As taxas de juro Euribor já são talvez das taxas mais conhecidas do público e o mais provável é já ter ouvido falar neste assunto vezes sem conta. Estão presentes em vários momentos da nossa vida e condicionam muitas vezes o orçamento familiar.
Se tem um crédito habitação, é provável que siga com atenção as oscilações destas taxas, sobretudo quando começam a subir vezes sem conta.
Mas afinal em que consistem, como se calculam e de que forma se relacionam com os consumidores? Conheça um pouco melhor estas taxas e o impacto que podem ter nos seus empréstimos, bem como nas suas poupanças.
O que é a Euribor?
Euribor é a forma abreviada de Europe Interbank Offered Rate, isto é, é uma taxa usada entre os bancos da zona Euro e nasceu a 1 de janeiro de 1999, no mesmo dia em que nasceu o Euro.
As taxas Euribor baseiam-se na média dos juros cobrados pelos principais bancos europeus quando se financiam entre si. Nestes empréstimos incluem vários prazos que vão desde 1 semana até 12 meses.
Embora referida na maioria das vezes como se de apenas uma taxa se tratasse, a Euribor é na verdade um conjunto de taxas, cada uma delas para um prazo diferente. Pode ser a uma semana, um, três, seis ou doze meses, consoante o prazo do empréstimo. Além destas há ainda uma taxa overnight (duração de um dia), conhecida por taxa de juros Eonia.
Todos os dias úteis, às 11h00 (hora central europeia-CET e 10h00 em Lisboa), as taxas de juro Euribor são divulgadas e transmitidas a todas as partes participantes e imprensa.
Impacto no crédito: quanto vai pagar mais em fevereiro de 2023?
No despontar de 2023, quem tem crédito habitação vai sentir o impacto da Euribor. Recorde-se que as médias da Euribor em janeiro de 2023 eram de: 2,345% a três meses e de 2,858% a seis meses. Já a média da Euribor a 12 meses em dezembro foi de 3,337%.
Euribor a 3 meses
De acordo com uma simulação divulgada pela Deco/Dinheiro&Direitos,se tiver um crédito habitação de 150 mil euros a 30 anos, indexado à Euribor a três meses, e com um spread de 1%, passa a pagar a partir deste mês de fevereiro 660,66 euros, o que representa mais 73,58 euros do que em novembro (o último período de revisão).
Euribor a 6 meses
Um crédito nas mesmas condições, mas indexado à Euribor a seis meses, passa a pagar a partir deste mês de fevereiro, 703,90 euros, o que significa uma subida de quase 200 euros euros face à última revisão.
Euribor a 12 meses
Pelo mesmo crédito, mas indexado à Euribor a 12 meses, pagará 745,57 euros a partir de fevereiro, uma subida de 295,27 euros face ao que pagava em janeiro de 2022.
Recorde-se que estes valores foram calculados considerando as médias da Euribor em janeiro: de 2,858% a seis meses e de 2,345% a três meses.
A subida da Euribor não deve ficar por aqui, razão pela qual pedir um empréstimo pode ser mais difícil, sobretudo se a taxa de esforço for elevada.
Porque é que a Euribor é importante?
Como vimos, estas taxas têm um impacto determinante na sua vida, pelo que é importante conhecê-las ao máximo e acompanhar a sua evolução.
Por um lado, as taxas de juro Euribor, nos seus vários prazos, utilizam-se como indexantes para os créditos bancários, desde o crédito automóvel ao crédito habitação bem como outros instrumentos financeiros como obrigações e derivados. Por outro lado, são também uma referência para muitos outros produtos de poupança, como é o caso, por exemplo, dos depósitos a prazo e contas poupança.
Fator determinante nos empréstimos
Nos empréstimos à habitação com taxa variável (a grande maioria em Portugal), a taxa de juro inclui duas componentes somadas entre si: Euribor e spread fixo, este que corresponde à margem de lucro do banco.
Sendo um indexante, a Euribor reflete-se no valor da prestação mensal a pagar ao banco. Se a taxa aumentar, os juros sobem, agravando assim a mensalidade do empréstimo. Se a taxa descer, os juros diminuem e a prestação é mais suave.
Ao longo do contrato, o valor do indexante é revisto a cada 3, 6 ou 12 meses, dependendo do prazo da Euribor escolhida. Por exemplo, se a taxa de juro de referência for a Euribor a seis meses, os juros são recalculados de meio em meio ano. A Euribor a vigorar no período seguinte calcula-se com base na média aritmética simples das taxas que vigoraram no mês anterior. E é obrigatoriamente arredondada à milésima.
Impacto no juro das poupanças
As taxas Euribor são também um bom indicador da tendência para os juros dos depósitos a prazo e para os Certificados de Aforro, já que reagem à Euribor a 3 meses.
Os juros da maioria destes depósitos acompanha a evolução da Euribor para definir a remuneração paga aos depositantes. O que significa que quanto mais elevadas as taxas, maior a retribuição da poupança.
O fim da Euribor negativa
Assim, tanto os créditos como as poupanças parecem “andar à boleia” da Euribor. Desde 2015 que se verifica uma tendência para estas taxas serem negativas, com reflexos muito positivos na prestação do crédito à habitação (mas menos interessantes se estivermos a falar de depósitos).
Desde 2018 que, por imposição legal do Banco de Portugal, os bancos são obrigados a refletir, na totalidade, as médias negativas da Euribor nos empréstimos concedidos aos clientes que se encontrem indexados à Euribor.
Se tem um empréstimo com taxa variável e se a soma da média da Euribor e spread der um resultado negativo, deverá ter direito ao crédito de juros. No entanto, a opção mais utilizada pelos bancos nestes casos é abater mensalmente esse montante ao capital em dívida.
A tendência de subida
Essa tendência, porém, parece estar a inverter-se. A subida da Euribor já se adivinhava em meados de 2022, refletindo assim a subida de juros anunciada pelos bancos centrais, como o Banco Central Europeu (BCE).
Se, até 2021, o BCE mantinha os juros baixos como forma de dinamizar a economia (uma tendência que acabou por se prolongar devido aos efeitos da pandemia), a inflação veio complicar o cenário. E 2022 trouxe a guerra na Ucrânia, que fez subir ainda mais os preços.
A subida da Euribor começou em abril de 2022 para todos os prazos. O que significa que a prestação do crédito habitação também aumentou. E as subidas não devem ficar por aqui, razão pela qual pedir um empréstimo pode ser mais difícil, sobretudo se a taxa de esforço for elevada.