Os Passadiços do Cerro da Candosa percorrem um dos locais mais enigmáticos da freguesia de Vila Nova do Ceira, no concelho de Góis.
As fragas quartzíticas onde se ergue a Capela de Nossa Senhora da Candosa integram a crista que atravessa toda a região e se estende entre a Serra do Penedo, mais conhecida por Penedos de Góis, e a Serra do Bussaco.
O desfiladeiro rochoso, que, ao longo dos tempos, foi desgastado, lavado e talhado pelo Rio Ceira, culmina num canhão fluvial de rara beleza – o Cabril ou Portas do Ceira – local onde o rio aparenta ter furado transversalmente uma crista rochosa.
Portas do Ceira é um dos mais belos tesouros naturais da Região Centro e não pode ficar fora do roteiro do seu próximo passeio ou férias cá dentro.
Cerro da Candosa: 600 metros de emoções
Com uma espantosa paisagem até onde a vista alcança, um dos extremos do passadiço desce a encosta com vista para o vale onde, ao fundo, corre o rio junto a Vila Nova do Ceira.
Para admirar, respirar fundo ou tirar aquela foto, vai encontrar no meio da escarpa um miradouro de madeira.
Os Passadiços do Cerro da Candosa têm aproximadamente 600 metros. No outro extremo, a vista é mais espetacular, se bem que dada a vertigens. Estamos a falar de uma enorme falésia sobranceira ao rio Ceira.
Mas o declive é tal, que em alguns pontos apenas acreditamos que o rio está lá. Porque vê-lo, é quase impossível. Aliás, as paredes íngremes do desfiladeiro são utilizadas para a prática de muitos desportos radicais.
Mitos e lendas
O alto do cerro está desde tempos imemoriais ligado à história da Senhora da Candosa. Segundo a lenda, o estreito do Cabril separava dois reinos: o Mouro e o Cristão.
O mouro chamado Al-Kandar na margem esquerda do rio Ceira, ou seja Candosa, e o Cristão na margem direita. Pois bem, uma linda princesa moura apaixonou-se pelo filho do rei cristão, mas a rivalidade dos pais não permitia tal coisa.
Porém, às escondidas, numa gruta que ainda hoje existe, marcavam encontros à noite. O sinal seria uma lamparina acesa que era vista da outra margem pelo príncipe cristão, que por sua vez passava o rio para o outro lado ao encontro da sua amada.
Mas uma noite o rei mouro deu pela falta da filha e logo mandou os guardas com cavalos à procura da princesa. Ao ouvirem o trote dos cavalos os jovens enamorados tentaram fugir, mas na fuga precipitada, caíram ao rio.
Só no dia seguinte foram encontrados mortos e abraçados como a quererem dizer que queriam ficar juntos para sempre e que o seu amor seria mais forte que a rivalidade dos pais.
A partir desse dia, dizem que todas a noites de lua cheia, à meia-noite, se ouvem vozes e murmúrios, no local da tragédia, e se vêm duas rosas a boiar nas águas do rio.
Baloiços em Góis
Se está por Góis para fazer os passadiços do Cerro da Candosa, não pode perder a oportunidade de visitar os baloiços panorâmicos que a autarquia montou, locais ideais para desfrutar da paisagem ou tirar aquela selfie.
Comece pelo Naturally Góis, localizado no Rabadão, em plena comunhão com a natureza. É o local ideal para admirar o pôr do sol.
O Baloiço dos Penedos está rodeado pelo imenso verde dos Penedos de Góis, que, escarpados, escondem um baloiço com o mesmo nome, entre os desníveis que apresenta e as impetuosas quedas de água e ribeiras circundantes.
Finalmente o Baloiço do Castelo, localizado em plena vila de Góis, no parque do castelo, apresenta uma vista magnífica sobre o Centro Histórico local.
Aldeias do Xisto
São alguns dos melhores exemplos da preservação do património, culturas e saberes em Portugal. Todo o projeto das Aldeias do Xisto deu vida nova a locais que se pensavam moribundos.
Góis também faz parte deste projeto, albergando no seu território quatro aldeias que integram esta rede: Aigra Nova, Aigra Velha, Comareira e Pena.
As Aldeias do Xisto de Góis estão situadas na Serra da Lousã, com uma localização privilegiada, dispondo de fáceis vias de acesso.
EN2 em Góis
Finalmente, para além do Cerro da Candosa, pode ainda admirar o percurso dentro de Góis da histórica Estrada Nacional 2. É que o ponto médio deste percurso, o marco 300, está no concelho, mais precisamente na freguesia de Alvares.
A EN2 atravessa Portugal de norte a sul e é considerada a estrada de maior extensão do país, com início em Chaves, no km 0, e término em Faro, no km 738,5 (originalmente, teria um total de 739,260 Km, terminando na baixa da cidade).
Passa por 11 distritos (Vila Real, Viseu, Coimbra, Leiria, Castelo Branco, Santarém, Portalegre, Évora, Setúbal, Beja e Faro); 7 províncias (Trás-os-Montes e Alto Douro, Beira Alta, Beira Litoral, Beira Baixa, Ribatejo, Alentejo e Algarve), 4 serras, 11 rios e 29 concelhos.