Ana Graça
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04 Jul, 2018 - 17:20

Síndrome de Estocolmo: quando se criam laços com o agressor

Ana Graça

A síndrome de Estocolmo desenvolve-se como consequência de um acontecimento traumático de gravidade extrema. Conheça os sintomas e o tratamento disponível.

Síndrome de Estocolmo: quando se criam laços com o agressor

A expressão síndrome de Estocolmo teve origem num célebre assalto a um banco sueco, em 1973, que durou vários dias. O assalto, que decorreu na capital sueca, tornou-se célebre devido aos fortes laços estabelecidos entre reféns e sequestradores.

Meses após o sequestro, os reféns continuaram a defender os sequestradores nos processos judiciais que se seguiram e a expressar por eles simpatia, empatia, lealdade e outros sentimentos positivos.

Foi o psicólogo que colaborou com a polícia neste assalto que se referiu a esta síndrome que, deste então, tem sido estudada pelas áreas da psicologia e criminologia.

Síndrome de Estocolmo: o que é?

O fenómeno da síndrome de Estocolmo tem lugar quando as vítimas passam a identificar-se emocionalmente com os infratores, inicialmente como modo de defesa, por medo de retaliação ou violência por parte dos mesmos.

Esta síndrome desenvolve-se em situações onde estão habitualmente presentes: relações de poder e coerção; ameaça de morte; danos físicos e/ou psicológicos; tempo prolongado de intimidação.

Ou seja, a síndrome de Estocolmo resulta de uma situação onde existe risco de vida, e é um mecanismo reativo perante o perigo eminente, em que o único objetivo é a luta pela sobrevivência. Não é uma tomada de decisão consciente ou uma escolha racional da parte da vítima. O que acontece é uma ativação inconsciente de um mecanismo de defesa psicológico, que ajuda a aceitar e a controlar o perigo e o trauma.

Pequenos gestos de gentileza por parte dos raptores tendem a ser ampliados e as tentativas de libertação são tidas como uma ameaça, das quais as vítimas têm receio de sair magoadas. Nestas situações extremas, as vítimas tendem a confundir a falta ou a diminuição do abuso por parte dos agressores, com atos de bondade.

Apesar da síndrome de Estocolmo ter surgido com o objetivo de explicar as reações das vítimas de rapto ou das pessoas mantidas em cativeiro por longos períodos, vários autores acreditam que esta síndrome pode ajudar a explicar alguns comportamentos exibidos por vítimas de outros crimes, nomeadamente vítimas de violência doméstica. Apesar de serem situações bastante distintas, a verdade é que em ambas as situações encontramos um grande desequilíbrio de poder entre agressor e vítima.

Quais os sintomas da síndrome de Estocolmo?

Os sintomas da síndrome de Estocolmo resultam de uma situação extrema, de grande stress físico, mental e emocional, todavia, não afetam de igual forma todas as pessoas. A forma como cada um de nós encara e ultrapassa determinados eventos traumáticos não é necessariamente igual.

3 características principais que têm sido encontradas nas pessoas que sofrem desta síndrome, embora nem sempre coexistam:

1) Sentimentos positivos do refém para com o seu raptor;

2) Medo, desconfiança e raiva para com as autoridades, da parte dos reféns;

3) Sentimentos positivos do raptor para com os reféns, à medida que estes começam a vê-lo como ser humano.

Pessoas que viveram uma situação extrema e que desenvolveram síndrome de Estocolmo podem desenvolver também sintomatologia compatível com a perturbação de Stress Pós-Traumático, manifestando alguns dos seguintes sintomas:

Qual o tratamento para a síndrome de Estocolmo?

tratamento para a síndrome de Estocolmo

Pessoas que apresentem esta síndrome deverão beneficiar de acompanhamento médico e psicológico. A duração do tratamento depende de várias variáveis, nomeadamente: estratégias que a vítima já possui para lidar com situações stressantes; a duração e o tipo de evento traumático a que esteve sujeita; a qualidade do suporte social de que dispõe; entre outras.

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