Teresa Campos
Teresa Campos
20 Fev, 2024 - 12:43

Doença inflamatória do intestino: causas, sintomas e cuidados

Teresa Campos

A doença inflamatória do intestino afeta entre 7a 15 mil portugueses. As suas causas são, ainda, desconhecidas. Saiba mais.

A doença inflamatória do intestino (DII) carateriza-se por um intestino vermelho, inchado e com úlceras. Esta patologia pode dividir-se em dois grandes grupos: o da Colite Ulcerosa e o da Doença de Crohn.

Este distúrbio é mais frequente nos países do hemisfério norte e nos estratos socio-económicos mais elevados. Só em Portugal, a doença inflamatória do intestino atinge aproximadamente 7000 a 15000 pessoas, sofrendo 2,9/100000 habitantes/ano de Colite Ulcerosa e 2,4/100.000 de Doença de Crohn. Um assunto que interessa a todos, por isso fique a saber mais.

Doença inflamatória do intestino: sintomas e tratamentos

Doença inflamatória dos intestinos

A doença inflamatória do intestino é mais frequente em indivíduos entre os 15 e os 30 anos e os 60 e os 80 anos, faixa etária em que é mais comum a manifestação da Doença de Crohn. Perceba, agora, quais as causas e sintomas desta patologia.

Causas e sintomas

As causas da DII são ainda desconhecidas. No entanto, julga-se haver uma combinação de tendências genéticas com factores ambientais. O tabagismo, por exemplo, tem sido associado ao desenvolvimento de Colite Ulcerosa.

As manifestações da DII variam em função do tipo de patologia, ou seja, se falamos de uma colite ulcerosa ou da Doença de Crohn.

Colite ulcerosa

A colite afeta o revestimento interno do intestino grosso provocando inflamação, ulceração e hemorragia. Em momentos de crise, os portadores desta doença podem sofrer de diarreia com sangue, cólicas, cansaço, perda de apetite e perda de peso. Muitas vezes, a solução para este problema é mesmo a remoção do cólon.

Doença de Crohn

Neste caso, há uma inflamação que afeta toda a espessura da parede intestinal e que pode atingir qualquer parte do tubo digestivo, desde a boca até ao ânus. Os sintomas mais frequentes são dor abdominal, diarreia, hemorragia, perda de apetite, perda de peso, fraqueza, fadiga, náuseas, vómitos, febre e anemia. A cirurgia pode ser recomendada.

Pode, ainda, haver lugar a outros efeitos colaterais, provocados por ambas as doenças, tais como:

  • artrite;
  • articulações inchadas, doridas e rígidas;
  • úlceras orais;
  • febre;
  • olhos avermelhados, doridos e sensíveis à luz;
  • erupções cutâneas.
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Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico da doença inflamatória do intestino é fundamental para definir qual o tratamento mais indicado para cada caso. Assim, deve ser analisada pelo médico a história clínica do paciente, assim como serem feitos exames, tais como análises laboratoriais ao sangue e fezes, estudos radiológicos e exames endoscópicos. O estudo do tubo digestivo é, também, essencial para avaliar a extensão e gravidade do quadro clínico.

Uma vez concluído o diagnóstico, há que passar para a fase de tratamento, sem esquecer que há exames que devem ser feitos regularmente, de maneira a acompanhar a evolução da doença e a resposta do organismo ao tratamento.

O tratamento pode ser médico e/ou cirúrgico (este último em casos mais graves). Tudo depende das caraterísticas e extensão da doença. O objetivo é que esse tratamento atenue os sintomas da patologia e contribua para as lesões intestinais.

Terapêuticas biológicas

Atualmente, têm vindo a usar-se terapêuticas biológicas e imunomoduladoras que aliviam as crises inflamatórias e previnem crises futuras. Esta prevenção é importante, pois não só diminui o nível de dor e sofrimento do paciente, como evita a necessidade de cirurgia, de medicamentos mais agressivos e de internamentos hospitalares.

Algumas das terapêuticas que podem ser prescritas pelo clínico têm por base medicamentos anti-diarreicos, anti-espasmódicos ou fármacos que ajudam na absorção alimentar. Em situação de crises frequentes e agudas, são normalmente recomendados aminosalicilatos, corticóides, imunomoduladores e agentes biológicos.

Para combater os tais efeitos colaterais desta doença, de que já falámos, pode ser necessária a toma de medicamentos que ajudem na prevenção da osteoporose.

doença inflamatória do intestino: Cuidados a ter

Alimentação saudável para os intestinos

Como ainda se desconhecem as causas desta doença, não é possível saber como preveni-la. Contudo, hábitos de vida saudáveis são sempre recomendados.

Se já foi diagnosticado com a doença, então deve manter a sua saúde vigiada e fazer uma dieta equilibrada, de modo a evitar a perda de peso e a anemia, consequências algo frequentes na DII. É também importante não fumar, de maneira a reduzir o número de agudizações da doença.

A DII aumenta o risco de vir a ter cancro do cólon, por isso é essencial fazer um controlo e avaliação regulares do seu cólon, realizando colonoscopias, sempre que o seu médico assim recomende.

Terapia nutricional

Embora a tolerância e reação aos alimentos varie de pessoa para pessoa, fazer uma terapia nutricional equilibrada pode ser importante, de forma a evitar as substâncias mais suscetíveis de “agredir” a mucosa digestiva. Se sofre de DII, saiba os alimentos que deve evitar consumir:

  • Alimentos integrais ou com fibra (pão integral ou com sementes, cereais integrais, muesli, arroz integral, massa integral ou bolachas digestivas/integrais);
  • Alimentos com cafeína (café, chá preto, chá verde e alguns refrigerantes);
  • Refrigerantes, bebidas gaseificadas e bebidas alcoólicas;
  • Alguns condimentos e especiarias (picantes, pimenta, açafrão, entre outros);
  • Alimentos com gordura (fritos, batata-frita, pizza, fast-food, queijos gordos, frutos oleaginosos, como nozes, amendoins, amêndoas, entre outros);
  • Alimentos fermentáveis (leguminosas, como feijão, grão, favas, ervilhas, milho, pimentos e couves);
  • Leite e derivados com lactose;
  • Fruta com casca e frutas ácidas (laranja, limão, kiwi ou abacaxi);
  • Alimentos com elevado teor de açúcar (bolos, bolachas com creme, chocolates e sobremesas lácteas).

Se sofre desta doença e precisa de ajuda especializada, não hesite em contactar a Associação Portuguesa da Doença Inflamatória do Intestino.

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