Assunção Duarte
Assunção Duarte
20 Abr, 2023 - 11:12

TikTok banido em vários países: há razões para se preocupar?

Assunção Duarte

Por que está o TikTok banido em muitos países? É que há quem considere esta rede social como um instrumento de espionagem.

TikTok banido

TikTok banido em vários países ou com uso limitado noutros, faz parte da chamada guerra tecnológica que se está a desenrolar entre duas das maiores potências económicas e militares da atualidade, os Estados Unidos da América e a República Popular da China.

Esta guerra teve uma origem bem visível durante a administração de Trump a quando das primeiras limitação impostas à venda de chips e outras tecnologias americanas à famosa marca chinesa Huawei. 

A administração Biden não mudou o tom desta animosidade e manteve as limitações impostas à colaboração entre cidadãos norte americanos e empresas de tecnologia chinesa e avançou mesmo com uma proibição alargada da exportação de microchips de fabrico americano para o mercado chinês.

O TikTok tornou-se agora a mais recente estrela deste conflito que já alastrou geograficamente uma vez que já vários países se juntaram aos EUA para criar limitações e proibições crescentes ao uso desta rede social que tem mais de mil milhões de utilizadores em todo o mundo. 

TikTok banido: há mesmo razões para isso?

Considerada a sétima aplicação mais popular em todo o mundo, o TikTok teve um crescimento vertiginoso nos últimos anos. Tendo começado inicialmente junto do público mais jovem, hoje já possui utilizadores de todas as idades.

E é esta enorme penetração no mercado das redes sociais que levou diversos países a juntarem-se aos EUA nas suas preocupações sobre o TikTok poder ser uma ameaça à privacidade e segurança dos seus próprios países.

Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Reino Unido, Bélgica, Dinamarca, Países Baixos e Índia, fazem parte das nações que começaram a limitar o uso do TikTok no seu espaço geográfico.

Enquanto que na Índia a proibição foi total, nos outros países a principal medida foi a de proibir a utilização desta rede nos dispositivos profissionais dos funcionários públicos.

A justificação apresentada é sempre a necessidade de proteger a cibersegurança, quer de dados pessoais quer da segurança nacional.

Isto porque que, para estes países, a ameaça é bem real enquanto a empresa chinesa ByteDance for detentora maioritária da rede TikTok. A venda das ações que detém desta plataforma é mesmo uma das exigências dos EUA para voltar a permitir o uso do TikTok nos telemóveis oficiais do governo.

As estreitas relações entre esta gigante tecnológica com o governo chinês, fazem temer que a rede social possa ser utilizada como ferramenta de espionagem ao serviço de Pequim.

Nada que seja muito difícil de imaginar, já que as empresas tecnológicas chinesas são legalmente obrigadas a entregar dados ao partido de Xi Jinping em nome da “segurança nacional”.

Outra situação que contribui para esta desconfiança, e que levou o TikTok a ser banido, é o facto do governo chinês não permitir a presença de aplicações não chinesas no seu território a não ser que tenham uma “versão doméstica”.

Uma situação que corrobora a teoria americana de que o governo chinês vê o acesso à informação destas redes de comunicação como ferramenta de valor estratégico e de influência política.

Instituições governamentais

Pondo em prática o velho ditado de que “o seguro morreu de velho”, muitos órgãos governamentais internacionais, nomeada a  Comissão Europeia e a NATO, também já proibiram que os seus trabalhadores utilizem o TikTok nos dispositivos oficiais, seguindo o exemplo dos governos federais americanos.

Desta forma pretende-se evitar que a rede social possa cooperar com os serviços inteligentes chineses divulgando informações importantes sobre estas organizações.

Quanto a Portugal, o nosso país faz parte dos estado membros da União Europeia que se encontram divididos sobre que posição tomar.

Aliado histórico da China por causa das nossas relações comerciais com investidores chineses, muito potenciadas pelas relações históricas com Macau, não será de esperar uma posição bilateral nacional que não seja orientada por Bruxelas como posicionamento oficial recomendado aos estados da UE.

Para já o governo português apenas aconselha as precauções habituais na utilização desta rede e que se prendem com o uso das boas práticas oficiais a aplicar a todas as aplicações deste género.

O objectivo é que os cidadãos salvaguardem os seus dados privados e pessoais o mais possível quando são utilizadores deste tipo de redes sociais. 

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