Pedro Andersson
Pedro Andersson
10 Mar, 2023 - 09:46

Faz sentido a “corrida” aos Certificados de Aforro?

Pedro Andersson

Esqueça os depósitos a prazo e trate de subscrever Certificados de Aforro. Neste momento, é o melhor produto de poupança disponível em Portugal.

Subscrever Certificados de Aforro

Claro que sim! Se há uma altura “boa” para subscrever Certificados de Aforro é agora. Nos últimos meses, milhares de portugueses redescobriram os Certificados de Aforro como forma de rentabilizar as suas poupanças depois de anos a fio com o seu dinheiro no banco a render nada ou quase nada.

Os bancos estão a ficar assustados com a fuga de milhões e milhões de euros dos depósitos a prazo e à ordem para os Certificados de Aforro e estão a começar a subir as taxas de juro dos seus produtos de poupança, mas continuam a larguíssima distância dos 3,5% do produto do Estado.

Em janeiro, a taxa de juro média dos novos depósitos a prazo de particulares aumentou para 0,56% (era de 0,35% em Dezembro), a maior subida em 11 anos, diz o Banco de Portugal.

Não tenho nada contra os bancos (até gosto deles), mas se tenho melhor fora porque deixaria lá o meu dinheiro? Quando a proposta deles for a melhor para mim, volto para eles. É simples. Pare com a preguiça de não fazer nada! Não se esqueça de que você é que é o dono do seu dinheiro e não o banco, OK?

Esqueça os depósitos a prazo

Se tem dinheiro parado no banco, à ordem ou num depósito a prazo, está neste momento a perder uma extraordinária oportunidade. Os Certificados de Aforro estão a render mais, mas muito mais, do que o que os bancos em Portugal estão a oferecer. Há quase 20 anos que isto não acontecia.

É a primeira vez que os Certificados de Aforro, na série atual (série E), atingem o máximo possível previsto por lei: 3,5% brutos.

Mas, por incrível que pareça, ainda há muitos milhares de portugueses que não sabem o que são e como funcionam os Certificados de Aforro.

De uma forma muito simples, é emprestar dinheiro ao Ministério das Finanças e o Estado paga-nos juros por isso. E com garantia de rendimento e de capital. Ou seja, ganha sempre e não corre o risco de perder um único euro. A única situação em que o seu dinheiro corre algum risco é se o país falir completamente. A Troika já cá esteve recentemente e isso não aconteceu. Essa possibilidade teoricamente existe, mas é ínfima.

Certificados de Aforro: como se calculam os juros?

A fórmula dos juros também é simples de entender. É a Euribor a 3 meses + 1%, no valor a que estiver a cada 3 meses.

E é aqui que chegamos à boa notícia. É que como em Fevereiro a Euribor ultrapassou os 2,5%, somando mais 1%, dá 3,5%. A partir daqui, a Euribor até pode chegar aos 5% que a taxa não sobe mais.

Quem já tem Certificados de Aforro há alguns meses ou anos, não tem de fazer nada, a taxa de juro é atualizada a cada 3 meses. Não tem de os resgatar e fazer novos para beneficiar destes juros máximos. Aliás, até ganham mais por causa da antiguidade.
Assim, quem subscrever Certificados de Aforro em março e nos meses seguintes vai ter o melhor produto de poupança disponível em Portugal.

Esta conclusão já está a ter reflexos nos depósitos dos bancos. De acordo com o Banco de Portugal, em Janeiro saíram dos bancos 2,5 mil milhões de euros, quase o mesmo valor que entraram nos Certificados de Aforro.

É a maior redução (fuga) de depósitos nos bancos desde que há registos, neste caso, desde 1979. E a subscrição de Certificados de Aforro não pára de crescer. É o valor mais alto desde 1998.

Como subscrever Certificados de Aforro?

Subscrever Certificados de Aforro é muito simples. Basta ir a um posto dos Correios (atenção, não é o banco CTT), é mesmo um posto dos Correios. Tira a senha de “Produtos financeiros”.

Traz o Cartão de Cidadão, comprovativo do IBAN, comprovativo de morada, e um comprovativo de profissão e entidade patronal (pode ser um recibo de ordenado, de pensão ou do subsídio de desemprego, etc) e já está.

Isto é para abrir a “conta”. Não é uma conta bancária, nem tem comissões nem cartões multibanco. Nada disso. Depois de abrir a ”Conta Aforro” pode colocar o dinheiro que entender de várias formas:

  • Em dinheiro “vivo”;
  • Por multibanco;
  • Por cheque;
  • Por transferência bancária (eles dão o IBAN para transferir). Nesta opção pode fazer isso em casa ou num multibanco qualquer na rua. É muito prático.

Só tem de ir aos Correios esta primeira vez. Depois desta parte burocrática, pode ir a aforronet.igcp.pt, abrir uma conta digital com os mesmos dados que lhe deram nos correios e pode subscrever mais Certificados de Aforro a qualquer hora do dia ou da noite, no dia que entender e pode também resgatar os que tem.

O mínimo são 100 euros e o máximo 250 mil euros. Passados 3 meses e 1 dia, pode levantar o valor que quiser sem qualquer justificação, todo ou apenas parte (o resto continua a render). E os juros acumulam a cada 3 meses.

Como vê, com estas condições, os bancos vão ter de subir muito mais os juros dos depósitos a prazo para acompanharem a alternativa do Estado.

Os juros dos Certificados de Aforro não são eternos

Mas atenção a um detalhe, esta conta só vai manter-se assim enquanto a Euribor estiver igual ou acima dos 2,5%. Isso está a acontecer agora e prevê-se que continue a subir ainda durante vários meses.

Quando se aperceber que a Euribor já está a descer abaixo dos 2,5% será a altura de ver se encontra melhor noutro lado e mudar novamente, se quiser. Quando fizer a conta, não se esqueça dos prémios de permanência. Não é penalizado de nenhuma maneira nem perde nada do dinheiro que acumulou até ao momento.

Um pequeno alerta antes de terminar: os Certificados de Aforro têm uma desvantagem que deve avaliar. Só podem ter um titular. Só essa pessoa pode mexer no dinheiro, resgatar ou subscrever. Em caso de morte só consegue levantar esse dinheiro com a habilitação de herdeiros.

Em resumo, o dinheiro está a fugir dos bancos e está a ser canalizado em grande parte para os Certificados de Aforro. E até que os bancos ofereçam juros iguais ou superiores a 3,5% aos seus clientes, o mais provável é que essa fuga continue. É uma questão de lógica matemática. Basta fazer a conta. Não deixe o seu dinheiro parado.

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