Assunção Duarte
Assunção Duarte
27 Jun, 2023 - 11:22

Dumbphones: telefones pouco inteligentes ganham adeptos 

Assunção Duarte

Os dumbphones não são smart, não têm redes, nem apps, mas podem ser uma escolha inteligente para o nosso bem-estar.

dumbphones

Os dumbphones (telefones estúpidos) estão a atrair cada vez mais novos utilizadores entre os membros da Geração Z (os teenagers) e os Millenials (jovens adultos).

Este tipo de telemóvel, cujo nome o contrapõe ao smartphone (telemóvel inteligentes), saiu de moda à medida que os telefones inteligentes começaram a ser populares na primeira década deste século.

É nos EUA que o interesse por este tipo de equipamento está a crescer desde 2022, especialmente entre os mais jovens que parecem querer recuperar o seu tempo de vida offline.

E este regresso do “tijolo” americano é uma tendência que se espera que alastre também à Europa.

Dumbphones recuperam as funções essenciais do telefone

Um “telefone estúpido” equivale aos primeiros telemóveis que apenas serviam para fazer chamadas de voz ou enviar pequenas mensagens de texto (sms) recorrendo à rede da operadora.

Estes primeiros aparelhos, que fizeram as delícias da comunicação móvel na transição do século XX para o século XXI, depressa passaram de moda à medida que os telemóveis com internet começaram a oferecer funcionalidades cada vez mais complexas e atrativas.

Os modernos dumbphones recuperam estas funções essenciais, mas já apresentam diferenças face ao típico “tijolo” dos anos 2000 porque incluem algumas melhorias contemporâneas. Por exemplo, já incluem cobertura de rede 4G ou câmaras fotográficas.

Podem ainda ter mais alguns recursos ou serviços, uma espécie de versão light de algumas aplicações que as pessoas podem querer ter, mas a ideia é priorizar as funcionalidades básicas. E porquê? Porque o objetivo é ter menos telemóvel e ter mais vida.

Dumbphones: o passaporte para uma vida mais saudável

Há dois tipos de utilizadores para estes novos “telemóveis estúpidos”. Os mais velhos, que pretendem utilizar este telemóvel durante o fim de semana e descansar da pressão que um smartphone pode trazer aos seus momentos de lazer. E os mais jovens, que procuram recuperar a independência da tecnologia e reviver de forma nostálgica os bons velhos tempos offline.

Em comum estes utilizadores têm a vontade de estar mais ligados às pessoas da sua vida – família, amigos, colegas – estando mais presentes física e mentalmente, mas também a busca por uma experimentação da vida plena, sem ser apenas para a fotografia do Instagram.

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Escapar às pressões das redes sociais

As redes sociais podem consumir em média cerca de 7 horas por dia na vida de mais de 50% dos adolescentes ocidentais.

Os dumbphones contrariam diretamente esta utilização viciante que o scroll permanente pelas stories ou reels instaurou e que provou ter efeitos muito prejudiciais para a saúde física (doenças oculares e do aparelho ósseo e muscular pela fraca mobilidade), mas também para a saúde psicológica (depressão, ansiedade ou privação de sono). 

Este interesse pelos dumbphones, que parece representar um retrocesso tecnológico, está assim muito ligado não só a uma crescente consciência sobre o impacto negativo da tecnologia na própria saúde mental, mas também, e principalmente entre os teenagers, ao saudosismo romantizado de faz acreditar que a época pré-online era mais simples e mais feliz. 

Os dumbphones podem ser assim um bom caminho para uma desintoxicação do uso excessivo da tecnologia móvel.

Podemos optar pelo uso de um dumbphone ao fim de semana, para ver o resultado, e também recorrer a ele como primeiro telemóvel para um criança, ajudando a quebrar este ciclo logo nos primeiros anos.

Nada de apps, nada de internet, apenas acessibilidade útil e mais vida real entre amigos, família e planeta.

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