Pedro Andrade
Pedro Andrade
17 Mai, 2019 - 08:49

Competências financeiras essenciais para toda a família

Pedro Andrade

Para fazer frente a imprevistos de forma equilibrada deverá ser capaz de dominar um conjunto de competências financeiras essenciais. Descubra quais.

Não é de agora que a expressão “apertar o cinto” entrou nas conversas diárias de milhões de portugueses. Se quer tomar as rédeas do seu saldo bancário sem colocar em risco o dia-a-dia, garanta o domínio de um conjunto de competências financeiras que vão ajudá-lo a tornar-se num especialista em poupanças.

Competências financeiras que deve adquirir ao longo da vida

Segundo dados recentes, a taxa de poupança dos portugueses está no nível mais baixo desde os últimos 23 anos. De acordo com o Eurostat, nunca a proporção de dinheiro que as famílias portuguesas colocam de lado foi tão baixa: a taxa de poupança em Portugal fixou-se, em 2017, nos 4,7%, o “pior” número desde 1995.

Para evitar surpresas desagradáveis deverá adquirir um conjunto de competências financeiras que prometem ajudá-lo a ultrapassar de forma sustentável todas as etapas da sua vida.

1. Gestão eficaz do saldo mensal

Se quer poupar deve começar por criar um orçamento mensal. É a forma mais eficaz para planear as finanças e controlar todos os gastos mensais (e até diários). O processo é bastante simples: comece por classificar as despesas, depois calcule e distinga os gastos mensais (entre os fixos e os variáveis).

Feitas as contas (depois de categorizadas as despesas e identificados todos os ganhos), será capaz de perceber qual o montante exato que sobra ao final de cada mês.

2. Capacidade de antecipação financeira

Estar preparado para enfrentar qualquer adversidade é essencial para evitar sufocos financeiros desnecessários. Assim sendo, os especialistas da matéria aconselham à criação de um fundo de emergência. Como? O montante que deve ter disponível tem por base o valor do salário ou das despesas mensais, classificando esses fundos num intervalo temporal entre três a 12 meses.

Assim sendo, deverá ter disponível no fundo de emergência um valor que corresponda a, pelo menos, três salários ou o total de três meses de despesas fixas.

3. Poupar a pensar na reforma

Infelizmente, este não é um hábito muito comum entre os portugueses. Ainda assim, esta é uma das competências financeiras essenciais para todos os trabalhadores em idade ativa.

Comece o mais depressa possível por traçar os objetivos dessa fase da vida.  Calcule o valor real da sua reforma e, com base no valor apurado, defina o montante mensal necessário que deverá colocar de parte para garantir um rendimento semelhante ao do seu salário.  Para garantir a máxima rentabilidade, aposte na aplicação desse montante em produtos financeiros.

Hoje em dia existem diversas soluções de investimento a médio e longo prazo: Planos Poupança Reforma (PPR), Certificados de Aforro e outros produtos indicados para este cenário específico.

4. Capacidade para poupar no dia-a-dia

Existem diversas formas de poupar todos os dias. Para tal, basta apenas uma boa dose de vontade e outra tanta de imaginação. Comece a levar a sua marmita para o trabalho e poupe centenas de euros em refeições fora de casa.

Faça o mesmo logo de manhã e aproveite para tomar o pequeno-almoço no conforto de sua casa enquanto poupa mais umas dezenas de euros ao final do mês.  Na altura de ir ao supermercado faça uma lista e cumpra à risca com as indicações que leva de casa. Chegado ao supermercado, opte pelos produtos de marca branca: em alguns casos, o valor final pode ser três vezes mais baixo.

Se utiliza carro próprio para as deslocações até ao local de trabalho, comece a poupar a cada quilómetro percorrido através da técnica de carpooling.  Como vê, não faltam oportunidades para poupar todos os dias de forma bastante simples e eficaz.

5. Evitar as compras por impulso

Este é um dos chamados “erros de principiante”. Para não cair em tentação e evitar compras por impulso opte por comprar com dinheiro e deixar de lado os cartões Multibanco e de crédito. Dessa forma sabe exatamente qual o valor disponível na sua carteira no final de cada compra e terá a consciência real de todos os gastos.

Se costuma receber constantemente, através do seu e-mail, novas promoções e “oportunidades únicas” de sites de compras online chegou a altura de fazer unsubscribe a esses produtos.

Para os menos radicais, crie uma regra que limita o número de horas em que visita os seus sites de compras favoritos (a uma hora por semana, por exemplo).  Sempre que vai às compras não se esqueça de aplicar a regra dos 10 segundos: segure o artigo que quer comprar e tente responder de forma rápida (em 10 segundos) a algumas questões essenciais: “quando vou usar o artigo?”, “preciso mesmo deste artigo?”, “posso adiar esta compra?”. Se não encontrar respostas para estas questões no tempo estipulado, deixe o produto na loja.

6. Evitar compras a crédito

A utilização do cartão de crédito pode ser um autêntico martírio para a sua saúde financeira. Os juros associados a estes movimentos são pagos em parcelas e, na maioria das vezes, nem se apercebe do verdadeiro valor deste tipo de pagamentos.

Para evitar surpresas desagradáveis e contas astronómicas, lembre-se que nunca deve gastar mais de 30% do limite disponível no seu cartão de crédito. Porquê? Os especialistas dizem que o risco de pagamento de juros desnecessários aumenta demasiado a partir do momento em que esse número é ultrapassado. Para evitar gastos excessivos opte pelos pagamentos a pronto.

7. Investir dinheiro de forma sustentável

Este é um tema recorrente quando falamos em poupança. Investir dinheiro de forma sustentável permite-lhe construir uma almofada financeira capaz de ajudá-lo a encarar todos os imprevistos.

As opções são várias, basta tomar decisões informadas e conscientes. A forma mais fácil e segura de investir o seu dinheiro é através dos depósitos a prazo. Ideais para quem está a começar e não quer investir muito dinheiro, os limites mínimos são bastante baixos e permitem-lhe ir acrescentando ao longo do tempo.

Mas há mais opções: pode investir em obrigações, ações, fundos mútuos, na bolsa ou em imobiliário. Tudo depende da sua disponibilidade financeira e dos riscos que está disposto a correr.  Este é um trabalho que exige paciência e que deve ser feito de consciência tranquila: invista apenas o montante que não lhe vai fazer falta.