Teresa Campos
Teresa Campos
27 Jul, 2020 - 11:55

Distúrbios alimentares: conheça os mais comuns

Teresa Campos

Em todo o mundo, há cerca de 70 milhões de pessoas que sofrem de distúrbios alimentares. Conheça os mais comuns e os seus principais sintomas.

mulher a rejeitar comida

As perturbações ou distúrbios alimentares dizem respeito a uma preocupação excessiva com o peso corporal, a qual conduz a comportamentos alimentares prejudiciais à saúde e ao bem-estar do indivíduo.

Os distúrbios alimentares, além de constituírem perturbações físicas, têm também uma dimensão psicológica e emocional. Se não forem devidamente diagnosticados, acompanhados e tratados, eles podem mesmo pôr em risco a vida do doente.

Principais distúrbios alimentares para ficar a conhecer

Cerca de 90% dos distúrbios alimentares afetam mulheres, principalmente jovens. Porém, os rapazes, sobretudo na pré-adolescência, também podem sofrer destas perturbações.

Há três tipos principais de distúrbios alimentares. São eles: a anorexia nervosa, a bulimia nervosa e o transtorno da compulsão alimentar periódica.

Anorexia nervosa

No caso desta perturbação alimentar, há uma distorção da imagem corporal, ou seja, o doente vê-se com excesso de peso, quando na verdade já está demasiadamente magro.

Na sequência dessa visão distorcida, os pacientes deixam de comer, praticam atividade física compulsivamente, perdendo cada vez mais peso e comprometendo o bom funcionamento do próprio organismo.

Bulimia nervosa

Já no caso deste distúrbio alimentar, os doentes tendem a consumir grandes quantidades de comida, que depois eliminam recorrendo a laxantes, clisteres, diuréticos, vómito e exercício físico excessivo.

Após comer, o paciente experiencia um sentimento de culpa que o impele à rejeição a todo o custo dos alimentos que acabou de ingerir. Este processo é, normalmente, solitário e as pessoas à volta podem não se aperceber dele.

Trata-se de um ciclo vicioso que funciona como uma forma do doente aliviar a tensão e a carga emocional.

Transtorno da compulsão alimentar periódica

Este transtorno assemelha-se à bulimia, com fases de consumo descontrolado de alimentos, embora neste distúrbio não haja lugar à eliminação do excesso de calorias ingeridas.

Mulher com depressão

Sintomas dos distúrbios alimentares

Anorexia nervosa

  • Consumo insuficiente de alimentos;
  • Perda excessiva de peso corporal;
  • Medo de engordar;
  • Nunca manifestar fome;
  • Distorção da auto-imagem;
  • Baixa auto-estima;
  • Obsessão pelo controlo das calorias e do peso corporal;
  • Depressão;
  • Evitar o convívio com amigos e atividades em grupo.

Bulimia nervosa

  • Ingestão de grandes quantidades de comida;
  • Indução do vómito;
  • Sentimentos de culpa e/ou vergonha;
  • Oscilações de peso;
  • Cáries dentárias;
  • Agressividade e/ou isolamento social;
  • Alteração do horário das refeições;
  • Idas frequentes ao WC, durante ou após a refeição (para vomitar);
  • Cicatrizes e calos nas mãos (devido à indução do vómito);
  • Obsessão pelo exercício físico.

Transtorno da compulsão alimentar periódica

  • Episódios de consumo de grandes quantidades de comida;
  • Sentimentos de culpa e/ou vergonha;
  • Comer mesmo sem apetite, até se sentir indisposto.

Consequências

Como é compreensível, todos estes comportamentos alimentares anómalos vão ter consequências físicas e psicológicas na saúde do doente, que podem ser mesmo irreversíveis ou fatais.

Além disso, muitas vezes, os distúrbios alimentares estão associados a outras perturbações, como a depressão, a ansiedade e o abuso do consumo de substâncias químicas.

Anorexia nervosa

  • Anemia;
  • Osteoporose;
  • Lesões cardíacas e cerebrais;
  • Secura da pele;
  • Enfraquecimento capilar;
  • Tonturas;
  • Alterações hormonais (não menstruar, por exemplo);
  • Problemas de estômago, fígado e rins.

Bulimia nervosa

  • Desgaste dos dentes;
  • Refluxo gástrico;
  • Enfarte do miocárdio;
  • Anemia;
  • Distúrbios hormonais;
  • Distensão do estômago;
  • Lesões no esófago;
  • Irritação crónica na garganta;
  • Inchaço nas mãos e nos pés.

Transtorno da compulsão alimentar periódica

Mulher com vómitos que podem cortar efeito da pílula

Causas possíveis

Na origem destes distúrbios alimentares podem estar razões de natureza genética, biológica, psicológica e ambiental.

Há ainda algumas caraterísticas relativamente comuns entre os doentes com estas perturbações, como uma baixa auto-estima; perfecionismo; impulsividade; ou experiências traumáticas (como violação, violência, morte de um ente querido).

Em algumas situações, o distúrbio alimentar pode deixar de se manifestar, voltando a manifestar-se sempre que o paciente atravessa um período mais stressante, como a entrada num novo emprego; a doença de alguém próximo; o fim de um relacionamento amoroso;…

mulher a liderar reunião após trabalhar a autoestima
Veja também Trabalhar a autoestima no contexto profissional: 12 dicas a seguir

Diagnóstico, tratamento e prevenção

O diagnóstico dos distúrbios alimentares nem sempre é uma tarefa fácil, já que o doente tende a ocultar o seu problema e, muitas vezes, as pessoas à sua volta não se apercebem da existência dessas perturbações.

Os psiquiatras e/ou os psicólogos são os profissionais mais aptos a diagnosticar, acompanhar e tratar estes distúrbios. Porém, a terapêutica deve passar por uma equipa multidisciplinar, em função dos danos físicos que estes comportamentos alimentares já tenham provocado. A terapia psicossocial e o aconselhamento nutricional são fundamentais.

Prevenir estes distúrbios nem sempre é fácil, pois as suas causas podem ser múltiplas. Ainda assim, é importante, desde cedo, sensibilizar as crianças e os jovens para a importância de se fazer uma alimentação saudável e exercício físico, sem recorrer a dietas muito rígidas ou a comportamentos obsessivos.

Veja também

Artigos Relacionados