Pedro Andersson
Pedro Andersson
07 Jan, 2022 - 15:42

O Fundo de Emergência: a maior lição financeira de 2021

Pedro Andersson

Aproveite este ano de 2022 para criar (ou começar a criar) o seu Fundo de Emergência. Não precisa ser todo de uma vez, porque isso não é possível. Mas trace um plano.

Homem a avaliar o montante do seu fundo de emergência

Aprendeu a lição?

Muito sinceramente, durante algum tempo acreditei que o ano que acabou (2021) já seria de ampla recuperação e que poderíamos dizer adeus ao vírus. Como verificámos, isso não só não aconteceu como ainda sublinhou a dúvida (ou as dúvidas) sobre o que pode ainda vir a acontecer no futuro com novas variantes e consequências.

A grande lição que aprendi é que em todos os momentos temos de estar financeiramente preparados para TUDO, seja lá o que for. Não é relevante se é uma pandemia, uma guerra, desemprego, um acidente ou uma doença. Aquilo que vai fazer a diferença na sua vida é estar preparado ou não para aguentar pelo menos 6 meses a 1 ano de todas as suas despesas mensais e as da sua família.

A importância de ter um fundo de emergência

Praticamente todos os especialistas em finanças pessoais falam sempre num Fundo de Emergência entre 3 a 6 meses, no mínimo. Esta crise provocada pela Covid-19 veio mostrar-me que pode valer a pena ser mais conservador e apontar mais para os 12 meses do que para os 3 ou 6 meses. Que o digam as pessoas que trabalham nos setores mais afetados pela pandemia.

Felizmente, aprendi essa lição em 2008, com a crise do subprime (lembra-se?). Nessa altura, fui severamente afetado financeiramente (tive de recorrer às moratórias do banco) e decidi que isso não voltaria a acontecer. Foi esse evento que mudou a minha relação com o dinheiro. Assim, quando chegou a Covid-19 já tinha o meu fundo de emergência e – ainda não sabendo como me iria afetar – senti um enorme alívio porque sabia que pelo menos durante algum tempo conseguir-me-ia manter acima da linha de água.

Felizmente, não fui afetado financeiramente (até ao momento) pela Covid-19 e, portanto, faço parte daquela metade da população que nunca poupou tanto como nestes últimos dois anos. Mas não esqueço que a outra metade nunca passou por tempos tão difíceis como estes.

Assim, seja qual for a sua situação, aproveite este ano de 2022 para criar (ou começar a criar) o seu Fundo de Emergência. Não precisa ser todo de uma vez, porque isso não é possível. Mas trace um plano. Veja, pelo menos, qual é o valor que vai precisar no futuro. Faça as contas às suas despesas mensais fixas e absolutamente essenciais e multiplique-as por 12. O valor que lhe der é o montante que vai precisar juntar nos próximos 2, 3, 5 ou 6 anos.

Essa parcela de dinheiro vai ter de ir automaticamente para uma conta à parte – sagrada e intocável – sem nenhum risco de capital, mesmo que não renda nada ou muito pouco em juros.

O objetivo do Fundo de Emergência não é investir….

O objetivo do dinheiro do Fundo de Emergência não é investir para ganhar dinheiro: é guardar para manter o seu dinheiro, caso venha a precisar dele de um dia para o outro. Não pode estar preso a prazo a 1 ano ou dois. Tem de ter extrema liquidez (estar disponível no próprio dia ou 3 ou 4 dias depois, no máximo).

Também não pode estar sujeito a variações do mercado (como em produtos ligados às bolsas) porque se o evento for global (como esta pandemia) quando precisar do dinheiro o seu investimento pode, em poucas horas ou dias, despencar por aí abaixo e vai ter de o resgatar perdendo dinheiro, uma vez que não tem tempo para esperar que os mercados recuperem.

Não adie esta decisão de começar o seu Fundo de Emergência. Janeiro é um excelente mês para começar esse seu projeto pessoal ou familiar.

Não adianta estar a pensar em investir na sua reforma ou na casa dos seus sonhos se não tiver dinheiro para aguentar uma crise no presente ou no futuro mais próximo. Tem de planear financeiramente a sua vida em vários prazos ao mesmo. Mas se tiver de escolher, este é o primeiro de todos os degraus da escada: o Fundo de Emergência. Não salte degraus. Pode tropeçar e cair. Mais vale subir devagarinho e chegar lá acima.

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