Assunção Duarte
Assunção Duarte
19 Mar, 2021 - 11:37

Ter um réptil como animal de estimação: será que vale a pena?

Assunção Duarte

Tutores de serpentes ou iguanas afirmam que os seus animais têm personalidades incríveis. Mas ter um réptil como animal de estimação não é para todos.

Ter um réptil como animal de estimação

Ter um réptil como animal de estimação pode revelar-se uma experiência maravilhosa, dizem os tutores. Para eles, a grande diferença entre ter um réptil ou outro animal qualquer reside no facto deste último ser um animal de sangue frio. Isso quer dizer que precisa do calor ambiente para manter a temperatura corporal e que o seu tutor tem de ter meios para lho proporcionar em permanência. 

Esta pequena grande diferença pode influenciar e muito a relação que o tutor vai ter com este animal. Será que os laços criados entre humanos e répteis podem ser parecidos com os criados com um cão, gato ou ave? E como é que os hábitos e comportamentos destes animais tão diferentes podem enriquecer o dia-a-dia dos seus tutores?  

Ter um réptil como animal de estimação: o que precisa saber

Os répteis interagem com os tutores

A interação varia muito de espécie para espécie. Algumas podem gostar mais de interação do que outras, mas ao contrário do que muitos pensam, a maioria dos répteis reconhece os seus donos, reage à sua presença e pode procurar o seu contacto. Como animais de sangue frio que são, podem até apreciar o calor das mãos ou do corpo humano.

O tutor deve observar o seu pet com olhos de investigador da natureza para perceber o seu comportamento e até que ponto uma interação mais próxima pode ser agradável para ambos. Aqui o essencial é que o tutor não trate o seu réptil como um animal domesticado logo à partida. Isto é particularmente importante se o seu réptil for de grande porte, como uma serpente gigante por exemplo. Neste caso talvez não seja boa ideia colocá-la ao pescoço quando tem fome porque pode dar-se o caso de esta o confundir com uma presa. 

Precisam de uma zona de temperatura ideal constante

Ter um reptilário em casa é essencial para quem quer ter um réptil como pet. Este será o local onde o seu réptil vai estar mais tempo. Aqui ele deve ter as quantidades adequadas para sua espécie de calor, luz ultravioleta e humidade. 

Claro que isto não impede que o retire do seu espaço e interaja com ele por breves ou longos momentos no exterior. Isso vai depender apenas do tipo de réptil que tem como pet, da temperatura do local onde vive e da estação do ano em que está. Se for no verão e estiver calor ele até pode gostar de um banho de sol direto. Mas tenha sempre em mente que, para a sua sobrevivência e bem estar,  ele tem de estar permanentemente num enquadramento de temperatura ideal.

Os répteis também precisam de enriquecimento ambiental  

Sendo animais muito mais parados do que um cão ou gato, os répteis também precisam de estimulação mental para se manterem saudáveis. Muitas vez basta a forma como lhe oferecemos a alimentação, desafiando-os a “caçarem-na”, para já estarmos a estimulá-los. Mas é igualmente necessário proporcionar-lhes esconderijos, estruturas para trepar, barreiras visuais ou mesmo piscinas. 

Tudo vai depender da espécie que escolher porque os estímulos devem estar adaptados aos sentidos que essa espécie mais utiliza no seu dia-a-dia. Se for o olfacto, deve oferecer-lhe diversidade de odores. Caso seja a visão, deve colocar no seu espaço elementos de cor forte que pode trocar de vez em quando. Se for o seu sentido táctil, deverá alterar as texturas dos objetos que põe no seu espaço ou o substrato que utiliza para cobrir o chão do reptilário. 

Não se esqueça também do enriquecimento social. Se o seu pet precisa de contacto com outros animais ou mesmo membros da sua espécie deve proporcionar-lho ou, se não for possível, deverá interagir mais frequentemente com ele. 

Homem com uma cobra de estimação

Os répteis podem passar doenças

Como qualquer animal de estimação, os répteis também podem ser portadores de alguma doença que possa afetar negativamente a saúde humana. Especialmente os grupos mais sensíveis como crianças, idosos ou indivíduos com o sistema imunitário comprometido. 

No caso dos répteis, pensa-se que cerca de 80 a 90% deste animais pode ser um portador saudável da bactéria salmonela que costuma provocar gastroenterite nos humanos. Mas o risco de transmissão é mínimo se estes lavarem bem as mãos depois de o manusearem ou de limparem o local onde ele vive. Uma prática que também deve ser estendia a qualquer tipo de animal de estimação que possa ter, seja ele um réptil, mamífero, ave ou anfíbio.

Também precisam de ir ao veterinário

Tal como todos os outros animais de estimação, o veterinário desempenha um papel fundamental na vida saudável do seu pet. Se não houver qualquer problema evidente, basta uma visita anual a um veterinário da especialidade. Prevenir problemas de saúde é sempre a melhor forma de prolongar a vida do seu animal. 

Podem ter grande longevidade e crescer muito

É muito importante que se informe sobre a longevidade do seu pet antes de o escolher e sobre quão grande poderá vir a ser o seu tamanho. Isso vai variar muito de espécie para espécie, mas 15 a 20 anos de longevidade não é raro em algumas das espécies mais comuns como iguanas ou tartarugas, e mais do que um metro de comprimento também. Saiba com o que pode contar para não ter “grandes” surpresas e conseguir assegurar o bem estar do seu animal durante toda a sua vida.

Alimentar um réptil pode ser desagradável

Os répteis costuma comer coisas que não são propriamente as que os humanos mais gostam de manusear. Desde as inócuas folhas e plantas, a insectos, pequenos pássaros ou roedores. Estes últimos podem tornar os momentos de alimentação um pouco stressantes e pouco apelativos para o tutor. Informe-se previamente sobre o tipo de alimentação especifica para o seu réptil e conheça as  lojas da especialidade que o podem ajudar a tornar este momento o melhor possível para ambos.

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Réptil como animal de estimação: o perfil ideal do tutor

Se procura um animal tranquilo e independente, que não estrague a sua casa, que não exige treino, que não incomoda os vizinhos com barulho e que lhe permita estar ausente muitas horas por dia, um réptil pode ser o seu animal de estimação ideal. Caso seja um tutor que gosta de interação calma, que adora observar a natureza e não se incomoda com a comida pouco apetitosa dos répteis, este pode até ser o animal perfeito para si.

Mas se tem crianças em casa e se quer uma companhia interativa permanente e exigente, para todas as horas do dia, o réptil não é o seu pet ideal. Ele muito dificilmente se vai adaptar a carícias constantes ou às brincadeiras dos miúdos. 

E lembre-se que, se quiser ter um réptil como pet, deve adoptá-lo sempre de forma legal, com certificação própria, junto de lojas ou entidades oficiais. Só assim não estará a colocar em perigo a sobrevivência da sua espécie nem a segurança dos humanos que o negoceiam.

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