e à competição, é detentor de diversos recordes. Um deles conquistou-o ao volante de uma mota com sidecar, batendo o comboio Expresso do Oriente nos 1370 quilómetros que separam Viena da cidade belga de Ostende.

Durante a juventude trabalhou para a Carrozzeria Castagna (Itália), desenhando chassis de motos e bicicletas e para a Motor Thun. Participou em diversas competições de moto, vencendo a sua primeira prova com uma James Cycle, em Salzburgo (29 de julho de 1928).

Ainda como piloto foi cinco vezes campeão europeu, retirando-se das provas de competição após sofrer grave acidente em Linz. Mesmo assim, estabeleceu diversos recordes de velocidade no Autódromo Nacional de Monza (20 de outubro de 1965) e, em 31 de julho de 1971 vendeu a sua Abarth & C. – que tinha fundado em 31 de março de 1949, juntamente com Armando Scagliarini, em Turim –, à Fiat e retirou-se para Viena.

Abarth: vontade de vencer

Usando o símbolo do Escorpião como logotipo da marca, a Abarth dedicou-se, desde o primeiro dia de fundação, à construção de automóveis de corrida, tornando-se um dos mais importantes fornecedores de peças de alta performance, algo que ainda hoje é uma realidade.

Fundada em Bolonha com o que restou da maquinaria da falida empresa Cisitalia, a Abarth começou por produzir, no primeiro ano de atividade, o modelo 204A. E foi precisamente com este modelo que teve início o que hoje podemos chamar a “lenda do Escorpião” e a história de sucesso da Abarth.

Tudo aconteceu no rali Palermo-Monte Pellegrino, em 1950. O campeão Tazio Nuvolari terminava a sua carreira, como piloto, ao volante de um Abarth 204A (dois lugares e motor 1.100 cm3). O conhecido piloto terminava a prova em primeiro lugar na sua classe e, em quinto na classificação geral.

Desta forma começava a história do que atualmente é classificado como uma lenda do desporto automóvel: a Abarth.

Em 1951, a empresa muda-se para Turim e, no ano seguinte, fez a primeira colaboração com a Fiat. A fabricante produziu o Abarth 1500 biposto, com base na mecânica Fiat. Mais tarde (1960) continuou a granjear sucesso nas corridas de montanha e pista, onde competia com as afamadas marcas Porsche e Ferrari. Nesta fase apostava em motores com cubicagem entre os 850 cm3 e os 2.000 cm3.

Interior de um Abarth

Fiat compra Abarth em 1971

A 31 de julho de 1971 a Fiat adquire o património Abarth diretamente ao seu fundador e transforma-a numa divisão desportiva, com o engenheiro de motores Aurelio Lampredi aos comandos.

E é precisamente com Aurelio Lampredi que a Abarth prossegue, nos anos 70, 80 do século XX, o trilho do sucesso ao construir diversos carros de rali para as marcas do então Grupo Fiat.

Destacou-se nessa época o Fiat 131 Abarth Rally, como um dos mais bem sucedidos. Aliás, foi com um Fiat 131 Abarth Rally que Markku Allen venceu o Rally de Portugal, em 1981, uma das cinco vitórias que conquistou no nosso país.

Sublinhe-se que nesse ano bateu a concorrência e nomes como Henri Toivonen ou Michèle Mouton que conduzia o primeiro Audi Quattro de rali com tração às quatro rodas e que, nesse ano, fazia a sua estreia em troços de terra.

Dez anos após ser adquirida pela Fiat, a Abarth, enquanto empresa deixa de existir, sendo substituída pela Fiat Auto Gestione Sportiva, empresa que passou a gerir os programas desportivos da marca italiana.

Nos anos 80, 90 e 2000 o emblema do Escorpião surgiu em diversas versões desportivas de modelos Fiat como Uno, Bravo, Punto, Cinquecento e 500. Em fevereiro de 2007 a marca Abarth & C. S.p.A. é restabelecida e manteve-se sob o controlo da Fiat.

Regresso às vitórias na Córsega

Recordar é bom. E lembrar o sucesso de um modelo icónico da marca do Escorpião também. Precisamente no ano em que comemorou o 70.º aniversário, a marca italiana viu o Abarth 124 Rally conduzido por Enrico Brazzoli e Manuel Fenoli vencer o exigente rali da Córsega do WRC na categoria R-GT.

O piloto italiano averbava então, a pontuação máxima no ranking da FIA R-GT Cup. Entretanto, o pódio da categoria contava ainda com um outro Abarth: terceiro lugar para o Abarth 124 do Bernini Rally Team, conduzido por Alberto Sassi e Fabio Cangini. Em segundo lugar, na prova classificou-se a dupla polaca Polish Petr Nesetril e Jiri Cernoch, em Porsche 997 GT3.

Tratou-se de uma vitória emblemática que, no aniversário da Abarth, comemorou os mais de 10.000 triunfos alcançados pelos pilotos que costumavam conduzir ou ainda conduzem veículos com o emblema do Escorpião.

No passado, o Abarth 595, 695, 750, 850 e 1000 das categorias Turismo, Gran Turismo e séries sport alcançaram o maior número de vitórias.

Hoje o carro com mais vitórias em pilotos do sexo masculino é o Abarth 124 rally que, nas suas primeiras duas temporadas de provas automobilísticas, alcançou mais de 50 brilhantes resultados na categoria, vencendo a FIA R-GT Cup em 2018.

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