Teresa Campos
Teresa Campos
17 Jul, 2019 - 13:43

Cancro na terceira idade: perceba as suas particularidades

Teresa Campos

Estudos apontam para que, num futuro próximo, o cancro na terceira idade se torne numa realidade cada vez mais frequente. Conheça as suas particularidades.

Cancro na terceira idade: perceba as suas particularidades

Já em 2015, previa-se que, na Europa, houvesse um aumento de 22% no número de indivíduos com mais de 65 anos de idade e um aumento de 50% nos indivíduos com mais de 80 anos de idade. O cancro na terceira idade é, infelizmente, uma realidade crescente.

Se o alargamento da esperança média de vida é um motivo de satisfação para todos, ele deve também levar-nos a analisar outras questões e problemáticas, como falar de cancro na terceira idade. Isto, porque o envelhecimento é, de facto, o principal fator de risco para o desenvolvimento de doenças cancerígenas.

Um estudo do Kings College London concluiu que o número de idosos com cancro pode aumentar para mais do triplo, em 2040, ou seja, um quarto dos idosos irá ter doenças do foro oncológico. Assim, o cancro na terceira idade será cada vez mais uma realidade para a qual devemos estar preparados, embora as probabilidades de cura sejam também cada vez maiores. Fique a perceber.

O envelhecimento e o cancro na terceira idade

cancro na terceira idade

Todos sabemos que o envelhecimento provoca alterações fisiológicas que, entre outros efeitos, podem enfraquecer os mecanismos de defesa do corpo, tornando-o menos saudável e menos protegido face a algumas doenças.

O cancro é uma delas, mas o maior desafio num paciente idoso é conseguir tratar esta patologia quando ela é partilhada com outras doenças, nomeadamente crónicas, muito frequentes na população sénior.

Basicamente, as doenças que iremos listar em seguida apresentam, por via das suas caraterísticas ou medicamentos associados, incompatibilidades com muitos dos tratamentos para o cancro, à cabeça a quimioterapia. Por isso, atente:

  • Problemas cardíacos: alguns fármacos da quimioterapia podem provocar lesões cardíacas, da mesma forma que alguns medicamentos para cardíacos podem interferir com os tratamentos de quimioterapia.
  • Problemas pulmonares: várias problemas pulmonares podem dificultar a tolerância aos à quimioterapia.
  • Insuficiência renal: Diversos fármacos usados na quimioterapia são eliminados por via renal. Logo, se o paciente sofrer, por exemplo, de disfunção renal, pode não conseguir fazer os tratamentos de quimioterapia.
  • Distúrbios gástricos: a quimioterapia tende a agravar estes problemas, visto que muitos dos seus medicamentos provocam náuseas, vómitos e diarreia.
  • Depressão: quadros de depressão ou ansiedade podem ser agravados devido aos tratamentos para o cancro que causam, frequentemente, fadiga, tonturas, entre outros efeitos secundários.
  • Anemia: pacientes que sofram de anemia podem, ao longo do período de tratamentos, necessitar de fazer algumas paragens ou, mesmo, receber transfusões sanguíneas.

Outros obstáculos para o tratamento do cancro, bastante comuns entre a população idosa:

  • Perda de memória;
  • Dificuldades de audição;
  • Má nutrição/perda de peso;
  • Hábitos de vida pouco saudáveis, como fumar ou consumir bebidas alcoólicas;
  • Perda de autonomia.

Problemas sociais associados ao cancro na terceira idade

Para além da existência de outras doenças poder dificultar os tratamentos a administrar a um doente oncológico, há outros fatores que podem interferir no sucesso dos tratamentos. Assim, há que ter em conta:

  • Independência: durante os tratamentos, nomeadamente de quimioterapia, o idoso pode perder alguma da autonomia que, até esse momento, mantinha. Tal, nem sempre é bem recebido e pode constituir um fator de stress.
  • Isolamento social: a solidão de muitos séniores é ainda mais grave em situações de doença, nomeadamente oncológica. Nestes casos, é fundamental que o paciente partilhe as suas angústias com a equipa médica que o poderá reencaminhar para grupos de apoio.
  • Preocupações financeiras: a pobreza e os baixos recursos entre a população sénior é uma realidade frequente e que pode interferir no momento de ser necessários despender mais dinheiro na farmácia, por exemplo. Este é outro assunto que o paciente deve expor à equipa de oncologia que o acompanha.
  • Limitações físicas: problemas ou dificuldades de mobilidade pré-existentes podem ser um grande obstáculo quando por via da doença oncológica e dos tratamentos de quimioterapia o paciente fica mais fragilizado. Nestas situações, há que reforçar a segurança em casa e, se possível, procurar estar acompanhado.
  • Transporte: quando os séniores já não conseguem conduzir, o transporte até às consultas e tratamentos pode ser um problema, caso dependam da disponibilidade de alguém ou caso tenha de despender dinheiro para requisitar os serviços de um táxi, por exemplo.

O que o médico deve saber sobre si?

  • Todos os medicamentos que está a tomar;
  • História médica completa (doenças passadas e presentes);
  • Sintomas que verifique;
  • Aspetos que possam dificultar o acesso ao tratamento;
  • Médicos que o acompanham e familiares mais próximos.
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