Marta Maia
Marta Maia
13 Mar, 2024 - 09:40

5 passos para pagar o cartão de crédito mais rápido

Marta Maia

Saiba como pagar o cartão de crédito e eliminar de vez uma dívida que não pára de crescer.

Pagar cartão de crédito

Pagar o cartão de crédito parece sempre muito mais difícil do que usá-lo. Porquê?

Criados para responder a situações excecionais, os cartões de crédito são uma espécie de rede de segurança financeira que nos antecipa um rendimento extra sem perguntas nem burocracia.

No entanto, se forem usados de forma errada, rapidamente a rede de segurança se transforma numa armadilha da qual é difícil sair.

Perceba porque é tão difícil pagar e o que fazer para pagar mais depressa.

Porque é tão difícil pagar despesas do cartão de crédito?

Existem duas modalidades de pagamento do cartão de crédito: o pagamento integral e o pagamento parcial.

No pagamento integral, o valor que gasta é-lhe cobrado dentro de 20 a 50 dias, sem juros. No pagamento parcial, o banco permite-lhe pagar apenas uma parte do que gastou e deixar o resto para ir pagando depois (com juros). Ora, é precisamente no pagamento parcial que mora o risco: quanto mais demorar a pagar a totalidade da dívida, mais juros acumula.

Vejamos um exemplo

Uma pessoa, que tenha contratado um cartão de crédito com taxa de juro de 20% e um pagamento parcial de 25%, usa-o para uma compra de 100 euros. 20 dias depois da compra, o banco debita-lhe 25€ (25% do total da despesa) e deixa os restantes 75€ para o mês seguinte.

No mês seguinte, a estes 75€ acrescem 15€ de juros (20% de 75€): a dívida total é agora de 90€, dos quais o utilizador pagará 22,50€ (25% de 90€). Ficam 67,50€ para o mês seguinte.

Vamos a contas: repare que, no espaço de dois meses, uma compra de 100€ já lhe custou 47,50€ e ainda tem uma dívida ao banco de 67,50€, sobre os quais ainda há de pagar mais juros por cada mês que passe.

Como pagar o cartão de crédito de vez: 5 recomendações

Mulher com vários cartões de crédito na mão

Quando se vê submerso numa dívida recorrente do cartão de crédito, precisa de algum esforço para resolver o problema. Ainda assim, é possível voltar ao ponto de partida:

1

Reduza o número de cartões

Se possui mais do que um cartão de crédito, concentre-se numa dívida de cada vez. Analise qual dos cartões possui taxas de juro mais elevadas e menor valor em dívida e pague esse valor. Em seguida, utilize o valor que pagava mensalmente nesse cartão para amortizar a dívida de outro.

2

Poupe tudo o que puder

Será outro esforço, mas é necessário para pagar o cartão de crédito: todos os cêntimos contam para acabar com a dívida. Reserve os próximos meses para comprar apenas e só o que for necessário à sua sobrevivência. Podendo, aproveite até os rendimentos extra, como subsídios de férias e de Natal ou lucros da venda de coisas que já não usa. Ponha o dinheiro todo de parte, porque vai precisar de o contar mais tarde.

3

Comece a fazer amortizações

Procure no seu contrato como fazer pagamentos antecipados (geralmente os bancos incluem essa informação no extrato da conta de crédito).

Use o dinheiro que poupou ao longo do mês e acrescente-o ao pagamento parcial habitual. Vai notar logo que a dívida encolhe, não só porque amortizou parte do valor final, mas também porque os juros acumulam mais devagar (são calculados em proporção do total em dívida, que fica mais baixa).

4

Repense a utilização que faz do cartão de crédito

Pagar o cartão de crédito não será tão difícil se a utilização que fizer dele for responsável. Use-o apenas para despesas inadiáveis e urgentes, e, uma vez usado, faça todos os possíveis para pagar a dívida o mais rápido possível. Não se esqueça de que, neste caso, tempo é mesmo dinheiro: por cada mês que passa, os juros acumulam-se.

5

Analise a viabilidade de consolidação de créditos

Se possui vários créditos (cartões de créditos, créditos pessoais, automóvel, habitação, entre outros) avalie a possibilidade de juntar todos os créditos num só contrato, ficando a pagar apenas uma única mensalidade.

Desta forma, poderá ter várias vantagens, entre as quais a redução da taxa de juro.

De agora em diante

Agora que conseguiu pagar o cartão de crédito, é hora de estar atento e aprender algumas lições. Não precisa de abandonar todos os cartões e cancelar todos os contratos, mas vale a pena tomar nota dos detalhes a que deve estar atento:

A TAEG

A TAEG (Taxa Anual de Encargos Efetiva Global) reflete o custo total de utilização do cartão de crédito (taxa de juro, comissões e outros custos). Por norma, é mais alta nos cartões de crédito do que noutros produtos financeiros, mas mesmo assim é possível encontrar ofertas diferentes no mercado. Invista tempo na procura de um cartão com a TAEG mais baixa.

O pagamento parcial

Se não lhe for possível evitar o pagamento parcial que, como vimos, pode ser uma armadilha para as suas finanças pessoais, considere fazer pagamentos pontuais de valor superior à percentagem estabelecida.

Trata-se de uma estratégia simples para evitar o pagamento de juros desnecessários e mais rapidamente colocar o valor em dívida a zeros.

A taxa de juro

A taxa de juro cobrada nos cartões de crédito segue a recomendação do Banco de Portugal que, a cada trimestre, aponta uma taxa de referência.

Note, no entanto, que a taxa contratada no seu cartão é fixa: ela mantém-se sempre igual mesmo que o Banco de Portugal aponte referências mais baixas. Assim, se vir que a referência está em queda e chega a ser muito inferior à do seu cartão, pode compensar anular o cartão atual e contratar outro na mesma ou noutra instituição.

O plafond

Quando contrata um cartão de crédito, o banco estipula um plafond: um valor que lhe permite gastar, sem perguntas, e pagar mais tarde. Este plafond é calculado com base nos seus rendimentos e, por isso, tende a representar a sua taxa de esforço máxima.

O problema é que o banco lhe abre margem na taxa de esforço máxima sem considerar outros encargos que tenha – que podem impedi-lo de pagar o cartão de crédito quando a hora chegar. Assim, o melhor que pode fazer é negociar com o banco um plafond mais baixo, eliminando algum risco à partida.

Artigo originalmente publicado em julho de 2019. Última atualização em março de 2024.

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