Valdemar Jorge
Valdemar Jorge
13 Nov, 2020 - 12:08

MINI, de pequeno só o nome. E já lá vão 60 anos de história

Valdemar Jorge

O MINI dispensa apresentações. Quando criou o pequeno carro Sir Alec Issigonis estava longe de imaginar o sucesso que alcançaria em todo o mundo.

Mini

A marca britânica já comemorou 60 anos de existência e tal como conquistou sucessos no seu passado, está cada vez mais adaptada para enfrentar o futuro. É verdade que o MINI atual faz virar muitas cabeças quando se faz ouvir o seu motor rouco nas versões a gasolina mais potentes. Mas, é também verdade que este aspeto não é de agora.

Nos idos dos anos 60, muitos foram os que viraram a cabeça para ver passar o Mini Cooper, o expoente máximo do Mini na época, que fazia as delícias de condução dos mais afortunados.

E o seu sucesso não se fazia sentir apenas nas cidades. Pequeno, capaz de acomodar 4 passageiros, mecânica simples e eficaz, consumia pouco e estacionava-se em qualquer espacinho.

O sucesso estendeu-se também às estradas e aos ralis. Participante em várias provas por essa Europa fora, o Mini Cooper constituía um prazer para quem o conduzia nos limites e para o muito público que, na época, acorria aos ralis. Os fãs a cada prova aumentavam fruto do sucesso que o pequeno automóvel conquistava.

Mini: 60 anos de sucessos

história MINI

Tudo começou em 1957

A história do Mini começa em 1957 pela visão de Leonard Lord, diretor do construtor de automóveis Morris.

A crise do petróleo que se fazia sentir na época levou a que este desafiasse o então engenheiro responsável Alec Issigonis, de origem turca, para desenhar um automóvel que cumprisse alguns preceitos: acomodasse até 4 pessoas, com conforto; tivesse um comprimento até 3 metros e que fosse económico.

Alec Issigonis assim fez e, em 1959, começa a comercialização do pequeno citadino, então, com dois nomes: Austin Seven e Morris Mini Minor.

60 anos após o seu “nascimento”, é considerado um ícone da indústria automóvel britânica, posicionando-se como um verdadeiro “herói” que atravessou diversas gerações e que, hoje aponta ao futuro com motorizações a gasolina, diesel e claro, elétrica.

Um sucesso com 60 anos

austin mini

No início da comercialização do pequeno compacto um erro de cálculo, que se refletiu no preço de venda, quase ia acabando com o modelo.

O que acabou por segurar o sucesso do produto da casa British Motors Corporation foi o design, o facto da carroçaria ser monobloco, o motor colocado em posição transversal, a tração dianteira, a suspensão hidráulica e as pequenas rodas de 10 polegadas.

Tudo elementos que conjugados apontaram para que o Morris Mini Minor conquistasse cada vez mais público.

A “mão” de John Cooper

O sucesso de que foi alvo nos anos 60, com aparições na sétima arte, a conquista da simpatia da Rainha de Inglaterra e até da famosa banda “Beatles”, levou a que acontecesse nova reviravolta na vida do Mini pela mão do prestigiado preparador de automóveis de corrida John Cooper.

Herdeiro de uma empresa especializada na preparação de automóveis para competição, a Cooper Car Company, John Cooper foi atraído pela singularidade do Mini, pela sua agilidade e maneabilidade, acabou por lhe implementar mais algumas modificações que levaram a que o Mini vencesse em 1964 o seu primeiro Rali de Monte Carlo.

Daqui à produção do conhecido “Mini Cooper” foi um saltinho. Desde o primeiro Mini Cooper em 1964 até ao términus da sua produção em 1967, mais de 12 mil unidades foram comercializadas.

A estas juntaram-se mais 4.000 unidades com a conhecida designação Mini Cooper S.

Anos 70 e 80 atribulados

Mini Morris

A história encerra, também, momentos menos bons. Esse registo aconteceu nos anos 70 e 80, primeiro com o desaparecimento dos emblemas da Austin e da Morris.

Consequentemente, é produzido sob licença um pouco por todo o mundo, nomeadamente em Itália e até mesmo em Portugal.

Nos anos 80 e, principalmente, a partir de 1984, ano em que a marca foi vendida à BMW, o modelo conheceu um incremento de qualidade na sua construção, bem como um superior nível de conforto e segurança para condutor e passageiros.

BMW “reanima” marca

O construtor alemão, detentor da então entorpecida Mini, decide reanimar a marca elevando o seu potencial a um nível nunca então pensado.

O primeiro passo foi a dado com a alteração da grafia do nome Mini que passa a ser escrito, obrigatoriamente, MINI, sinal distintivo de um modelo que, embora não renascendo das cinzas, qual Fénix dos anos 2000, renasce com um poder de sedução ainda maior.

Depois, o design. Importante era não retirar da imaginação popular o desenho deste modelo tão famoso.

Novo logo BMW
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Então, nada como apurar, o design, torná-lo atual, mais sofisticado, mas mantendo todo o ADN utilizado pelo “pai” Alex Issigonis. E assim aconteceu.

Mais comprido (60 cm) e mais largo (30 cm) que o modelo de origem, o MINI passa a ser produzido na Europa e mantém o seu aspeto jovem e rebelde.

Aliás, é aos jovens que este modelo primeiramente se dirige, com o objetivo de conquistar a sua irreverência.

Para o sucesso, a BMW incorpora os seus mais elevados padrões de qualidade e segurança e, para que o mesmo fosse alcançado de forma mais rápida, mantém no habitáculo, toda a originalidade do Mini, com o seu grande mostrador central onde agrupa a principal informação sobre o automóvel.

Êxito colossal

Mini Cooper

Ao MINI de 2001, e ao seu sucesso, segue-se a declinação do portfólio do modelo. O público assim exige. E a marca BMW satisfaz o desejo de jovens e respetivas famílias.

Segue-se o irreverente e potente MINI Cooper S e o mais desportivo MINI com o acabamento onde pontifica o nome John Cooper Works. Mais raçudo, mais potente, mais atlético, mais rouco, com potência q.b., para mostrar que este é também é um verdadeiro desportivo.

E mais do que tudo, atrair ainda mais fãs e aumentar a legião de seguidores em todo o mundo.

O percurso de sucesso leva a que surjam mais tarde a versão Cabrio, a mais familiar Countryman, a Clubman (a versão carrinha), o Coupé, o Roadster e mais recentemente uma versão elétrica – MINI e –, traduzindo as novas tendências do mercado automóvel.

A competição desportiva não foi esquecida com a criação, em 2011, de um projeto oficial da marca. E claro, os tempos obrigam a atualização não só do formato das carroçarias, mas também o aumento das mesmas sendo o MINI atualmente comercializado não só com 3 portas, mas igualmente, com versão de 5 portas, uma quase heresia para os fãs, da marca, mas que acabou por ser bem aceite.

Desde 2001 até à atualidade todos os modelos têm diferentes variantes incluindo One (básico), Cooper, Cooper S (desportivo) e John Cooper Works (JCW) no topo da lista.

Curiosidades

Mini

Ao longo dos seus 60 anos a marca Mini evoluiu. Entre 1959 e 2000 foram apresentadas 7 gerações do Mini:

  • Primeira geração (1959-67);
  • Segunda geração (1967-70);
  • Terceira geração (1969-76);
  • Quarta geração (1976-83);
  • Quinta geração (1984-89);
  • Sexta geração (1990-95);
  • Sétima geração (1996-00).

Desde o ano 2000 até à atualidade foram apresentadas as versões:

  • One (1.ª geração 2001 a 2006);
  • Cabrio (2005 a 2008);
  • MINI (2.ª geração 2007 a 2014);
  • Clubman (2008 a 2014);
  • Cabrio (2009 a 2015);
  • Countryman (2011 a 2016);
  • Coupé (2012 a 2015);
  • Roadster (2012 a 2015);
  • Paceman (2013 a 2016);
  • MINI (3.ª geração 2014).

Como já referido, o poder de tração (dianteira), a maneabilidade e agilidade permitiram que o modelo tivesse sucesso no mundo do desporto, nomeadamente nos anos 60 e 70, nos ralis, com vitórias no Rali de Monte Carlo em 1964 com Paddy Hopkirk (Mini Cooper), proeza que se repetiu nos anos 1965 e 1967 com outros dois pilotos Timo Makinen e Rauno Aaltonen, respetivamente.

Clássico no cinema e TV

No cinema e na TV, o Mini também granjeou adeptos quer no filme “Italian Job” quer na divertida série Mr. Bean, entre outros apontamentos.

Atualmente, a história de sucesso da Mini passa, não só, pela satisfação de milhares de condutores espalhados por todo o mundo que conduzem as mais variadas versões, quer no mundo do desporto, também aqui com sucesso, entre outros na também icónica prova do Dakar.

Os 60 anos dos “Mini” foram muito ricos. Muito fica ainda por dizer, mas o mais importante é realçar que a marca fez e continua a fazer as delícias de milhares de automobilistas.

Que venham mais 60 anos de sucessos que os “petrolheads” só agradecem!

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