Valdemar Jorge
Valdemar Jorge
09 Dez, 2022 - 10:48

Dakar 2023: prova rainha dos ralis está de volta e será mais dura

Valdemar Jorge
Carro a competir no Dakar

O Dakar 2023 carateriza-se por ter mais quilómetros e mais especiais do que a edição de 2022. Em suma: será mais duro e com muita areia. A prova, que arranca a 31 de dezembro de 2022 e termina a 15 de janeiro de 2023, tem 820 participantes e um total de 8.549 quilómetros, dos quais 4.706 quilómetros são cronometrados.

A 45.ª edição do Rali Dakar, prova rainha do todo-o-terreno mundial, é à partida a mais dura das provas realizadas na Arábia Saudita, que recebe a competição pela quarta vez.

Na apresentação do evento, que contou com David Castera, diretor da prova, ficou a saber-se que a primeira semana será marcada pelas especiais mais longas, algumas com mais de 400 quilómetros; enquanto a segunda semana será dominada pela paisagem das dunas e onde está enquadrada, uma visita ao Empty Quarter, e uma etapa maratona entre a 11.ª e a 12.ª etapas.

Entre as novidades do Dakar 2023 destacam-se algumas alterações no regulamento, como a eliminação dos descansos obrigatórios de 20 minutos a meio das etapas para os pilotos das motas. Há ainda um sistema de bonificação para os vencedores das etapas nas duas rodas, que até aqui tinham a obrigação de abrir a pista no dia seguinte, o que prejudicava a navegação.

Dakar 2023: 14 etapas em 15 dias

As etapas do Dakar 2023 estão assim desenhadas:

  • 31 de dezembro, Prólogo, Jeddah Sea Camp – Hail (10 km de setor cronometrado);
  • 1 de janeiro (1.ª etapa) Hail – Sea Camp (368 km);
  • 2 de janeiro (2.ª etapa) Hail – Al Ula (431 km);
  • 3 de janeiro (3.ª etapa) Al Ula – Hail (447 km);
  • 4 de janeiro (4.ª etapa) Al Qaisumah – Hail (425 km);
  • 5 de janeiro (5.ª etapa) Hail – Hail (375 km);
  • 6 de janeiro (6.ª etapa) Hail – Al Duwadimi, (466 km);
  • 7 de janeiro (7.ª etapa) Al Duwadimi – Al Duwadimi (473 km);
  • 8 de janeiro (8.ª etapa) Al Duwadimi – Riade (407 km);
  • 9 de janeiro – Dia de descanso (Riade);
  • 10 de janeiro (9.ª etapa) Riade – Sau (439 km);
  • 11 de janeiro (10.ª etapa) Sau – Sau (114 km);
  • 12 de janeiro (11.ª etapa) Bisha – Sau (275 km);
  • 13 de janeiro (12.ª etapa) Sau – Sau (185 km);
  • 14 de janeiro (13.ª etapa) Sheybah – Al-Hofuf (154 km); 15 de janeiro (14.ª etapa) Al-Hofuf – Dammam (136 km).

Principais pilotos e marcas

No dia 31 de dezembro é dada a partida para o Dakar 2023. A cerimónia terá lugar num mega-acampamento, o Sea Camp, no Mar Vermelho, criado especialmente para o efeito, e que acolherá 455 veículos e 820 participantes.

Nos automóveis o favorito à partida é o piloto Nasser Al-Attiyah (Toyota), que venceu a prova na edição anterior e que conta na equipa com a experiência de Yazeed Al-Rajhi e Giniel De Villiers.

Ainda assim, o piloto natural do Qatar terá de estar atento à concorrência, principalmente à Audi, que apresenta embaixada de pilotos de respeito para conduzir os novíssimos carros elétricos: Stéphane Peterhansel, Carlos Sainz e Matgias Ekstrom. Este conjunto de pilotos/máquinas constituirão motivo de atração ao longo da prova.

O lote de favoritos nas quatro rodas fica completo com o francês Sébastien Loeb (BRX Hunter da Prodrive), vice-campeão mundial, que alinha com  Guerlain Chicherit e Orly Terranova.

Nas motos o piloto britânico Sam Sunderland (GasGas) é o favorito à partida do Dakar 2023, depois de ter conquistado a vitória em 2022. Mas a tarefa não será fácil para o britânico.

A concorrência é forte. Desde logo, com a forte presença da equipa KTM, com Kevin Benavides e Mathias Walkner na liderança. Também a Honda, dirigida por Ruben Faria, terá também uma palavra a dizer na discussão pela vitória. A marca japonesa apresenta-se com os pilotos Adrien van Beveren, Ricky Brabec e Pablo Quintanilla. Ainda nas motas regista-se a presença da Husqvarna, que tem como ponta de lança o norte-americano Skyler Howes.

Nos camiões tudo será mais pacífico, sem a presença dos russos da Kamaz, e será interessante ainda seguir os despiques que surgirão entre os pilotos dos quad, SSV T3 ou SSV T4, veículos leves que por norma têm andamentos bem rápidos.

De registar que à margem da prova principal terá lugar o Dakar Classic, dirigido a viaturas usadas em edições anteriores ao ano 2000. Esta prova contará com a presença de cerca de 100 viaturas dos anos 80 e 90 e este ano tem como patrono o piloto Jacky Ickx, que venceu o Dakar em 1983.

Mota a subir duna no Dakar
O Dakar é a mais dura das provas de todo-o-terreno a nível mundial

Forte presença portuguesa no Dakar 2023

Portugal tem tradição em estar presente na prova mais dura do todo-o-terreno e esta 45.ª edição do Rali Dakar conta com 17 pilotos portugueses.

Nas motas estarão Rui Gonçalves (Sherco), Joaquim Rodrigues Jr. (Hero), António Maio (Yamaha), Mário Patrão (KTM), a que se junta o luso-germânico Sebastian Buhler (Hero).

Se nas motas a presença portuguesa compreende nomes bem conhecidos, outos vamos encontrar nos automóveis. Embora não ao volante, mas como navegadores, estarão Paulo Fiúza (navegador do lituano Vaidotas Zala, em Hunter) e José Marques (navegador do lituano Gintas Petrus, em Chevrolet).

Depois vamos encontrar um lote de portugueses nos veículos mas ligeiros: os SSV: Hélder Rodrigues/Gonçalo Reis (BRP Can-Am), João Ferreira/Filipe Palmeiro (Yamaha), Ricardo Porém/Augusto Sanz (Yamaha) e Paulo Oliveira (que corre com licença moçambicana e) que terá como copiloto o espanhol Miguel Alberty (Can-Am Maverick).

Ainda como navegador está Pedro Bianchi Prata que acompanhará o  piloto brasileiro Bruno Conti de Oliveira (BRP Can-Am) e Fausto Mota, que corre com licença espanhola, mas que está inscrito como navegador do piloto brasileiro Cristiano Batista (BRP Can-Am).

Ainda nos camiões José Martins está inscrito como piloto num Iveco do Team Boucou. O navegador é o francês Jeremie Gimbre e o mecânico o gaulês Eric Simonin. Armando Loureiro será copiloto num MAN, com o piloto francês Sebastien Fargeas e o mecânico francês Luc Fertin.

Curiosidades dos Rali Dakar

  • Dakar. O primeiro Paris-Dakar partiu a 26 de dezembro de 1978. Dos 170 participantes que saíram de Paris, apenas 69 chegaram a Dakar. A competição reúne pelo menos 500 veículos, entre carros, motos e camiões. O percurso muda a cada ano (já variou de 8,5 mil a 15 mil quilómetros). Em 2003, o rali partiu de Marselha, na França, e passou por Espanha, Tunísia e Líbia até chegar em Sharm El Sheikh, nas margens do rio Vermelho, no Egito.
  • Tempestade. Nos dias de hoje uma tempestade de areia que aconteça durante o Dakar significa, apenas, algumas horas perdidas. Mas, em 1983, na primeira vez que a prova esteve na região de Ténéré, no deserto do Sahara, uma tempestade de areia colocou alguns pilotos em sérias dificuldades tendo-lhes proporcionado um atraso de quatro dias.
  • Partida e chegada a Paris. A prova de 1994 foi a única vez em que o rali foi de ida e regresso a Paris. Devido a reclamação do maire de Paris, o local de chegada foi alterado da Avenida Campos Elísios para o parque da EuroDisney.
  • Prova dura. A edição 2020 do Dakar reuniu os mais variados desafios que uma prova de todo-o-terreno pode oferecer. Desde o maior deserto do mundo e com dunas gigantes, passando por montanhas até estradões de alta velocidade e trilhos com enormes rochas. Teve de tudo.
  • Cancelamento. O Rali Dakar 2008 foi cancelado a 4 de janeiro de 2008, devido ao receio de ataques terroristas. Esta preocupação causou justificadas dúvidas sobre o futuro da prova. Diversos meios de comunicação chamaram ao cancelamento uma “sentença de morte” para a competição.
  • Chile e Argentina. Em 2009 foi a primeira vez que o Rali Dakar teve lugar em terras sul-americanas. O evento daquele ano foi realizado no Chile e na Argentina, entre 3 de janeiro e 18 de janeiro de 2009. Após esta primeira edição sul-americana, o figurino do rali pareceu agradar à maior parte das marcas e pilotos envolvidos, não só pela segurança, como pela dificuldade e diversidade do trajeto, bem como, pela presença de público ao longo das etapas.
  • Duelo. Em 2011 registou-se um duelo épico no Dakar, protagonizado por Nasser Al-Attiyah e Carlos Sainz. Na prova, os carros arrancam entre cada três a cinco minutos, o que faz com que seja raro os pilotos encontrarem-se num frente e frente. Mas, na etapa 11 desse Dakar de 2011, Carlos Sainz e NasserAl-Attiyah conduziram lado a lado durante cerca de 5 quilómetros, numa luta renhida. NasserAl-Attiyah saiu vitorioso na etapa e, por conseguinte, venceu o Dakar daquele ano.
  • América do Sul. Na prova de 2019 um terço dos concorrentes eram originários de países da América do Sul. Por esse facto a organização do Dakar alugou um navio para transportar as equipas e os respetivos equipamentos do continente até à Arábia Saudita.
  • Arábia Saudita. Depois das dificuldades sentidas pela organização para realizar a edição de 2019 (devido às recusas de Chile e Argentina em pagar os valores pedidos), a ASO percebeu que o modelo sul-americano estava esgotado. Devido à impossibilidade de voltar ao percurso original (por causa do África Eco Race, criado em 2009), foram avançadas três possibilidades: Argélia, Angola/Namíbia e Arábia Saudita. Após análise, a 4 de Abril de 2019 foi revelado que o Dakar iria mesmo realizar-se a partir de 2020 na Arábia Saudita, num acordo com a duração de 5 anos.
  • A competição. O Rali Dakar é um evento de resistência off-road. O terreno que as máquinas e pilotos evoluem é muito mais difícil do que o usado nos convencionais ralis. Os veículos usados são off-road. A maioria dos troços especiais competitivos são off-road, e passam por dunas, lama, e rochas, entre outros locais agrestes. As distâncias de cada secção variam entre 800 a 900 quilómetros por dia.

A prova, que começa a 31 de dezembro, de 2022 pode ser acompanhada aqui.

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