Marta Maia
Marta Maia
12 Jul, 2021 - 09:31

Banco de Portugal dedica moeda a Aristides de Sousa Mendes

Marta Maia

A homagem a Aristides de Sousa Mendes passa pelo lançamento de uma moeda colecionável e pela atribuição de honras de Panteão Nacional.

Aristides de Sousa Mendes

O ex-cônsul português Aristides de Sousa Mendes vai ser homenageado por várias instituições nacionais na altura em que se comemora o 136º aniversário do seu nascimento.

Entre outras atividades previstas está o lançamento de uma moeda colecionável e de edição limitada pelo Banco de Portugal.

A moeda de Aristides de Sousa Mendes

A moeda dedicada pelo Banco de Portugal ao cônsul Aristides de Sousa Mendes será lançada no dia 15 de julho e terá um valor facial de 5 euros.

De um lado, a moeda vai ter gravado um retrado do cônsul, acompanhado pela legenda “um justo entre as nações”. Do outro, serão gravados os valores que o cônsul representou durante a Segunda Guerra Mundial e que lhe valem, agora, a homenagem, acompanhados pela inscrição “nunca esquecer”.

A moeda de Aristides de Sousa Mendes vai poder ser comprada pelo valor facial no Banco de Portugal ou nas entidades bancárias, sempre ao balcão.

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Outras iniciativas de homenagem

Além da moeda comemorativa, Aristides de Sousa Mendes será lembrado no dia exato do seu aniversário (19 de julho) com uma cerimónia oficial no Parlamento. Nessa data será também inaugurado um busto do cônsul, oferecido ao Parlamento pelo grupo de trabalho que, desde o ano passado, prepara todas as homenagens oficiais.

Mais tarde, no dia 5 de outubro – quando Portugal celebra a Implantação da República -, será oficialmente concedida a honra de Panteão Nacional ao antigo cônsul português.

Ao contrário do que é habitual, em que os honrados do Panteão Nacional são transladados para lá, Aristides de Sousa Mendes será representado no edifício com um túmulo sem corpo, num gesto simbólico.

Quem foi Aristides de Sousa Mendes?

Aristides de Sousa Mendes foi cônsul de Portugal em Bordéus durante o período da Segunda Guerra Mundial. À revelia das ordens que tinha recebido do governo português (então liderado por António de Oliveira Salazar), concedeu milhares de vistos a judeus e refugiados para ajudá-los a sair dos territórios ocupados pelos nazis.

Aristides de Sousa Mendes é hoje considerado um herói do Holocausto, mas a generosidade valeu-lhe muito pouco reconhecimento na altura. Pelo contrário, quando as atividades que exercia foram descobertas, o cônsul enfrentou um processo disciplinar, sofreu uma penalização pesada do Estado e perdeu todas as regalias que tinha. Acabou por morrer praticamente sozinho e na miséria, muito embora tenha sido homenageado postumamente nos anos a seguir à sua morte.

Porquê homenagear Aristides de Sousa Mendes em 2021?

A proposta de concessão de honras de Panteão Nacional a Aristides de Sousa Mendes partiu da deputada Joacine Katar Moreira, quando ainda estava inscrita na Assembleia da República e representava o partido Livre.

A proposta foi aceite e, no ano passado, foi criado um grupo de trabalho que juntou familiares do antigo cônsul e deputados de todos os partidos (com exceção do Chega). Foi este grupo de trabalho que organizou todas as atividades para os próximos meses.

Quem mais está no Panteão Nacional?

As honras de Panteão Nacional são absolutamente excecionais e estão reservadas para as mais importantes personalidades da História de Portugal. Lá, Aristides de Sousa Mendes estará acompanhado de figuras como Sophia de Mello Breyner Andresen, Almeida Garrett, Teófilo Braga, Sidónio Pais ou Amália Rodrigues.

Porquê não trasladar o corpo para o Panteão?

Quando alguém recebe honras de Panteão Nacional, geralmente é trasladado para lá. O caso de Aristides de Sousa Mendes, no entanto, será diferente. Nascido em Alcácer do Sal – onde também foi enterrado -, o cônsul é, ainda hoje, uma figura central desta cidade alentejana.

E foi precisamente a pensar no impacto económico e turístico que a história de Aristides de Sousa Mendes tem para a região que, quando elaborou a proposta, Joacine Katar Moreira propôs que o cônsul fosse representado no Panteão Nacional por um caixão sem corpo, substituindo-se a tradicional trasladação.

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