Falar em sobredotação e na educação do aluno sobredotado é mais fácil hoje do que há algumas décadas. A sociedade está cada vez mais atenta às capacidades superiores destas crianças, melhor preparada para as reconhecer e conviver com elas.
Sobredotação: o que é?
Definir sobredotação é uma tarefa difícil porque este conceito está em constate evolução. Inicialmente, acreditava-se que o aluno sobredotado era aquele que apresentava altas capacidades cognitivas.
Estudos mais recentes mostram a importância de ter também em conta as elevadas capacidades em muitas outras aptidões. A inteligência não é o único critério de sobredotação, pois não permite identificar crianças talentosas noutras áreas, como a música, a pintura ou o desporto.
O aluno sobredotado pode apresentar altas habilidades em diferentes e variados domínios:
Intelectual: perceção; memória; organização; análise; síntese; raciocínio; resolução de problemas;
Académico: nível elevado de conhecimentos; facilidade de aprendizagem das matérias escolares num ou mais domínios curriculares;
Artístico: pintura, música, teatro, literatura; escultura;
Social: habilidades de comunicação; relacionamento interpessoal; compreensão dos sentimentos dos outros; liderança;
Motor: expressão e coordenação motora; atividades físicas e desportivas em geral;
Mecânico: capacidade de compreensão e resolução de problemas técnico-práticos; manuseamento de esquemas e equipamentos mecânicos, eletrónicos ou computacionais;
Acredita-se que a sobredotação resulta da interação de três fatores importantes: habilidade acima da média, criatividade (capacidade para pensar e resolver problemas de forma original) e grande envolvimento nas tarefas (altos níveis de interesse).
4 mitos acerca da sobredotação
Surgem, muitas vezes, ideias erradas acerca da sobredotação. Vamos esclarecer alguns dos principais mitos:
Mito 1: o aluno sobredotado possui um potencial intelectual global: são raras as crianças que possuem esta característica; os sobredotados são-no, geralmente, apenas numa área específica e não em várias;
Mito 2: o aluno sobredotado é detentor de um Q.I. (quociente de inteligência) bastante elevado: nem sempre é assim, pois os testes de inteligência não estão vocacionados para testar áreas criativas, como a música; se uma criança for excecional na área da música o seu teste de Q.I. não o irá considerar sobredotado;
Mito 3: crianças sobredotadas são sempre boas alunas: nem todas; muitas vezes, sentem-se desmotivadas e consideram a escola aborrecida; os alunos com alta capacidade precisam, frequentemente, de apoio pedagógico diferenciado para atingir todo o seu potencial;
Mito 4: as crianças sobredotadas tornam-se sempre adultos de sucesso: a sobredotação é uma potencialidade mas precisa ser desenvolvida e trabalhada ao longo da vida; por si só não determina um futuro de sucesso.
18 sinais de que o seu filho pode ser sobredotado
Nem todos os sobredotados possuem as mesmas características e as mesmas habilidades. Contudo, importa conhecer algumas das principais características das crianças sobredotadas:
1. Capacidade intelectual superior à média, com aptidões e interesses específicos;
2. Conhecimentos profundos em diversas áreas;
3. Curiosidade elevada: sede de conhecimento;
4. Grande capacidade de concentração, alheando-se dos outros quando está ocupado nas suas tarefas;
5. Talento incomum para expressão em artes, como música, dança, teatro, desenho;
6. Hábitos de leitura por iniciativa própria;
7. Vocabulário avançado para a idade e nível escolar;
8. Facilidade em reter informação;
9. Persistência na realização e finalização das tarefas;
10. Autoiniciativa e tendência a começar as atividades de forma autónoma;
11. Resolve os seus próprios problemas e tem uma forma de pensar muito independente;
12. Elevada capacidade de trabalho e resolução de problemas;
13. Altos níveis de criatividade;
14. Preocupação com questões morais ainda em idade precoce;
15. Habilidades de liderança, responsabilidade e capacidade de persuasão;
16. Alta produtividade e rapidez;
17. Aborrecimento fácil com a rotina;
18. Interesse no convívio com pessoas de nível intelectual similar.