André Freitas
André Freitas
21 Out, 2020 - 17:26

Pneus airless: serão os pneus do futuro?

André Freitas

Pneus sem ar para carros. Já ouviu falar? Descubra tudo sobre este tipo de pneus. Como funcionam, as vantagens, e a viabilidade desta tecnologia.

Pneus Airless

Os mais recentes pneus airless (sem ar), também denominados de pneus não pneumáticos (NPT) ou pneus furados, são a mais nova atualização deste componente fundamental a qualquer automóvel. 

Estes pneus, sendo que não são suportados pela pressão do ar, são já usados ​​em veículos pequenos, como cortadores de relva e carrinhos de golfe motorizados. 

Equipamentos pesados, como retroescavadoras que operam em diferentes locais, nomeadamente demolição de edifícios, também fazem parte do grupo de veículos que já utiliza este tipo de pneu. O motivo: o risco de furo elevado.

Mas qual será a verdadeira utilidade desta inovação? Vamos aprofundar um pouco sobre este tópico.

Pneus airless: O que são?

Pneu Airless

Pneus sem ar (airless) são pneus que não contêm ar comprimido no interior. O ar serve, normalmente, para prover suporte estrutural ao pneu. 

A principal utilidade dos pneus sem ar é o facto de não poderem ser perfurados ou esvaziarem. Este tipo de pneus oferece, ainda, uma maior resistência e durabilidade.

Contudo, uma das condicionantes deste tipo de pneu é o facto de atingir temperaturas mais elevadas do que os pneus convencionais, uma vez que existe fricção interna no material a partir do qual é construído.

Os habituais pneus sem ar são frequentemente preenchidos com polímeros (plásticos).

Apesar das vantagens, este tipo de pneus ainda não é a opção preferencial por parte dos condutores. A sua recente entrada no mercado e a existência de pouca oferta contribuem para a fraca adesão a esta nova revolução da “roda”. 

Desenvolvimento – “Tweel”

Pneu Airless Michelin

No seguimento dos aspetos anteriormente mencionados, já algumas marcas surgem na linha da frente para a produção deste tipo de pneus.

“Tweel” resulta de uma ideia concebida pela marca Michelin, que consiste numa espécie de pneu + roda, que não necessita de ar. 

De acordo com o descrito pela marca, o “Tweel” tem capacidade de carga, amortecimento e características de manipulação similares ao dos pneus tradicionais

A ideia dos engenheiros da Michelin que estão a trabalhar neste processo é a de oferecer aos clientes um pneu que não fura ou rebente. 

Estando de momento apenas a ser usado em veículos off-road, ou seja, modelos todo-o-terreno, este pneu tem como premissa o facto de fazer com que deixe de ser necessário o veículo transportar um pneu suplente, algo que poderá libertar espaço no mesmo.

Com o intuito de reduzir o tempo perdido na reparação de furos, os fabricantes tentaram encontrar algo que não diminuísse a tração, o manuseamento, nem o conforto. 

Para além de não ser necessário verificar a pressão do ar, também a montagem acaba por se tornar num processo mais simples. Outro dos fatores é o aumento da resistência às agressões e a durabilidade em comparação com um pneu convencional.

Vantagens e desvantagens dos pneus airless

Pneu Airless

Vantagens

  • Não furam;
  • Evita a necessidade de trocar pneus por furo;
  • Reduz necessidade de reparação ou substituição de pneus;
  • Mais eficazes e seguros em transportes de maior carga.

Como já referido na sua descrição, a principal vantagem dos pneus sem ar é claramente o facto de não furarem.

Isto não só evita a necessidade da troca de um pneu a meio de uma viagem, por exemplo, como também evita eventuais sinistros com resultados potencialmente graves.

O uso do pneu airless já foi aprovado por parte de inúmeros praticantes de ciclismo, muito devido à resistência do pneu aquando a prática deste desporto, e da sua fácil montagem.

Uma das outras vantagens deste tipo de pneu passa pela menor necessidade de reparação ou substituição do mesmo. Esta é uma grande vantagem em termos monetários. 

A menor quantidade de matérias-primas necessárias para construir o pneu e a maior segurança do mesmo são, também, duas características de destaque.

Por último, veículos pesados ​​equipados com pneus sem ar são mais eficazes e seguros quando carregam mais peso. Assim, estes pneus são os indicados para utilizações mais exigentes.

Desvantagens

  • conforto

Um dos problemas relatados no uso de pneus sem ar nos equipamentos pesados passa pela acumulação de calor quando em utilizações prolongadas e exigentes.

Como são preenchidos com polímeros comprimidos (plástico), em vez de ar, a sobreaumulação de calor pode ser um fator negativo.

Embora vantajoso a nível de carregamento de peso, vários operadores de equipamentos pesados ​​mencionam que a fadiga se torna um dos maiores inconvenientes após o uso de máquinas com pneus sem ar.

Já alguns ciclistas que usam pneus sem ar descrevem o pneu como sendo mais duro em comparação com um pneu pneumático, não proporcionando a leveza necessária para o percurso desgastante que percorrem.

Os pneus sem ar são tecnicamente mais pesados do que os pneus convencionais. Devido a este fator, equipamentos pesados poderão necessitar de uma montagem mais complicada, podendo ser necessário, até, recorrer a equipamentos especiais para a montagem.

Comercialização

A introdução dos pneus airless no mercado está prevista para o ano de 2024, sendo que ainda serão necessárias várias fases de testes e alterações até este produto estar disponível.

A opção mais comparável neste momento são os pneus “run flat” (tipo de pneu com as paredes reforçadas), que permitem aos condutores continuar a circular num percurso limitado mesmo com um furo, o suficiente para chegar até uma oficina ou uma zona segura para fazer a troca do pneu.

Sendo que este é um dos aspetos a ser priorizado, as marcas estão a trabalhar para evitar a necessidade de troca dos pneus, e consequente perda de tempo.

O modelo Uptis da Michelin, já está a ser testado no Chevrolet Bolt EV, sendo que a Michelin e a GM esperam que seja possível iniciar a produção massificada deste pneu em 2024.

Conclusão

Estes pneus serão certamente um passo muito importante no desenvolvimento do veículo do futuro, sendo que irão proporcionar uma experiência de condução muito mais simples e agradável aos seus utilizadores.

Ainda numa fase embrionária, serão necessários mais testes e consequentes atualizações até que este novo modelo se torne unânime em termos de preferência no mercado destes componente.

Tendo em conta as enormes vantagens a nível de praticidade e condução, será certamente algo que irá contribuir para uma maior eficiência dos veículos e agrado dos seus condutores.

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