Miguel Pinto
Miguel Pinto
07 Jun, 2024 - 11:03

Taxas de juro descem: vem aí um alívio na prestação da casa

Miguel Pinto

O Banco Central Europeu baixou as taxas de juro. Esta medida terá reflexos na carteira de quem paga crédito à habitação.

juros em queda

O Banco Central Europeu (BCE) reduziu as taxas de juro em 25 pontos base, uma medida já há muito antecipada pelos analistas, prevendo-se que este seja um dos primeiros passos para um alívio ainda maior até final do ano.

A instituição liderada por Christine Lagarde baixou a sua taxa principal de refinanciamento para 4,25%, a taxa de juro da facilidade permanente de cedência de liquidez para 4,50% e a taxa de depósito para 3,75%. Trata-se da primeira redução desde março de 2016.

Como é óbvio, esta é uma boa notícia para quem tem crédito à habitação. Após meses consecutivos de subidas da prestação mensal, as famílias deverão começar a sentir algum alívio na carteira, mesmo levando em linha de conta o discurso cauteloso do BCE em termos de política monetária e controlo dos movimentos inflacionistas.

É que muito embora a inflação ainda não tenha atingido o objetivo central de 2%, a queda a que se tem assistido revela uma tendência descendente contínua que deverá persistir nos próximos meses.

De acordo com as últimas projecções do BCE de março de 2024, a taxa média de inflação deverá diminuir para 2% em 2025 e 1,9% em 2026.

Taxas de juro descem: impacto nas famílias

Como foi referido, uma das principais consequências desta descido das taxas de juro prende-se com o alívio em termos dos encargos das famílias no que diz respeito ao crédito à habitação.

As prestações vão de facto baixar nos próximos meses, mas não é de esperar que a descida das taxas seja tão rápida e vertiginosa quando foi a subida.

Veja também Euribor: o que é e de que forma afeta a sua vida

Mais de 95% dos contratos para compra de casa têm como indexante as principais taxas Euribor (seja a 3, 6 ou 12 meses), que acompanham de perto as taxas diretoras do BCE e as suas oscilações. E isso nem sempre significa uma descida acentuada dos valores que as famílias pagam.

Para se ter uma noção, quem tiver um empréstimo de 200 mil euros a 30 anos (com um spread de 1%) e a Euribor a seis meses, esta descida significa uma descida de 39 euros na prestação mensal.

Poupanças prejudicadas

A descida das taxas de juro não significa apenas boas notícias. Para os aforradores é até uma má notícia. É que o alívio da política monetária anunciado pelo BCE também se reflete na remuneração que os bancos proporcionam a quem tem depósitos bancários (como contas a prazo) ou outros produtos financeiros.

Dito de outra forma, os juros que o dinheiro rende também começam a descer. Não nos podemos esquecer que a taxa de remuneração dos depósitos a prazo, por exemplo, já chegou a estar em valores negativos, transformando este tipo de poupança num mau negócio.

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