Catarina Reis
Catarina Reis
17 Jan, 2023 - 10:35

Como evitar a discriminação no trabalho híbrido

Catarina Reis

A discriminação no trabalho híbrido é algo a que se deve estar atento, pois não é algo que aconteça apenas no escritório. Saiba como a evitar.

pessoa em vídeochamada para promover networking remoto

Como é sabido, o trabalho presencial sofreu uma mudança de paradigma no mercado de trabalho global. Já vinha sendo anunciado há algum tempo, mas a pandemia foi o gatilho que fez disparar o recurso a modelos de trabalho que poderiam substituir o presencial. Estamos a falar do trabalho remoto, ou daquele que representa um meio termo entre uma realidade e a outra – o trabalho híbrido.

Mas entre tantas mudanças, estão os direitos dos colaboradores a ser respeitados? Há discriminação no trabalho híbrido? Conheça as respostas.

O que é o trabalho híbrido?

O formato de trabalho híbrido é uma mistura entre os modelos de trabalho remoto e presencial, no qual os trabalhadores alternam entre dois locais de trabalho distintos. A situação normal é entre a casa e o escritório. 

Por casa, na verdade, entenda-se um local qualquer à escolha do trabalhador, pois no modelo de trabalho híbrido o empregador dá autonomia ao trabalhador para ele escolher o seu local de trabalho quando este não é o escritório.

Apesar de se reconhecer que o trabalho híbrido pode trazer inúmeras vantagens, quer para os trabalhadores quer para as empresas, existem problemas que poderão não se resolver com o recurso ao trabalho híbrido. 

De entre as vantagens parte a parte contam-se uma maior felicidade no trabalho por parte do trabalhador, ao ganhar mais autonomia e flexibilidade. Permite também um melhor equilíbrio entre as várias esferas da vida familiar, social, profissional e pessoal. Do lado do empregador, destacava-se a poupança de recursos. 

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A discriminação no trabalho híbrido – o que nos dizem os estudos

O recurso ao trabalho remoto ou híbrido pode ser uma ótima oportunidade para as empresas irem ao encontro de promover a diversidade no local de trabalho e resolverem alguns problemas típicos. A discriminação é um deles.

E quando verificamos que existe uma tendência muito acentuada para que os empregadores na sua esmagadora maioria tendem a valorizar mais o trabalho realizado diante dos seus olhos, podemos estar com um pé e meio na possibilidade de vir a existir discriminação no trabalho híbrido.

É o que diz um estudo recente da plataforma de recrutamento Envoy: 96% dos empregadores admitem que reconhecem e valorizam mais o desempenho do trabalho realizado em escritório.

Um estudo recente demonstra que a diversidade, equidade e inclusão estão a começar a ser uma aposta por parte das empresas, mas os números ainda são tímidos. Só um terço das empresas já implementou medidas concretas nesse sentido.

Estamos a falar do estudo “Futuro do Trabalho”, realizado pela Manpower Group Talent Solutions e pelo Everest Group.

Como evitar a discriminação no trabalho híbrido

Não fazer divisões de horário diferentes entre géneros

Uma dos principais fatores da discriminação no trabalho híbrido poderá ser desde logo a diferença de tratamento entre homens e mulheres. Se isso já se verifica nos modelos de trabalho tradicionais, então quando o assunto é trabalhar a partir de casa, poderemos ter um problema agudizado. 

O estigma de que as mulheres devem ocupar mais tempo para o trabalho doméstico é algo a evitar. E isso pode ser feito de uma forma muito simples – não fazendo distinção entre os géneros. 

Mesmo que um empregador tenha boas intenções ao conceder por exemplo 3 dias de trabalho a partir de casa às mulheres e 2 aos homens, desde logo está a alimentar um estigma de que por alguma razão as mulheres precisam de passar mais tempo em casa.

Dar as mesmas oportunidades de promoção a todos

Numa empresa em que existam trabalhadores em diferentes regimes de trabalho os empregadores devem ceder à tentação de privilegiar uns em detrimento de outros. 

Num mundo onde muitas empresas ainda dão preferência ao trabalho presencial, isto pode muito bem acontecer, ao se desvalorizar quem trabalha mais a partir de casa em detrimento de quem está mais tempo no escritório. 

Cumprir os horários com igualdade

Outra situação que se pode tornar facilmente muito comum é haver trabalhadores que, ao trabalharem a partir de casa, acabaram por em alguns momentos fazer mais horas extra do que se se encontrasse no escritório. Isto pode acontecer tanto por culpa do empregador como do próprio trabalhador.

O empregador poderá desconhecer o facto de o trabalhador ter realizado horas extra por não estar com ele fisicamente . O próprio trabalhador pode ver-se obrigado a cumprir com prazos apertados, e nem se aperceber que trabalhou mais do que o que devia.

É importante que o horário de trabalho seja cumprido, e, mesmo quando não o é e o trabalhador recorre a horas extra de trabalho, estas devem ser remuneradas.

Direcionar benefícios específicos aos trabalhadores híbridos 

Os benefícios dados a quem trabalha em regime híbrido devem ser levados em conta de forma diferente relativamente a quem trabalha a 100% do tempo no escritório.

Quando uma empresa contrata pessoas de várias localidades, por exemplo, o tipo de benefícios dados têm que contemplar situações específicas. Os benefícios nestes casos devem por exemplo suportar deslocações esporádicas ao escritório, passes de transporte, entre outros. 

Talvez não seja de todo descabido muitas empresas contratarem uma posição para fazer a gestão deste processo de incluir ao máximo todos os trabalhadores, de forma a evitar que a discriminação no trabalho híbrido tome proporções.

Porque se não forem tomadas este tipo de medidas, dificilmente se conseguirá evitar que se instale.

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