Os aromas do café prometem inebriar a cidade do Porto. Por entre lotes, torrefações, misturas ou fermentações, a Porto Coffee Week, que se realiza de 26 a 31 de outubro, promete mexer com as papilas gustativas dos portuenses, revelando alguns segredos dessa verdadeira arte que é não só beber, mas também preparar e, acima de tudo, apreciar um bom café.
Em 11 localizações diferentes, no Porto e em Matosinhos, a Porto Coffee Week é uma oportunidade única para conhecer coffee lovers, baristas, torradores e empresários do setor, reunidos numa comunidade de partilha de experiências e, acima de tudo, aprendizagem.
Ao longo dos seis dias, irão decorrer 13 talks e 7 workshops, sempre em volta da bebida que os portugueses raramente dispensam. E há muito mais a dizer sobre o café do que a conversa normal… de café.
Porto Coffee Week: conhecer um bom café
Hugo Ferraz é um dos baristas presentes no evento. O melhor café que já provou não foi o café mais extraordinário com que já se cruzou. Parece difícil de entender, mas tem uma explicação simples: foi o café que lhe abriu os horizontes, que lhe surgiu num certo contexto.
Daí ser difícil muitas vezes entender a razão de um determinado aroma continuar connosco, obrigando-nos a situar um acontecimento, um lugar ou uma pessoa.
A verdade é que cafés há muitos. Em Portugal, por exemplo, não faltam lotes dos mais variados sabores. Mas, como refere Hugo Ferraz, os portugueses “não sabem nada de café e têm muito aprender”.
Ou seja, aquela mania nacional de querer o café em chávena fria, cheio, curto, a três quartos ou sem entrada são apenas manias. É fundamental ensinar o palato e perceber as bases do que é um bom café.
Colonização abriu a torneira
A ligação do nosso país a esta bebida entronca na história e na gesta colonizadora que se seguiu aos Descobrimentos. Chegados a países que produziam o grão em abundância, começamos a ter acesso a café, regra geral mau, mas que sempre achamos fantástico.
Só que não conhecíamos mais nenhum no mundo. E há uma miríade de cafés espalhados pelos quatro cantos do globo, uma cultura que evoluiu ao longo dos séculos até se alcandorar à categoria de arte, como acontece atualmente e como o público poderá comprovar na Porto Coffee Week.
Segundo Hugo Ferraz, todo o café é pontuado de 0 a 100. Aquele que não ultrapassa os 80 pontos é o chamado café comercial, utilizado por 99% das pessoas. A partir daí, é o café de especialidade, com menos defeitos, mas mais caro.
Daí os portugueses beberem tradicionalmente um café que Hugo Ferraz considera “muito fraquinho”. A razão é simples: “não temos poder económico”.
Porto Coffee week: educar os sentidos
No entanto, é possível educar as pessoas e sensibilizá-las para o que é um bom café. Hugo Ferraz lembra que até temos boa matéria-prima. “Portugal tem uma excelente água para café e não é difícil extraí-lo de uma forma diferente, no sentido de criar uma café mais apelativo”.
Mas há um caminho a trilhar. “Os portugueses não percebem nada de café, da mesma forma que não percebem nada de vinho”, sustenta Hugo Ferraz, ressalvando, ainda assim, que o gosto pelo verdadeiro café “já não é um coisa só de um grupo de amigos”.
Esta mudança de comportamento vai acabar por acontecer com a disseminação de espaços dedicados exclusivamente ao café. Espanha, por exemplo, está muito à nossa frente neste particular.
Outro setor que vai ter que evoluir é o das cafetarias tradicionais, que vão acabar por ter de criar um expresso minimamente decente. Enquanto barista, Hugo Ferraz faz a parte dele e revela que quer “educar o cliente”.
O Porto Coffee Week é um excelente te ponto de partida para, desde logo, se saber o que está a acontecer no mundo do café. Consulte o programa, escolha a palestra ou o workshop mais entusiasmante e não perca e não perca a oportunidade de tomar um café à medida.
