Catarina Milheiro
Catarina Milheiro
15 Dez, 2021 - 12:27

Gostava de ser espião? Saiba tudo sobre esta profissão

Catarina Milheiro

Conheça os exames, métodos e as missões de um espião e saiba como se pode candidatar.

espião

Sempre sonhou ser espião? Saiba que os serviços de informação estão empenhados na preparação de uma nova geração de agentes nacionais e, para o efeito, deu-se início a um processo rigoroso de seleção.

A verdade é que estes profissionais não gostam de ser chamados de espiões ou agentes secretos – no fundo, consideram que tem uma conotação negativa. Por isso mesmo, a designação correta é “oficiais de informações”.

Apesar de se saber muito pouco sobre os serviços secretos portugueses, nas últimas semanas o Sistema de Informação da República Portuguesa (SIRP) esteve, efetivamente, a recrutar espiões através da página oficial na internet.

Fique connosco e saiba tudo sobre esta profissão.

Ser espião em Portugal: tudo sobre a profissão

Para muitos, atuar como um espião pode parecer um trabalho de sonho onde impera a adrenalina, um bom salário e viagens frequentes, não é assim? Talvez porque os filmes que vemos nos transmitem tudo isso e muito mais.

No entanto, é necessário ter habilidades especiais e coragem para saber lidar com esta profissão da melhor forma possível e conseguir assim manter um equilíbrio entre a vida pessoal e profissional.

Mas afinal, o que é verdadeiramente essencial para se tornar num espião? Sabe o que fazem estes profissionais na prática? Vamos analisar.

espião informática

Em que consiste a profissão de espião? O que podem ou não fazer

Se sempre pensou que os serviços de informação podiam deter pessoas, interrogá-las ou fazer escutas, engane-se. A ação destes profissionais é bastante limitada.

Uma das principais missões de um espião é identificar agentes de ameaça, quer seja no campo da espionagem ou do terrorismo. Para isso, um bom espião precisa de ser discreto, de saber ouvir e ter capacidade de persuasão.

Tratam-se de características e qualidades cruciais: as pessoas têm de passar na rua sem darem por ele e é muito importante que o espião saiba qual a melhor forma de convencer o outro a fazer algo, por vezes, que vai além dos seus valores, por exemplo.

Contudo, a verdade é que Portugal é um país pequeno e a prova disso é precisamente a ligação do nosso país à Nato e à União Europeia. Tal faz com que os serviços de informação não tenham o alcance nem a dimensão de outros.

Em contrapartida, é importante ainda referir que é muito difícil introduzir elementos na investigação de grupos terroristas. Isto porque nestas situações, é necessário obrigá-los a cometerem crimes como uma forma de os agarrar e testar, por exemplo.

Ora, esta é uma situação que pode mesmo colocar determinadas questões éticas para os espiões.

Como é feito o recrutamento?

Como referimos anteriormente no artigo, o Sistema de Informação da República Portuguesa (SIRP) esteve a recrutar espiões através da página oficial na internet.

No fundo, o objetivo foi essencialmente contratar novos operacionais no terreno, analistas de informação e elementos para equipas de vigilância e de investigação para renovar as equipas que estão, neste momento, a integrar os mais importantes sistemas de informação nacionais.

Para se conseguir tornar num espião, saiba que deve ter entre 21 e 41 anos, sendo que os principais agentes (isto é, os oficiais de informação) têm de ser licenciados.

O recrutamento é para o Serviço de Informações de Segurança (SIS), que trata da informação interna, e para o Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED), que se dedica à informação externa.

Importa ainda lembrar que recrutar um espião é um processo lento e rigoroso, que inclui várias fases, assim como provas e avaliações psicológicas e físicas. Além disto, saiba que uma das regras imperativas para o candidato, é não poder ter cadastro criminal.

Como funciona o processo de seleção

Agora que já está a par do que precisa para se tornar num verdadeiro espião, é importante compreender como funciona o rigoroso e lento processo de seleção.

Existem várias fases que incluem provas e avaliações psicológicas e físicas, sendo que o passado de cada candidato é também avaliado (não podendo mesmo apresentar qualquer tipo de cadastro criminal).

Atente às etapas do processo de seleção:

  • 1ª etapa: trata-se de uma avaliação do currículo;
  • 2ª etapa: entrevista individual;
  • 3ª etapa: entrevista de grupos com outros candidatos elegidos até esta fase. Aqui o objetivo é analisar a capacidade de manter uma conversa e argumentar e ainda de verificar a habilidade para convencer os outros ou criar empatia, por exemplo;
  • 4ª etapa: o candidato que conseguir passar nas fases anteriores, irá ser sujeito a um longo conjunto de testes psicotécnicos, através dos quais se avalia o raciocínio, a inteligência pura e emocional, a cultura geral, entre outros aspetos;
  • 5ª etapa: segue-se uma entrevista um pouco mais intensa com a presença de psicólogos que avaliam a estabilidade do candidato.
  • 6ª etapa: depois de todas estas fases, existem ainda provas físicas e testes médicos bastante detalhados.

À medida que as etapas vão avançando, em cada fase vão sendo eliminadas pessoas. O objetivo é encontrar somente o/os candidato(s) ideal para assumir a função de espião.

A internet não é a única forma de recrutamento

Na verdade, a internet não é a única forma para arranjar novos elementos através de concurso. Por vezes, existem pessoas que por um determinado motivo ou devido a uma missão especial, interessam aos serviços de informação.

Nestes casos, são os próprios serviços que procuram aproximar-se destas pessoas, com o objetivo de os recrutarem. No fundo, o que acontece é o seguinte:

  • Numa primeira fase, tenta-se descobrir o máximo possível sobre a pessoa em causa, para que seja possível ter a certeza da escolha;
  • Depois, se fizer sentido, entra-se em contacto com a pessoa para perceber se há interesse e habilidades para assumir a função;
  • Por fim, quando esta relação deixa de ser útil, estas pessoas deixam de fazer parte dos serviços. No fundo é como se pudesse afirmar que se trata de uma analogia entre “namoro, casamento e divórcio”.

Além disso, saiba que estas pessoas que os serviços de informação pretendem captar podem residir dentro do próprio país ou no estrangeiro.

Relativamente aos motivos que levam as pessoas a quererem assumir a função de espião, podem ser vários. Entre os mais comuns estão o espírito de aventura, o dinheiro, a ideologia ou até mesmo a chantagem.

E apesar de alguns dos motivos serem de fácil compreensão, a chantagem é um pouco mais complexa para a maioria das pessoas. A verdade é que existem serviços de informação espalhados pelo mundo que recorrem efetivamente à chantagem, podendo funcionar como algo permanente ou temporário.

Mas no final, tudo se resume à confiança dentro da organização. Por isso já sabe, se pensa em candidatar-se à profissão de espião, certifique-se que tem as qualidades e aptidões necessárias para lidar com as mais diversas situações.

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