Catarina Milheiro
Catarina Milheiro
16 Jan, 2024 - 15:19

Gatilhos emocionais: o que são e como identificá-los?

Catarina Milheiro

Já ouviu falar em gatilhos emocionais? A verdade é que podem ser tão fortes que mudam por completo as nossas vidas. Perceba por que motivo.

Se já ouviu falar em gatilhos emocionais, mas não percebeu muito bem o que são e como se deve ou não lidar com eles, este artigo vai tirar todas as suas dúvidas.

Gatilhos emocionais, também designados como gatilhos psicológicos, são situações ou acontecimentos que acionam um determinado tipo de emoção, trauma ou memória em nós. Uma simples palavra, um cheiro, um tom de voz ou até uma música podem ativar sentimentos que estavam contidos.

Por serem repentinos, os gatilhos têm o poder de tonarem alguns pensamentos disfuncionais. Ora, isto significa que os mesmos podem levar a que uma pessoa tenha comportamentos desesperados (como automutilação, por exemplo) com o objetivo de se livrarem das emoções negativas sentidas naquele momento.

Por isso mesmo, este é um assunto que deve ser abordado de forma séria. Só assim é possível aprender a lidar com os gatilhos emocionais de forma saudável, sem que afetem a nossa saúde mental. Fique connosco e saiba tudo.

O que são gatilhos emocionais?

Quando nos referimos a gatilhos emocionais, estamos a falar da resposta imediata que se dá no nosso cérebro quando exposto a experiências passadas. Ou seja, envolve emoções, pensamentos e comportamentos muito específicos conectados, de alguma forma, ao passado.

Podem ser quer negativos, como positivos, mas o importante é saber que nos remetem essencialmente a momentos que já aconteceram (no sentido de reviver aquilo).

Por exemplo: as lembranças de infância podem ser autênticos gatilhos emocionais bastante comuns nas nossas vidas. Afinal, há cheiros, pessoas, vozes e até a brisa do vento que nos vai remeter para um momento especial na nossa infância e rapidamente ficamos nostálgicos.

Quando somos crianças, não entendemos bem o mundo no qual vivemos e tudo parece maior do que é e por vezes até assustador. O que significa que, qualquer acontecimento nesta fase pode tornar-se num trauma e ficar gravado no nosso subconsciente. Por sua vez, sem nos apercebermos, iremos lidar com isso ao longo de toda a nossa vida.

O importante é compreendermos que tudo pode acionar um gatilho emocional em nós, desde cheiros, cores, gestos, pessoas, lugares e ações de outros à nossa volta. Por isso, é crucial compreender que os gatilhos não funcionam da mesma forma para todos e nem todas pessoas lidam de igual modo com eles.

De que forma nos podem afetar?

Ainda que possamos pensar que não, os gatilhos emocionais podem afetar-nos de forma positiva e negativa. E quando falamos na maneira em que os mesmos nos podem afetar, estamos a referirmo-nos diretamente aos sintomas.

Há quem possa reviver sintomas físicos quando se deparam com alguém ou com um local específico. Nesse caso, os gatilhos emocionais acabam por ser tão específicos que fogem de qualquer padrão sintomático.

Contudo, entre os sintomas mais comuns que podem estar associados a um gatilho, podemos listar os seguintes:

  • Medo;
  • Crises de pânico;
  • Desespero;
  • Stress;
  • Crises de ansiedade;
  • Perda de controlo;
  • Problemas de autoestima;
  • Sensação de vazio;
  • Flashbacks das situações associadas aos gatilhos emocionais acionados no momento;
  • Sentimento de inferioridade ou de culpa.

Para além disto tudo, podemos ainda referir também uma situação um pouco mais complexa que está associada ao relacionamento com as pessoas. Por exemplo: ao longo de uma conversa, podemos ouvir algo que atue como um gatilho na nossa mente e, de forma automática, reagirmos de forma agressiva.

Como a pessoa com quem estamos não sabe o que aquilo significa para nós, é possível que a situação comece a desgastar relacionamentos e amizades até. Por isso, aprender a identificar os gatilhos é o primeiro passo para saber lidar com eles.

Como lidar com os gatilhos emocionais? 5 dicas essenciais

1.

Compreenda os sintomas e aquilo que sente

Controlar o desespero e tentar entender o panorama geral do que está a acontecer quando um dos nossos gatilhos emocionais é acionado é o primeiro passo para lidarmos com a situação.

Para além disto, desvincular as emoções e desvalorizar os sintomas que possam surgir, também é uma boa estratégia para lidar com este tipo de momentos.

Pense bem sobre os cenários que acontecem, como se sente? A boca fica seca, tem dificuldades para articular as palavras ou fica com sentimento de culpa? Compreenda o que sente e alinhe o gatilho em si.

2.

Reflita sobre o que aconteceu

Se percebeu que alguma situação o fez reagir de forma exacerbada, volte atrás e reflita sobre como estava antes e o que sentiu fisicamente. Ou seja, o que se pretende é que entenda qual foi a situação do gatilho.

Responda a todas estas questões e se for preciso pode e deve até anotar numa folha e conversar com alguém sobre o assunto. Acredite que existem formas para criarmos estratégias e ferramentas emocionais para responder melhor em situações futuras.

3.

Acione gatilhos positivos

Uma ótima forma para lidar com os gatilhos emocionais é ouvir uma música feliz e animada, tomar um café com um amigo, ligar a um familiar, sentir um aroma que o remeta para boas memórias ou até fazer uma atividade que lhe dê prazer. Tudo isto irá ajudar a retirar o foco de uma emoção negativa.

4.

Reconheça os seus limites

Evite situações que possam acionar gatilhos em si se estiver mais stressado ou se por algum motivo até não tiver dormido bem. Falamos de situações tensas como reuniões, discussões entre amigos ou familiares, músicas e filmes tristes ou até um local associado a um trauma passado.

Caso não seja de todo possível evitar, prepare a sua mente e respire fundo até ficar o mais calmo e sereno possível.

5.

Faça terapia

Se os gatilhos emocionais são frequentes e modificam a sua maneira de estar na vida, então talvez o mais indicado seja consultar um profissional – como um psicólogo, por exemplo.

Há momentos nas nossas vidas em que o melhor é mesmo aceitarmos que precisamos da ajuda de outras pessoas para conseguirmos estar bem física e mentalmente. Por isso já sabe, se os gatilhos forem constantes e os sintomas o deixam triste e ansioso com facilidade, procure ajuda de um profissional e deixe-se levar.

Veja também