Catarina Milheiro
Catarina Milheiro
18 Set, 2023 - 11:43

Tumores na cabeça e pescoço: sinais de alerta e fatores de risco

Catarina Milheiro

O tratamento dos tumores na cabeça e pescoço malignos depende muito do diagnóstico precoce. Conheça os sintomas e sinais de alerta.

Saber fazer o autorrastreio (palpação) de tumores na cabeça e pescoço pode garantir a sua deteção em tempo útil. Por isso mesmo, e porque no que diz respeito à nossa saúde não nos devemos desleixar, não deixe para amanhã o que pode fazer já hoje.

Sabia que o cancro de cabeça e pescoço é o 7.º cancro mais frequente? É extremamente importante estarmos atentos ao nosso corpo e às alterações que se vão dando nele, sem esquecermos estas duas zonas.

Caracteriza-se por atingir zonas do corpo que estão responsáveis por funções essenciais no nosso dia-a-dia como engolir, respirar e falar.

No entanto, muitas vezes por não sabermos ou porque não damos especial atenção à nossa saúde, deixamos passar pequenos problemas que podem resultar em problemas maiores e graves. Saiba tudo sobre o assunto e proteja-se!

O que são os tumores na cabeça e pescoço?

Provavelmente já ouviu falar em tumores na cabeça e pescoço – ou nos media, ou na internet ou até em conversa com os colegas ou o médico. A verdade é que apesar de nem sempre os tumores serem malignos, a verdade é que é necessário estarmos atentos para que se identifiquem atempadamente.

O cancro de cabeça e pescoço é um termo utilizado pelos médicos para agrupar um conjunto de outros cancros que estão presentes na zona da cabeça e do pescoço. Falamos, portanto, de:

  • Cancro da cavidade oral;
  • Cancro da hipofaringe;
  • Cancro da laringe;
  • Cancro da orofaringe;
  • Metástases cervicais de primário oculto;
  • Cancro nasofaringe;
  • Cancro das glândulas salivares;
  • Cancro da pele da face, pescoço e couro cabeludo;
  • Cancro das fossas nasais e seios perinasais.

Embora mais de 90% destes tumores ocorrerem em pessoas acima dos 40 anos, a sua incidência está a aumentar na população mais jovem e infelizmente, muitos são diagnosticados tarde – o que acaba por comprometer bastante o seu prognóstico.

Assim, é crucial que se faça um diagnóstico precoce, quer através do autorrastreio, quer realizando visitas periódicas ao médico otorrinolaringologista – cujo papel no diagnóstico destes tumores numa fase inicial é fundamental.

Para além disto, estas visitas ao médico permitem ainda que se identifiquem atempadamente também as lesões pré-malignas com o objetivo de fazer um tratamento eficaz.

Os principais sintomas e sinais de alerta

Tal como qualquer outro problema de saúde, também os tumores na cabeça e no pescoço nos dão alguns sintomas e sinais para os quais devemos estar alerta.

No entanto, é importante referir que ter um ou mais destes sintomas não significa que tenha cancro na cabeça e pescoço. O objetivo é estarmos atentos e visitarmos o médico com frequência quando os sintomas se intensificam ou na suspeita de algo.

Assim, podemos distinguir os seguintes sintomas e sinais:

  • Alterações da voz – rouquidão;
  • Tumefação (caroço no pescoço);
  • Aparecimento de sangue na boca ou até na saliva;
  • Dificuldade ou dor persistente ao engolir;
  • Alterações na pele da face ou do pescoço;
  • Dor num dos ouvidos persistente, sem que exista doença no local;
  • Feridas na boca que não cicatrizem;
  • Aparecimento de manchas brancas ou vermelhas que persistam;
  • Ferida maxilar ou tumefação que cause desconforto da prótese dentária;
  • Hemorragias nasais e frequentes;
  • Infeção crónica dos seios perinasais que não responde ao antibiótico;
  • Dores de cabeça persistentes;
  • Paralisia de músculos da face;
  • Aumento do volume das glândulas salivares.

Atenção aos 7 fatores de risco

No nosso país, são diagnosticados por ano cerca de 2 mil novos casos de tumores da cavidade oral, da faringe e da laringe. Sendo estes os cancros da cabeça e pescoço mais frequentes, são também os que causam anualmente, mais de 800 mortes em Portugal.

Para que consigamos estar devidamente informados, é necessário sabermos quais são os fatores de risco para os podermos evitar.

1.

Álcool

Todas as pessoas que bebem de forma excessiva bebidas alcoólicas têm uma probabilidade maior de vir a desenvolver um tumor da cavidade oral ou da faringe. Além disto, saiba que o risco aumenta ainda mais se estas para além de ingerirem bebidas alcoólicas, também fumarem.

2.

Tabaco

O tabaco é um dos fatores de risco mais comuns nas mais diversas doenças. Neste caso, um fumador tem maiores probabilidades de desenvolver um tumor na cabeça e pescoço.

Isto acontece porque o tabaco está diretamente associado ao aparecimento de tumores na faringe, cavidade oral, nariz, laringe e seios perinasais.

3.

Má higiene oral

Uma má higiene oral também está associada ao aparecimento deste tipo de tumores. Por isso o ideal é consultar regularmente o seu dentista, especialmente se for fumador ou beber álcool em excesso.

Relembramos que um fumador já tem, por norma, a cavidade oral um pouco inflamada devido ao tabaco em si. Assim, é necessário ter um cuidado especial com a higiene oral e se possível, deixar mesmo de fumar.

4.

Infeção pelo papiloma vírus (HPV)

Isto não acontece com todas as estirpes do HPV. Contudo, algumas delas podem mesmo infetar a boca e a garganta fazendo com que a sua presença possa estar associada ao surgimento de tumores nestas zonas.

5.

Alimentação desequilibrada

Uma dieta que seja pobre em frutas e vegetais está frequentemente associada a um aumento do risco de desenvolver tumores na faringe e na cavidade oral. Por isso o ideal é mesmo optar por fazer uma alimentação saudável e equilibrada, mantendo a presença dos vegetais e das frutas diariamente.

6.

Constante exposição a produtos industriais

Se trabalha com madeiras, níquel ou outro tipo de materiais pesados diariamente, saiba que estes também estão associados a uma maior incidência de tumores na cabeça e pescoço.

Além disto, qualquer tipo de radiações pode também contribuir para o aparecimento de tumores ao longo dos anos.

7.

Exposição solar em demasia

Como sabemos, há determinados cuidados que devemos ter com a exposição solar. Desde a utilização de protetor solar, guarda-sol, chapéu ou até com horas em que apanhamos sol direto – as preocupações são várias.

A verdade é que a exposição solar em excesso pode originar tumores normalmente na pele e nos lábios (as zonas mais expostas).

Como podemos prevenir?

A prevenção começa, por exemplo, em deixar de fumar (no caso de ser fumador), diminuir o consumo de álcool e claro, evitar ser afetado pelo Papiloma vírus Humano (HPV).

Apesar disto, a verdade é que nem todas as pessoas diagnosticadas com tumores na cabeça e pescoço têm uma causa associada ou um fator de risco. Há casos em que a razão do aparecimento é ainda desconhecida.

O ideal é manter uma vida desacelerada, prezar o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, fazer uma alimentação saudável, praticar uma atividade física e diminuir todos os fatores de risco possíveis.

Em caso de dúvida, o melhor a fazer é contactar sempre o seu médico e fazer check-ups quer no otorrino como no dentista – não se esqueça que a higiene oral é de extrema importância.

Veja também