Pedro Andersson
Pedro Andersson
06 Ago, 2020 - 13:11

Como ver-se livre das comissões bancárias?

Pedro Andersson

Só continua a pagar comissões altas se quiser. Procure alternativas mais baratas pelos mesmos serviços ou melhores. É o seu “poder” enquanto consumidor.

O Millennium BCP acaba de anunciar que a partir de 1 de novembro vai acabar com várias isenções de comissões de manutenção de conta. Nada contra o BCP, é apenas um dos muitos bancos que estão regularmente a aumentar as comissões ou a tornar as isenções mais difíceis.  

Este caso recente chamou-me a atenção porque, até agora, os bancos “perdoavam” as comissões aos clientes mais “ricos”. Mas nesta situação, nem isso os livra. Nem os que têm mais de 10 mil euros no banco ficam isentos de comissões de manutenção de conta a partir de 1 de Novembro. 

Até ao momento, os clientes com mais de 10 mil euros na conta tinham isenção do pagamento de comissão de manutenção de conta. A seguir ao Verão, todos os clientes das contas Millennium Start, Conta U — para os mais jovens – Millennium, Herança Indivisa e Standard vão passar a pagar uma comissão de 5,41 euros por mês (já com o imposto de selo). Ou seja, por ano, vai pagar no mínimo 64,90 euros. 

Basicamente, o caminho é ninguém (ou quase ninguém) ter direito a isenções. É pôr toda a gente a pagar. 

A informação está na página principal do homebanking (mesmo que não seja cliente). Se é cliente leia com atenção, para saber se vai ser afetado por esta alteração ou não. 

Não se iluda. Mesmo que este não seja o seu banco, convença-se de que este foi o caminho que os bancos escolheram para manterem os lucros: alargar e subir as comissões para compensar todas as perdas que têm tido. 

Mantêm-se algumas isenções para não pagar esta comissão e que estão no preçário que entrará em vigor em Novembro: se tiver menos de 23 anos; se tiver ordenado ou a pensão domiciliados; ou se fizer compras em cartões de crédito ou de débito acima de 400 euros todos os meses.  

A opção da conta de serviços mínimos bancários 

Devo recordar-lhe sempre que se só tiver uma conta à ordem em Portugal, pode pedir para a transformar numa conta de serviços mínimos bancários e fica a pagar só cerca de 5 euros por ano (ou 38 cêntimos por mês, conforme os bancos) pela conta e pelo cartão multibanco. 

De acordo com o Banco de Portugal, são cada vez mais os portugueses que estão a aderir às Contas de serviços mínimos bancários. Cresceram 13,4% só no 1º semestre de 2020. Porque será?

A 30 de junho de 2020, existiam 117.491 contas de serviços mínimos bancários e continuam a crescer. 

Qualquer pessoa singular pode aceder aos serviços mínimos bancários se só tiver uma única conta à ordem em Portugal, a qual pode ser convertida numa conta de serviços mínimos bancários. 

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As pessoas com mais de 65 anos ou com grau de invalidez permanente igual ou superior a 60% podem ter como contitulares de uma conta de serviços mínimos bancários pessoas singulares que detenham outras contas de depósito à ordem. Por sua vez, a conta de depósito à ordem destes contitulares também pode ser uma conta de serviços mínimos bancários.  

Portanto, como vê – a menos que esteja com o crédito à habitação a prendê-lo ao seu banco – tem várias alternativas grátis (ActivoBank, Moey, Openbank, por exemplo) e as contas de Serviços Mínimos Bancários. Pesquise, informe-se e insista, mesmo que o funcionário do banco o tente convencer do contrário. 

Só continua a pagar comissões altas se quiser. Sublinho que 65 euros é o equivalente a uma fatura de eletricidade ou duas de água. Ou a 135 litros de leite. Tendo alternativas, é dinheiro que fica no seu bolso para gastar como quiser. 

Nada me move contra os bancos. Apenas procuro sempre alternativas mais baratas pelos mesmos serviços ou melhores. Quando encontro, mudo. É o meu “poder” enquanto consumidor. 

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