Filomena Morais
Filomena Morais
03 Jun, 2016 - 08:53

Zika: risco elevado em Portugal

Filomena Morais

A Organização Mundial de Saúde (OMS) elevou de baixo para moderado o risco de propagação do vírus Zika, durante este verão.

Zika: risco elevado em Portugal

Carla Sousa, investigadora entomológica no Instituto de Higiene e Medicina Tropical, explica que o alerta difundido pela OMS se deve à existência nos pontos geográficos mencionados do mosquito Aedes aegypti – o principal responsável pela transmissão do vírus Zika.

Um outro mosquito, Aedes albopictus, é também responsável pela transmissão do vírus e tem vindo a colonizar vários países europeus desde os anos 80 do século passado, aproximando-se bastante do nosso país, em particular do Algarve.


Vírus Zika com risco mais elevado na Madeira

Em entrevista à Lusa, Carla Sousa afirmou que “Portugal, desde há duas ou três décadas, quando vemos mapas de risco para a introdução destes mosquitos, por questões geográficas, históricas e agora por questões económicas, é sempre um território de alto risco para a introdução de qualquer uma destas espécies”. Estes mosquitos são responsáveis também pela transmissão de outras doenças como o Dengue ou a Febre Amarela.

O movimento destes mosquitos era feito, tradicionalmente, nos transportes de cargas de pneus usados ou de bambus da sorte. Ora, Portugal mantém ligações comerciais regulares com países que têm populações destes mosquitos, por isso tem várias portas abertas para a sua entrada.

O mosquito que existe na Madeira terá tido a sua proveniência na Venezuela ou no Brasil, o que acompanha as tendências migratórias, já que a Venezuela tem um grande número de madeirenses emigrados e a Madeira é um destino cada vez mais procurado por brasileiros.

Os ovos destes mosquitos conseguem sobreviver até seis meses (sem necessitarem de água) e podem ser facilmente transportados de um lado para o outro, numa simples base para vasos. Mesmo que o local de destino seja uma zona livre, basta haver contacto da base com água para que os ovos consigam eclodir e dêem origem a uma nova população de mosquitos transmissores daquelas doenças.

Uma vez que impedir a entrada de mosquitos e/ou ovos é uma tarefa quase impossível, o foco da ação centra-se numa vigilância que permita detetar de forma precoce a existência de comunidades invasores. Isso permitirá iniciar ações de erradicação do mosquito.

Essa é a medida mais eficaz na prevenção destas doenças, pois para além da presença daqueles mosquitos, é também necessário coexistirem no mesmo espaço geográfico humanos suscetíveis a contraí-las e ainda o próprio vírus.

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